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15 Jun 2012

Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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O presente estudo pretende analisar a instrução do treinador no episódio de apresentação das tarefas, em sessões de treino de Voleibol.

Autor(es): Felismina Pereira; Diogo Carneiro, & Isabel Mesquita
Entidades(es): Universidade do Porto
Congreso: II Congreso Internacional de Ciencias del Deporte
Pontevedra 2008
ISBN:9788461235186
Palabras claves:Voleibol; treino; instrução; apresentação das tarefas; accountability

RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER

O presente estudo pretende analisar a instrução do treinador no episódio de apresentação das tarefas, em sessões de treino de Voleibol. A amostra inclui um total de 12 treinadores tendo sido observado um treino por treinador. Foram consideradas as seguintes variáveis: tipologia de tarefas do ponto de vista instrucional (Rink, 1993) e do ponto de vista do conteúdo (Mesquita, 2006), acções de Voleibol (Moreno, 2001), tipo de accountability (Hastie e Vlaisavlejevic, 1999), qualidade da informação (Hastie e Sounders, 1992) e explicitação na apresentação da tarefa (Silverman et al., 1995). Recorreuse à estatística descritiva para obter frequências e percentagens de ocorrência e para obter a associação linear entre variáveis recorremos ao coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados mostram que a informação dos treinadores no momento da apresentação das tarefas, apresentou-se como demasiado superficial e simples, suportada pela prevalência das tarefas de informação, do ponto de vista didáctico e das tarefas de aquisição, do ponto de vista do conteúdo; o comprometimento dos praticantes com as tarefas baseou-se, quase exclusivamente, na participação/esforço, em detrimento da qualidade, sendo a informação maioritariamente ambígua. O nível de explicitação da tarefa é parco, porquanto impera a referência quase exclusivamente à situação.

Introdução

A investigação efectuada sobre o comportamento dos treinadores tem contribuído para a evolução do processo de treino e, simultaneamente, tem fornecido um quadro global de referência sobre a forma como os treinadores intervêm (Lacy & Goldston, 1990; Lacy & Martin, 1994; Cushion & Jones, 2001; Potrac, Jones & Armour, 2002). A apresentação das tarefas, entendida como a informação transmitida pelo professor aos alunos acerca do que fazer e como fazer durante a prática motora (Rink, 1994), surge entre os episódios instrucionais, como um dos que possui maior importância. Entre os factores concorrentes de eficácia destacam-se a clareza da comunicação, a qualidade e a dosagem estruturada do volume informativo, o grau de explicitação e concretização dos requisitos da tarefa, como têm vindo a ser provados em diferentes estudos (Hastie & Saunders, 1992; Lund, 1992; Jones, 1992; Silverman, Kullina & Crull, 1995; Hastie, 1995). A explicitação por parte do treinador, nomeadamente acerca da descrição da tarefa, do que pretende que seja adquirido e dos processos que os atletas podem utilizar para alcançar o pretendido, cria condições favoráveis para incrementar a aprendizagem. A partir do momento em que a informação é mais precisa, mais clara e menos ambígua, o processo de instrução será facilitado, criando-se condições para o nível de envolvimento dos atletas com as tarefas aumentar. Este processo, denominado por accountability, não é mais do que o sistema de exigências e responsabilidades usados pelos professores, que permite assegurar o cumprimento da tarefa por parte dos alunos (Lund, 1992). Hastie e Vlaisavljevic (1999) distinguem mesmo a tarefa prescrita pelo professor/treinador e a tarefa verdadeiramente praticada pelo aluno/atleta, sendo que desta está dependente do nível de responsabilização (accountability) aplicado na apresentação das tarefas instrucionais.

Na apresentação das tarefas, para além do nível de explicitação dos conteúdos de treino, é determinante a intencionalidade didáctica que é conferida às mesmas, na medida em que é a partir dela que se estabelecem os objectivos das tarefas. A este respeito, Rink (1993) propôs uma tipologia de tarefas instrucionais, em referência aos jogos desportivos, que contempla 4 tipos: Tarefas de informação (proporcionam informação ao praticante acerca dos objectivos gerais da tarefa); tarefas de refinamento (referenciam aspectos relacionados com a qualidade de execução técnica ou de desempenho táctico, mantendo-se a complexidade da tarefa); tarefas de aplicação (indicam informação sobre o modo de aplicação das conteúdos em situações de jogo ou formas aproximadas de jogo); tarefas de extensão (consubstanciam informação sobre progressões a serem implementadas nas tarefas anteriores, no sentido de aumentar o nível de dificuldade de realização). O objectivo central deste estudo é descrever a intervenção pedagógica do treinador durante a apresentação das tarefas, em sessões de treino de Voleibol, no que se refere à natureza das tarefas instrucionais; à intervenção verbal ao nível das acções de jogo, às estratégias de accountability, à qualidade da informação e à explicitação das tarefas de treino.

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Material e métodos

Amostra

Fizeram parte do presente estudo doze (n=12) treinadores de equipas de Voleibol inscritas na Associação de Voleibol do Porto, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, na data da recolha dos dados. Procedimentos de recolha de dados e observação Os treinos observados foram estrategicamente seleccionados para serem parte central do microciclo, ou seja, excluímos o treino imediatamente após a competição do fim-de-semana e o treino que precedia a mesma. Todas as equipas se encontravam a disputar o campeonato nacional de Voleibol. A informação foi recolhida através de registos audiovisual, conseguidos através duma câmara de filmar Samsung digtal-cam VP-D903iPAL e um microfone sem fios de longo alcance, colocado na lapela do treinador, para registo das instruções efectuadas pelos treinadores. A câmara de filmar estava colocada, estrategicamente, no pavilhão, sobre um tripé e filmava o treino ininterruptamente. Variáveis e instrumento de observação No quadro 1 são apresentadas e descritas as variáveis em estudo.

Quadro 1 – Quadro síntese das variáveis em estudo

Quadro 1. Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos Para a análise do conteúdo dos episódios de apresentação das tarefas por parte dos treinadores, recorremos à estatística descritiva, destacando as medidas de tendência central e de dispersão, a média e o desvio-padrão. Para avaliar a associação linear entre as variáveis recorremos ao coeficiente de correlação de Pearson (r) e as correlações foram testadas para níveis de significância de 5%. Fiabilidade da observação Efectuámos a análise inter-observador e intra-observador para as variáveis consideradas, com base no cálculo de percentagens de acordos e desacordos registados, segundo a fórmula de Bellack (Van der Mars, 1989), com um intervalo de 20 dias. Foram observadas 36 episódios instrucionais de 6 treinos distintos. O valor mínimo de fiabilidade foi garantido, visto que se ultrapassou os 85% em ambas as fiabilidades testadas (intra-observador e inter-observador).

Resultados e Discussão

Análise descritiva

Natureza das tarefas instrucionais Verificamos que foram as tarefas de informação que estiveram mais presentes, perfazendo, aproximadamente 39% das tarefas totais do treino seguidas das tarefas de refinamento com 27%. As tarefas de aplicação e as de extensão foram as menos presentes com 18% e 16%, respectivamente (Quadro 2).

Quadro 2 – Frequência relativa da natureza das tarefas instrucionais

Quadro 2. Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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Resultados idênticos foram encontrados por Mesquita et al. (in press) num estudo onde pretenderam analisar a natureza das tarefas instrucionais no treino de futebol, e onde as tarefas de informação também foram as mais utilizadas, seguidas das tarefas de refinamento. Entre as possíveis razões apontadas para os resultados obtidos, os autores destacam as idades relativamente baixas dos praticantes envolvidos no estudo (6-10 anos); contudo o presente estudo, foi realizado com praticantes com idades mais avançadas (14-18 anos), o que reforça a predominância de informação genérica. A pouca relevância conferida às tarefas de aplicação leva a crer que a tranferibilidade das habilidades para situações de prática próximas do jogo não é prioritária para os treinadores da amostra.

De facto, apesar da maioria dos treinadores advogar que as tarefas baseadas no jogo são formas positivas de viabilizar a aprendizagem da táctica e da técnica, os treinadores dão prioridade ao ensino e treino das habilidades técnicas na fase da formação (Afonso et al., 2003). Os valores substancialmente baixos das tarefas de extensão sugerem que os treinadores estabelecem poucas progressões nos conteúdos que ensinam, o que poderá significar um conhecimento precário sobre o conhecimento pedagógico dos conteúdos. Hastie e Vlaisavljevic (1999) verificaram que os professores realizaram mais tarefas de extensão nas matérias de ensino que possuíam mais conhecimento. Natureza das tarefas ao nível do conteúdo Da análise das tarefas do ponto de vista do conteúdo, facilmente percebemos que foram as tarefas de aquisição que se destacaram com um total de 38%, seguidas das tarefas de encadeamento de acção com 25%. O jogo de cooperação e o jogo de oposição temático ocupam uma posição diametralmente oposta, com valores que perfazem 1% e 4% das tarefas do treino, respectivamente. Numa posição intermédia surgem as tarefas de manipulação de bola e os jogos de oposição não sujeitos a tema com 17% e 14%, respectivamente (Quadro 3).

Quadro 3 – Frequências relativas da natureza das tarefas ao nível do conteúdo

Quadro 3. Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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As tarefas de aquisição possibilitam a aprendizagem das habilidades técnicas e respectivas variantes, visando portanto, prioritariamente, a eficiência (qualidade de realização da habilidade de acordo com os padrões mecânicos preestabelecidos (Rink, 1993), requisito para um domínio sólido da técnica. Todavia, apesar de estarem presentes na aprendizagem das habilidades técnicas, é desejável que a sua utilização seja o mais reduzida possível (Mesquita, 2006). O facto da maior parte das tarefas de treino serem de aquisição poderá ser explicado por um fraco desempenho técnico das equipas observadas. Contudo, uma vez que não foi realizada qualquer avaliação dos praticantes, apenas podemos constatar a existência de um perfil de intervenção prevalecente, sendo que ao nível das tarefas instrucionais predominam as de informação e do ponto de vista do conteúdo destacam-se as de aquisição. O facto do jogo de cooperação ocupar uma parte bastante reduzida das tarefas de treino surpreende, uma vez que, este tipo de jogo favorece a sustentação, acentuando a devolução em detrimento da pontuação, sendo crucial para a estruturação dos comportamentos táctico-técnicos em situação de jogo. Do mesmo modo, o jogo de oposição temático foi pouco utilizado, embora seja bastante rico, pois proporciona a apreciação e a compreensão dos problemas tácticos, exigindo a adaptação (uso oportuno e ajustado da habilidades técnica em situação de jogo (Rink, 1993) das habilidades técnicas às exigências impostas pelas restrições situacionais. Acções de Voleibol No quadro 4 apresentamos os dados descritivos da intervenção do treinador acerca das acções de Voleibol propostas.

Quadro 4 – Frequência relativa da intervenção verbal do treinador durante a apresentação das tarefas, ao nível das acções de Voleibol

Quadro 4. Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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As acções de voleibol propostas no treino estão todas distribuídas duma forma muito similar. De facto, apesar de não haver uma grande disparidade nos valores médios apresentados, podemos constatar que, a recepção foi de todas as acções de Voleibol a menos incidente (12%) e o ataque a mais incidente (19%). Pensamos que o ataque poderá surgir como a acção de jogo mais trabalhada por ser uma acção terminal, existindo uma certa tendência para reforçar este tipo de acção pela sua visibilidade no jogo. Esta justificação é corroborada por Lima et al. (2007) num estudo sobre a intervenção verbal do treinador de Voleibol no escalão de iniciados, onde a acção de ataque foi a que mereceu maior intervenção por parte do treinador. Curioso é o facto dos demais valores apresentam perfis muito semelhantes, entre 12% e 14%, pois parece indicar que ao longo das sessões de treino os treinadores trabalham um pouco de tudo.

Estratégias de accountability

No que concerne às estratégias de accountability utilizadas pelos treinadores, para comprometerem os seus atletas com as tarefas, o treinador baseia a sua instrução maioritariamente na participação/esforço, com 89%, em detrimento da qualidade da execução, com 11%, no sentido de comprometer os atletas com as tarefas. Assim, os treinadores incidem, numa informação mais orientada para a componente volitiva, descurando a informação mais específica, como forma de comprometimento dos atletas com as tarefas. Qualidade da informação A qualidade da informação, claramente relacionada com o sucesso na consecução das tarefas, mostra-nos que, nos 12 treinos observados, cerca de 67% da informação proferida na apresentação das tarefas foi considerada como sendo ambígua (informação transmitida pelo treinador era geral, não havendo uma clara definição dos critérios de êxito). Apenas 33% da informação transmitida pelos treinadores foi considerada como sendo não ambígua, ou seja, relacionada com a precisão da informação, para que o comportamento pretendido esteja objectivamente definido, com definição dos critérios de êxito da tarefa. Estes resultados vão contra os resultados obtidos no estudo de Hastie & Saunders (1992), relativamente à clareza da informação, em que o nível de ambiguidade foi baixo e foi definido, em todas as tarefas, um critério de execução perfeito para cada gesto. Já os nossos resultados parecem apontar para ausência de orientação objectiva para a tarefa; sendo a informação pouco específica, não estando orientada para a qualidade da sua consecução, os atletas poderão ter dificuldades em interpretar o que o treinador refere, e facilmente, poderão cair em equívocos, pela subjectividade da informação e pela sua ambiguidade, comprometendo, inevitavelmente, o processo de ensinoaprendizagem. Esta ideia é reforçada por Silverman et al. (1995), no seu estudo realizado no âmbito do Voleibol, onde os autores referem que quando a ambiguidade é reduzida o comprometimento dos alunos com a tarefa e a sua adesão aumentam, obtendo-se melhores resultados nas aprendizagens. Explicitação da tarefa

No quadro 5 são apresentados os dados descritivos relativos à explicitação na apresentação das tarefas.

Quadro 5 – Frequência relativa da explicitação na apresentação da tarefa

Quadro 5. Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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A apresentação da ST, em que o treinador apenas refere a situação em que o exercício irá decorrer, surge com maior incidência com um total de 37% do total da informação. A FC (tempo) e a Combinação das diferentes categorias foram as segundas e terceiras mais utilizadas, com 26% e 12% respectivamente. As situações que menos ocorreram na apresentação das tarefas foram OG e PC (repetições), ambas com 7%. Os nossos resultados não são de todo concordantes com os obtidos em outros estudos. Num estudo de Rosado et al. (in press), no treino da Ginástica acrobática com jovens praticantes, verificou-se que 58% da informação fornecida pelo treinador se referia ao OG, 30% à ST, 11% ao PC, negligenciando a informação acerca da FC. Também num estudo realizado por Mesquita et al. (in press) com o intuito de analisar a intervenção do treinador de futebol em função da formação académica, os autores verificaram que a predominância das intervenções aludem ao OG das tarefas, e ainda que os treinadores licenciados em Educação Física recorrem mais à FC e à PC, em relação aos treinadores não licenciados, que recorrem mais às categorias OG e S.

Curioso é o facto da categoria PC (tempo) ter sido mais utilizada do que a PC (repetições), já que nos remete para um problema que é a dificuldade da “mensuração” da questão temporal, no Voleibol. Ao tempo de prática deverá estar associado a qualidade de execução, pelo facto de no Voleibol só existir verdadeiramente tempo potencial de aprendizagem quando a bola é sustentada no espaço aéreo. A categoria FC, intimamente relacionada com a aprendizagem, porquanto é referido o critério para alcançar o objectivo e “como” os atletas poderão fazer para o alcançar, apenas é referenciado pelos treinadores em 9% das tarefas apresentadas. De uma forma geral, constata-se que os treinadores dão pouca incidência à informação centrada na FC e no PC, o que por certo, de deve ao facto das tarefas instrucionais serem predominantemente de informação, o que consequentemente, se reflecte na transmissão de informação generalista, centrada no objectivo geral e na situação de prática.

Correlações

Foram realizadas correlações de Pearson entre as acções de Voleibol e as seguintes variáveis: natureza das tarefas (do ponto de vista instrucional e do ponto de vista do conteúdo); tipo de accountability; qualidade da informação e explicitação na apresentação da tarefa. A matriz das correlações das variáveis encontra-se no quadro 6, onde foram supridos alguns dos valores das correlações entre as acções de Voleibol e as variáveis supramencionadas, uma vez que as correlações eram, não só fracas, mas também irrelevantes do ponto de vista estatístico (não significativo).

Quadro 6 – Correlações entre as acções de Voleibol e as variáveis: tipo de accountability e explicitação na apresentação da tarefa.

Quadro 6. Análise da instrução do treinador de voleibol na apresentação das tarefas instructional analyse of youth volleyball coach on task.

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É com o serviço que encontramos mais correlações, o que poderá ser explicado pelo facto de ser uma acção bastante abordada na medida em que é considerada a primeira arma de ataque. Esta acção conduz frequentemente ao êxito pessoal e da equipa, sobretudo em escalões de idades baixas, pelo facto de não ter interferência directa do adversário; e, pelas dificuldades da sua recepção resultantes de deficientes análises da trajectória da bola e de deslocamentos. No serviço, o treinador tem maior tendência a basear a participação/esforço como forma de consecução do mesmo (r=0,707; p.<0,05). Esta é, de todas as correlações, a mais forte (r=0,707). Por outro lado, o serviço correlaciona-se negativamente com a informação orientada para a qualidade da execução (r=-0,586; p.<0,05). Esta correlação vai de encontro ao padrão que foi identificado anteriormente, no que concerne à forma como os treinadores comprometem os atletas com as tarefas. Com as devidas reservas, pensamos que os treinadores se preocupam mais com o acto de colocar a bola “do outro lado da rede”, orientando a sua intervenção para os aspectos da eficácia e não tanto para a eficiência desta acção de jogo, desprezando a informação referente ao mesmo. As correlações positivas das combinações PC (tempo) + ST, PC (repetições) + ST e FC + OG deverão ser analisadas com algumas reservas, uma vez que são frutos de valores de ocorrência muito reduzidos. As tarefas de distribuição correlacionam-se negativamente com a categoria PC (repetições) na variável explicitação na apresentação da tarefa.

Estes resultados poderão ser explicados pelo facto de a acção de distribuição ter sido sempre trabalhada integrada com o trabalho de outras acções de jogo, pelo que quando o treinador refere a distribuição fá-lo de forma contextualizada com a tarefa proposta. Todavia, dada a sua importância no jogo e dificuldade de aprendizagem é crucial que o treinador explicite claramente o que deve ser realizado, bem como a sua forma de realizar. É no bloco que o treinador aposta numa informação mais qualitativa, quando chega o momento de apresentar determinada tarefa, porquanto existe uma correlação positiva (r=0,640; p.<0,05), que poderá justificar-se pelo facto do bloco ser uma habilidade particular nas exigências que coloca e no momento em que ocorre (como oposição directa ao ataque). Os fundamentos técnicos de base correlacionam-se positivamente com uma categoria na variável explicitação na apresentação da tarefa, o OG (r=0,596; p.<0,05). Este facto poderá ser explicado porque nestes momentos do treino, os treinadores apresentaram sempre muito pouca informação aos seus atletas, no sentido de realizarem as tarefas, possivelmente porque já existem rotinas no treino, e determinadas tarefas já estão implícitas. No entanto, se consultarmos os valores relativos à análise descritiva das acções de Voleibol (ver Quadro 4), facilmente percebemos que esta é a segunda acção de jogo mais presente, a seguir ao ataque.

Conclusões

O presente estudo realça como principais conclusões:

• Do ponto de vista didáctico, os treinadores apresentam, predominantemente, tarefas de informação;

• Do ponto de vista do conteúdo, as tarefas são, predominantemente, de aquisição;

• A qualidade da informação transmitida é maioritariamente ambígua;

• No sentido de comprometer os atletas com as tarefas, o treinador dá ênfase à participação/esforço, em detrimento da qualidade;

• No grau de explicitação da tarefa, os treinadores têm fundamentalmente em conta a situação de realização da tarefa;

• O serviço foi a acção de voleibol que mais se correlacionou com as variáveis instrucionais, apresentando-se a informação do treinador baseada essencialmente na participação/esforço;

• O bloco é a acção de Voleibol onde os treinadores mais enfatizam a qualidade de realização, como forma de comprometer os atletas com as tarefas;

• Os treinadores enfatizam o resultado quando abordam os fundamentos técnicos de base, relativamente ao grau de explicitação da tarefa, para a sua consecução;

• No serviço, o treinador prefere a referência à participação/esforço como forma de comprometimento dos atletas com esta acção de Voleibol;

• Os treinadores, para a consecução das tarefas de distribuição recorrem menos ao produto-critério (PC repetições).

Referencias

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