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15 May 2012

Treino periodizado das capacidades motoras nos jogos desportivos colectivos nas aulas de educação fisica

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Segundo Guila (2001), citado por Carvalho (1996), a força muscular é uma componente da aptidão física essencial para todo e qualquer movimento do ser humano, daí a necessidade do seu desenvolvimento. Tal facto ganha maior importância quando direccionado aos jovens em crescimento e maturação. Nestes, a força assume relevância não só como factor essencial de desenvolvimento motor, mas também como base duma aptidão física que lhes garanta os níveis de saúde e de bem-estar necessários à sua mais plena realização.

Autor(es): Ana Pereira
Entidades(es):Universidade de Tras-os-Montes e Alto Doutro (UTAD-CIDESD)

Congreso: IV Congreso Internacional de Ciencias del Deporte y la Educación Física. (VIII Seminario Nacional de Nutrición, Medicina y Rendimiento Deportivo)
Pontevedra, España, 10-12 Mayo 2012
ISBN: 978-84-939424-2-7
Palabras Clave: : Educação Fisica, Treino, Capacidades Motoras, Periodização

Treino periodizado das capacidades motoras nos jogos desportivos colectivos nas aulas de educação fisica

RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER

Segundo Guila (2001), citado por Carvalho (1996), a força muscular é uma componente da aptidão física essencial para todo e qualquer movimento do ser humano, daí a necessidade do seu desenvolvimento. Tal facto ganha maior importância quando direccionado aos jovens em crescimento e maturação. Nestes, a força assume relevância não só como factor essencial de desenvolvimento motor, mas também como base duma aptidão física que lhes garanta os níveis de saúde e de bem-estar necessários à sua mais plena realização.

Ainda, no conjunto das capacidades motoras, a força parece ser uma das que menos se trabalha no âmbito das aulas de Educação Física. Considerando a sua importância ao nível da saúde, bem-estar e qualidade de vida, nos rendimentos motores e desportivos, na Assim, para que os jovens atletas obtenham sucesso desportivo no clube da escola e nas aulas de educação fisica são necessárias qualidades físicas como força, velocidade, flexibilidade e agilidade. O treino de força muscular é indicado como auxiliar do treino desportivo para jovens atletas, melhorando a coordenação muscular e o desempenho motor nas actividades desportivas competitivas e recepcionais e diminuindo as sobrecargas articulares e o risco de lesões. Acções técnico-tácticas que implicam movimentos executados com elevada velocidade de execução que são exigidas durante o jogo (Figueiredo, 1995). Com a evolução do jogo e o aumento da sua complexidade técnica, táctica e física, as solicitações, nomeadamente ao nível da potência, são maiores. Assim, o treino periodizado das capacidades motoras no contexto escolar merece toda a atenção. Seguindo um conjunto de parámetros que respeitam o programa da educação física na Escola.

Introdução

A força muscular é importante em vários desportos e, especificamente no voleibol, pois é bastante solicitada. O voleibol é um desporto que requer força de membros superiores, inferiores (saltos) e do tronco. O aperfeiçoamento dessas habilidades é importante para os jovens praticantes, sendo a força muscular, muitas vezes, a prioridade para estes. A força muscular nos membros inferiores é imprescindível no voleibol, pois sem ela, há maior risco de lesão e de saltos sem potência. No voleibol, a “performance” no salto vertical está directamente relacionada ao rendimento desportivo dos jogadores uma vez que o salto é um dos componentes de movimento de ataque e defesa do voleibol, sendo utilizado em situações de intercepção, remate e bloqueio. Também devido ao impacto de centenas de saltos, os ligamentos podem ser afectados, assim como as articulações e principalmente os joelhos. Deste modo, pode-se concluir que o treino de força parece ter uma influência determinante no desempenho motor dos jovens praticantes desta modalidade.
Segundo Guila (2001), citado por Carvalho (1996), a força muscular é uma componente da aptidão física essencial para todo e qualquer movimento do ser humano, daí a necessidade do seu desenvolvimento. Tal facto ganha maior importância quando direccionado aos jovens em crescimento e maturação. Nestes, a força assume relevância não só como factor essencial de desenvolvimento motor, mas também como base duma aptidão física que lhes garanta os níveis de saúde e de bem-estar necessários à sua mais plena realização. Ainda, no conjunto das capacidades motoras, a força parece ser uma das que menos se trabalha no âmbito das aulas de Educação Física. Considerando a sua importância ao nível da saúde, bem-estar e qualidade de vida, nos rendimentos motores e desportivos, na aquisição da aptidão física, etc., este é sem dúvida um tema que nos merece grande atenção.

Segundo Gisele et al., (2005) o principal objectivo do treino de voleibol para crianças é o desenvolvimento das técnicas e as tácticas básicas e detecção de talentos no desporto. Assim, para que os jovens atletas obtenham sucesso desportivo são necessárias qualidades físicas como força, velocidade, flexibilidade e agilidade. O treino de força muscular é indicado como auxiliar do treino desportivo para jovens atletas, melhorando a coordenação muscular e o desempenho motor nas actividades desportivas competitivas e recepcionais e diminuindo as sobrecargas articulares e o risco de lesões. De acordo com Suvorov e Grishin citado por Gisele et al., (2005) o voleibol destaca-se pelo desenvolvimento das qualidades motoras como velocidade, flexibilidade, resistência aeróbia e força.
No voleibol são essencialmente utilizados movimentos ou acções técnico-tácticas que implicam movimentos executados com elevada velocidade de execução, fundamental nas acções do remate, mergulho, bloco e nos diferentes tipos de saltos e impulsões, que são exigidas durante o jogo (Figueiredo, 1995). Com a evolução do jogo e o aumento da sua complexidade técnica, táctica e física, as solicitações, nomeadamente ao nível da potência, são maiores, pois o jogo cada vez mais decorre ao nível da rede, sendo necessária uma grande capacidade de impulsão (Saraiva, 2000). No voleibol, como nos outros Jogos Desportivos Colectivos (JDC), a força muscular é bastante solicitada em diversas acções. Nesta modalidade, é requerida a força explosiva (força rápida) dos membros inferiores nos saltos e deslocamentos, assim como dos membros superiores na acção do remate, onde é solicitada a musculatura da cintura escapular. Segundo Natalia et al. (2005), o salto vertical tem sido apontado como um dos principais aspectos inerentes à prática do voleibol. Thissen-Milder et al., citado por Natalia et al. (2005), consideram a habilidade de salto como factor diferenciador para a performance dos jogadores de voleibol, uma vez que o salto é um dos componentes de movimento de ataque e defesa do voleibol, sendo recrutado em situações de intercepção, remate e bloqueio. Desta forma, um dos principais objectivos do treino é o desenvolvimento de saltos verticais cada vez mais altos pelos jogadores. Para Morrow et al., citado por Gisele et al., (2005) a força muscular de membros superiores é bastante utilizada no voleibol e que esta parece ser uma diferenciação entre os resultados das equipas.

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Métodos

Amostra
Foram considerados neste estudo dois grupo de raparigas divididas de forma aleatoria: um grupo de controlo (GC, n=10; 13,8 anos, 1,62 cm e 53,5 Kg e 20,29 % IMC) e um grupo experimental (GE, n=10; 14 anos, 1,58 cm e 51,9 Kg e 20,68 % IMC) (ver Tabela 1). O GE realizou, para além do programa de treino da equipa de voleibol, um programa de treino de potência durante 8 semanas. Este grupo pertencia a, uma equipa de Iniciadas do Desporto Escolar, da Escola Secundária 3 Miguel Torga, participante no Campeonato Distrital de Iniciadas, sendo esta uma equipa que luta para atingir os primeiros lugares, enquanto que o GC apenas realizou as aulas de EF na Escola Secundária 3 Miguel Torga. Todos os elementos da amostra possuem a condição de saúde necessária para a prática desportiva e participação neste estudo. A direcção da escola e os pais foram informados do objectivo deste estudo, bem como de todo o processo das avaliações (número e duração das sessões de treino/avaliações), tendo ainda sido esclarecidas quaisquer dúvidas existentes.

 

Tabela 1: Valores da média±desvio padrão correspondentes às características antropométricas dos sujeitos

Tabela 1. Treino periodizado das capacidades motoras nos jogos desportivos colectivos nas aulas de educação fisica

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 21

 

Legenda: T1: Pré-teste; T2: Pós-teste; CMJ: Countermouvement jump; GE: Grupo experimental; GC: Grupo controlo e x±?: Média±Desvio padrão

Procedimentos

O processo de avaliação requer especificidade e facilidade de aplicação, especialmente quando os participantes são inexperientes. Desta forma, selecionamos protocolos de fácil aplicação e que foram utilizados anteriormente em estudos com estas características para avaliar a potência muscular, nos membros superiores e inferiores, tal como o estudo de Almeida, S. et al (2005) “Análise da velocidade da bola no remate em voleibol: correlação entre a força explosiva e a amplitude do movimento dos membros superiores em jogadores seniores masculinos”, em que para analisar a força explosiva dos membros superiores dos atletas, estabeleceram como protocolo o arremesso da bola medicinal. Igualmente neste estudo foi utilizado o ergojump, para determinar a força explosiva dos membros inferiores antes (T1) após (T2) 8 semanas de treino e força.

Antropometria

Os parâmetros antropométricos que foram utilizados para a caracterização da amostra foram o peso corporal e altura total. Estas medidas foram analisadas de acordo com o protocolo internacional apresentado por Marfell-Jones et al. (2006).

Peso Corporal

Para obter o peso corporal foi utilizada uma balança digital Wiso de vidro Ultra Slim W903 – Crivitta, com as alunas descalças e apenas em calções. Estas colocaram-se no centro da plataforma da balança e permaneceram imóveis, com os braços colocados ao lado do corpo relaxados, com a cabeça virada para a frente e com o peso distribuído uniformemente sobre ambos os pés. A leitura foi realizada após estabilização dos dígitos da balança e o peso foi expresso em kilogramas (Kg), com aproximação às décimas.

Altura

Para medir a altura foi utilizada uma fita métrica, colocada verticalmente na parede. A altura foi definida com a distância, em linha recta, entre o vértex (crânio) e o piso sobre o qual se apoiam os pés, estando as alunas em posição erecta, posicionado segundo o plano de Frankfurt. Este plano consiste numa linha imaginária que passa pelo ponto mais baixo do bordo inferior da órbita da orelha direita e pelo ponto mais alto do lado superior do meato auditivo externo correspondente. As alunas encontravam-se descalças, com os pés juntos e com os calcanhares, o cóccix, a coluna dorsal e a parte posterior da cabeça em contacto com a parede. A leitura foi expressa em centímetros (cm), com aproximação às décimas.

Avaliação da potência nos membros inferiores

Para a avaliação da força elástica explosiva reactiva foi utilizado o countermouvement jump (CMJ). Este teste foi avaliado com as alunas a partir da posição de pé, com o tronco direito, as mãos na cintura e os membros inferiores em extensão, efectuando uma semi-flexão dos joelhos (contra-movimento) a 90°, seguida de um salto vertical. Para a avaliação deste salto recorreu-se a uma plataforma de contactos (Ergojump, Digitime 1000, Digest Finland). O ergómetro utilizado para avaliar o CMJ esteve ligado a um cronómetro digital para registar o tempo (TV) em segundos (s) e a altura de voo (A) em centímetros (cm). A avaliação da força explosiva foi realizada de acordo com o protocolo descrito por Marques e González-Badillo (2006). Foram concebidas 3 tentativas, com 2 minutos de intervalo, sendo registado e considerado o melhor dos três saltos.

 

Avaliação da potência dos membros superiores

Lançamento da bola medicinal (1 Kg)

Antes do pré-teste, todas as alunas foram familiarizadas com o lançamento a duas mãos com bolas medicinais de diferentes pesos, evitando-se assim um possível efeito de aprendizagem. O lançamento no pré e no pós-teste foi sempre à máxima velocidade possível com uma bola de voleibol (0,65 m de circunferência, peso regular 0,270 kg), uma bola medicinal de 1 kg (circunferência de 0,72 m). Todas as alunas foram sempre sujeitas a um aquecimento prévio de 10 minutos, o qual incluiu movimentos balísticos dos membros superiores e lançamentos com bolas medicinais de diferentes pesos (Tillaar e Marques, 2009). Além disso, as alunas posicionavam-se com os membros inferiores ligeiramente afastados e paralelos, segurando a bola com ambas as mãos acima da linha da cabeça. Foi permitida uma ligeira extensão do tronco e ombros sempre com os pés em contacto com o solo antes e após os lançamentos. Não foi permitido qualquer passo para além da linha limite antes ou após os lançamentos, bem como uma eventual torção do tronco. Sempre que qualquer destas condições não se verificassem era obrigatório repetir o lançamento. Foram efectuadas três tentativas e registados os valores correspondentes à distância do lançamento sendo contabilizada a melhor dos três.

 

Desenho Experimental

O programa de treino em estudo foi aplicado uma vez por semana, à quarta-feira (grupo experimental) durante 8 semanas, com uma duração de 40 minutos. O programa foi executado no final de cada treino de voleibol (desporto escolar), após cinco minutos de exercícios de flexibilidade dos grupos musculares envolvidos no treino de força em estudo. O Grupo Controlo não efectuou o programa de treino. Relativamente ao GE foi permitido um intervalo de repouso entre as categorias de exercícios de 2 minutos (ver tabela 2).
Tabela 2: Programa de treino de potência para os membros inferiores e superiores

Tabela 2. Treino periodizado das capacidades motoras nos jogos desportivos colectivos nas aulas de educação fisica

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 21

 

Legenda: 1: Exemplo: 2×6: 1 kg — 2 séries de 6 reps com 1 kg de bola medicinal; (*) Intervalo de 2 min entre series e categorias de exercícios

Análise estatistica
No tratamento de dados, os procedimentos estatísticos foram elaborados através do SPSS 17.0. A utilização deste programa permitiu uma análise descritiva para o estudo da média aritmética e do desvio padrão. Os pressupostos de normalidade foram controlados respectivamente com o Shapiro-Wilk e Levene testes. Através da utilização do T-Test comparou-se o pré-teste e o pós-teste verificando a existência de diferenças estatisticamente significativa. Foi aceite um nível de significância de ? <0.05.
A fiabilidade dos testes, como mostrou um ICC, entre 0.93 e 0.92, para todos os exercícios dos testes. A significância estatística foi aceite com p?0.05 para todas as análises.

Resultados
Os valores das variáveis antropométricas demonstram que não existiram diferenças estatisticamente significativas em nenhumas das variáveis (idade, peso, altura e IMC) (P>0,05), em ambos os grupos (GE e GC) no T1 e T2. Também nos valores de força dos membros superiores e inferiores, no pré-teste (T1), não foram verificados quaisquer diferenças significativas entre os grupos (P>0,05, ver tabela 3). No entanto, após oito semanas de treino de potência (pós-teste – T2) o GE revelou diferenças estatisticamente significativas em todas as variáveis (bola medicinal p=0,00; bola de voleibol p=0,00; CMJ p=0,05), com aumentos entre (5,2% e 23,3%), evidenciando desta forma, a influência positiva do programa de treino para os membros superiores e inferiores. Por outro lado, o GC não apresentou diferenças significativas em qualquer uma das variáveis (P>0,05).

Tabela 3: Média±desvio padrão correspondentes aos valores de força nos membros superiores e inferiores nos dois momentos (T1 e T2)

Tabela 3. Treino periodizado das capacidades motoras nos jogos desportivos colectivos nas aulas de educação fisica

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 21

 

Legenda: Diferenças significativas entre o GC e o GE (T1 vs T2); CMJ: countermouvement jump; GE: Grupo experimental; GC: Grupo controlo e x±?: Média±Desvio padrão

Discussão dos resultados
Este estudo teve como objectivo verificar qual o impacto de um programa de treino de potência, durante 8 semanas, na modalidade de voleibol (desporto escolar), através da comparação com jovens que apenas realizaram aulas de Educação Física. Pelos resultados obtidos conseguimos concluir que o programa de treino de potência desenvolveu a performance nos membros superiores (lançamento da bola medicinal, lançamento da bola de voleibol) e nos membros inferiores (CMJ) das jovens atletas de forma significativa (P?0,05).
Após 8 semanas de treino de potência (pós-teste) o GE revelou diferenças significativas em todas as variáveis (bola medicinal p=0,00; bola de voleibol p=0,00; CMJ p=0,05), com aumentos entre (5,2% e 23,3%), contrariamente ao GC que não apresentou quaisquer diferenças significativas.

Relativamente aos membros superiores, na bola medicinal e na bola de voleibol, o GE revelou aumentos de 5,2% e 23,3% (respectivamente), desde o início até ao término do programa de treino. Estes aumentos demonstram a eficácia do treino de potência aplicado durante as 8 semanas. Segundo Dias et al. (2005), para  o desenvolvimento da força, são necessárias 8 semanas de treino específico para capacidade motora. Resultados confirmados por estes autores, mostram que um programa de treino estruturado e implementado durante este período de tempo, e com uma frequência semanal de pelo menos duas vezes por semana, promovem o aumento da força. Os resultados verificados no nosso estudo, concluem que a equipa feminina de voleibol, durante esse periodo de tempo, aumentaram os niveis de força podendo estes ser considereados pertinentes, o que consolida os resultados verificados pelos autores referidos.

Outro factor que pode ter influenciado estes resultados, e que aumentou a discrepância do GC para o GE, foi a aquisição do gesto técnico de lançamento ao longo do tempo (bola medicinal/bola de voleibol) durante as 8 semanas, por parte do GE, podendo desta forma ter contribuido para um melhor resultado nos lançamentos no pós-teste.
Desta forma, os nossos resultados permitem concluir que 8 semanas de treino de potência que enfatize os músculos dos membros superiores, é suficiente para aumentar os niveis de performance muscular como também optimiza a aprendizagem de lançamento.

Estes factores parecem-nos primordiais, pois as raparigas estão numa fase em que a assimilação dos gestos técnicos na modalidade de voleibol estão a ser consolidadas e além disso, a pertinência do estudo, mostra que apenas com o lançamento de uma bola com peso adicional à bola de jogo, pode incutir as melhorias de performance necessárias a um bom desempenho durante o jogo (desde as melhorias na capacidade de remate e serviço onde a potência e a estabilidade estão incutidas).
Relativamente aos membros inferiores o GE melhorou de modo significativo (P?0,05) a capacidade de potência no CMJ entre o pré-teste e o pós-teste, registando aumentos de 20,1%, não se tendo verificado no GC (P>0,05).

Os resultados por nós encontrados assemelham-se aos de Marques e González-Badillo (2005) que estudaram a influência da aplicação do treino de força desenvolvido com pesos livres nos exercícios de agachamento e meio agachamento num grupo de crianças, praticantes de basquetebol (11.4 anos), tendo verificado diferenças estatisticamente significativas tanto no salto vertical como no CMJ do GE. Apesar de no estudo referido terem sido usados pesos livres e no nosso estudo não ter sido usada qualquer carga adicional, eles obtiveram a mesma conclusão, em que o treino de força é um método eficiente para a obtenção de força em jovens atletas (Marques & Oliveira, 2001), nomeadamente no CMJ (Marques & González-Badillo, 2005) potenciando assim a capacidade de salto dos jovens.

Os nossos resultados, tendo sido com uma amostra de raparigas e no contexto escolar, demonstra como na modalidade de voleibol, é requerida a força explosiva (força rápida) dos membros inferiores nos saltos e deslocamentos, assim como dos membros superiores na acção do remate, onde é solicitada a musculatura da cintura escapular, e como apenas 8 semanas de treino de força é eficiente sobre o ponto de vista do desenvolvimento muscular. Além disso, o método inovativo que apresentamos, confirma a grande maioria das evidências, que indicam que os ganhos na força em pré-púberes relacionam-se mais aos mecanismos neurais do que à hipertrofia muscular (Pereira et al. 2012).
Katch e McArdle citado por Silva A. & Neto, A. (2009) confirmam este raciocínio argumentando que os aumentos da força em crianças resultam principalmente da aprendizagem e da activação neuromuscular aprimorada e não de aumentos substanciais no tamanho dos músculos.

Segundo Silva A. & Neto, A. (2009), os mecanismos neurais são responsáveis pelos aumentos na força em crianças submetidas a treino de força. Foi constatado ainda por estes mesmos autores, que o treinamento de força altera significativamente a densidade mineral óssea em crianças e adolescentes, prevenindo uma possível osteoporose futura. Além disso, o treino de força proporciona uma manutenção da aptidão física relacionada à saúde em geral.
Segundo Natalia et al. (2005), o salto vertical tem sido apontado como um dos principais aspectos inerentes à prática do voleibol. Além disso, Thissen-Milder et al., citado por Natalia et al. (2005) consideram a habilidade de salto como factor diferenciador para a performance dos jogadores de voleibol, uma vez que o salto é um dos componentes de movimento de ataque e defesa do voleibol, sendo recrutado em situações de intercepção, remate e bloqueio.

Para Morrow et al., citado por Gisele et al., (2005) a força muscular de membros superiores é bastante utilizada no voleibol e que esta parece ser uma diferenciação entre os resultados das equipas. Diminuir a frequência dos erros técnicos que os jovens cometem é uma das principais vantagens do treino de força, pois muitos dos erros cometidos não se devem a causas como uma técnica deficiente ou a uma falha de coordenação motora, mas sim à falta de força na musculatura dos membros participantes na execução específica dos movimentos (Marques, 2004; Marques & Oliveira, 2001).
Desta forma, podemos concluir que o treino de força aplicado no nosso estudo, e consequentes aumentos de potência nos membros superiores e inferiores, poderão ser determinantes na performance das jovens atletas no desporto escolar.

Por último, Faigenbaum et al (2001) destacaram alguns benefícios do treino de força nos mais jovens, onde além da melhoria da performance, verifica-se um aumento do desempenho de habilidades motoras, aumento da densidade mineral óssea, melhoria da composição corporal, e até mesmo uma redução de lesões. Assim, além das vantagens da performance física, o treino de força aplicado no presente estudo apresenta uma vantagem no contexto escolar, pois além de ser de fácil aplicação é de todo o interesse inseri-lo nas nossas modalidades como forma de potenciar as capacidades dos nossos jovens atletas e juntamente reduzir o risco de lesões associadas. A investigação que aqui projectamos apresenta algumas limitações que se prendem com questões tecnológicas. As possíveis alterações da força muscular (tipo de fibras) poderia ter sido analisada, no entanto a escassez de instrumentos não possibilitou.

Aplicações práticas
Este estudo sobre o treino de potência em raparigas no voleibol no contexto escolar, poderá ser útil e aplicado por todos os professores de educação física e pelos treinadores de voleibol, pois como ficou demonstrado este tipo de treino é de fácil aplicação e poderá trazer inúmeros benefícios nos alunos/atletas em apenas 8 semanas, melhorando a sua performance tanto nos membros superiores como nos membros inferiores, podendo ter implicações directas na prática da modalidade voleibol.

 

BIBLIOGRAFÍA

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DIAS, RAPHAEL MENDES et al. (2005). Impacto de oito semanas de treinamento com pesos sobre a força muscular de homens e mulheres. Revista Brasileira de Medicina no Esporte , 4.

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FIGUEIREDO, M. (1995). Treino da força no voleibol. Vila Real: UTAD.

GISELE, B., SCHNEIDER, P., & MEYER, F. (2005). Os benefícios do desporto e a influência do treino de força muscular de pré-púbres atletas de voleibol. Revista brasileira de Cineantropometria & desempenho humano.

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MARQUES, M. (2004) O trabalho de força no alto rendimento desportivo: da teoria à prática. Lisboa: Livros Horizonte.

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PEREIRA, A., IZQUIERDO, M., SILVA, AJ., COSTA, AM., BASTOS, E., GONZALEZ-BADILLO, JJ., MARQUES, MC. (2012). Effects of high-speed power training on functional capacity and muscle performance in older women. Exp Gerontol 47: 250–255.

SARAIVA, M. (2000). Efeitos múltiplos e multilaterais de um programa de treino de força geral no desenvolvimento das diferentes expressões de força: um estudo em voleibolistas juvenis do sexo feminino. Porto: FCDEF-UP.

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