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23 Sep 2006

Análise e variação tática do sistema 3×1 no futsal

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A variação tática apresentada é uma variação do sistema 3×1 do futsal, traz diferenças em relação às movimentações defensivas e ofensivas mais usadas atualmente nesse sistema e procura aperfeiçoá-las

 
Autor(es): Stuart Soares Leite, Werlayne
Entidades(es):Universidade do Porto, Portugal
Congreso: II Congreso Internacional de Deportes de Equipo
Pontevedra: 21-23 de Septiembre de 2006
ISBN: 978-84-613-1659-5
Palabras claves: Futsal, Tática, Sistema tático. Futsal, Tactics, Tactical system.

RESUMEN

A variação tática apresentada é uma variação do sistema 3×1 do futsal, traz diferenças em relação às movimentações defensivas e ofensivas mais usadas atualmente nesse sistema e procura aperfeiçoá-las. Esta variação tática procura estabelecer um bom equilíbrio entre o sistema defensivo, para tentar anular as jogadas da equipe adversária, e o sistema ofensivo, para aumentar a probabilidade de marcar gols, e possibilitar a vitória. Estabelece posições e movimentações para sua realização. Entretanto, todo esquema tático deve ser adaptado de acordo com os jogadores da equipe.

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Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº9.

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ABSTRACT

This tactical variation is a variation of the system 3×1 of the futsal, brings differences in relation of the defensive and offensive movements more used currently in this system and searches to perfect them. This tactical variation searches to establish a good balance between the defensive system, to tempt annul the plays of the adversary team, and the offensive system, to augment the probability to mark goals, and to achieve the victory. It establishes position and movements for its accomplishment. However, all tactical projects must be adapted in accordance with the players of the team.

INTRODUÇÃO

Não existe um sistema tático ideal no futsal, que seja totalmente eficaz tanto na defesa como no ataque. O que se tenta fazer é minimizar os riscos de sofrer gols e tentar criar e maximizar as chances de marcar gols. Sistema tático é o modo pelo qual os jogadores são distribuídos em quadra.1 Tática é a forma racional e planejada de aplicar um sistema ou vários sistemas táticos, a fim de equilibrar o jogo de ataque e defesa, tirando proveito de todas as circunstâncias favoráveis da partida, com o objetivo de dominar o adversário e conseguir a vitória.2 Sendo assim, a tática procura estabelecer uma padronização de posicionamento e coordenação das ações individuais e pré-estabelecidas dos jogadores da equipe. Tem o objetivo de conseguir o equilíbrio entre as ações defensivas, anular as manobras ofensivas do adversário, e ofensivas, confundir a defesa adversária para poder marcar gols, e conseguir a vitória. Atualmente a tática é um fator predominante no jogo de futsal. Dividindo a importância dos elementos que influenciam diretamente no resultado do jogo, temos a parte tática com 30%, a parte técnica com 25%, a parte psicológica com 25% e a parte física com 20%. Esta variação tática não é um sistema ideal ou infalível. No entanto, com base em estudos táticos teóricos e avaliações práticas da aplicação deste sistema tático em jogos de futsal, ele parece ser o mais eficaz e mais equilibrado (juntando defesa, ataque e parte física) em relação aos outros sistemas utilizados atualmente. Atuar taticamente no jogo significa estar capacitado para se sobrepor as exigências desse jogo. Isto requer a elaboração de um adequado processo de “ensinoaprendizagem- treinamento” que contemple o desenvolvimento das capacidades táticas, pois estas representam o meio operativo de que o atleta dispõe para obter êxito nas competições.3 Para divisão da quadra em zonas, utilizar-se-á um campograma com a divisão da quadra em 2 setores (Setor médio defensivo – SMD; Setor médio ofensivo – SMO) e 4 corredores (Corredor defensivo esquerdo – CDE; Corredor defensivo direito – CDD; Corredor ofensivo esquerdo – COE; Corredor ofensivo direito – COD).

Fig. 1 – Divisão da quadra em setores

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Fig. 2 – Divisão da quadra em corredores

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ALGUMAS DEFINIÇÕES

Sistema tático: forma de disposição dos jogadores em quadra; Tática (ou Esquema tático): é a forma planejada e pré-estabelecida de aplicação de um ou vários sistemas táticos durante o jogo; Plano tático: prioridade de jogadas que a equipe vai fazer em quadra durante o jogo; Função tática individual: função de cada jogador em suas diferentes posições dentro do esquema tático; Preparo tático: consiste em bem utilizar a técnica para sobrepor-se ao adversário, de acordo com o seu sistema tático de jogo;4 Exercícios táticos: exercícios com o objetivo de aperfeiçoar o esquema tático. Dividese em 3 etapas: ensino, aprendizagem e treinamento.

BREVE CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS TÁTICOS

Existem basicamente 3 sistemas táticos no futsal, no entanto, existem muitas outras variações táticas desses sistemas. Temos o sistema 2×2 com suas variações de movimentação em “L”, em “Y”, etc. Temos o sistema 3×1 com a variação para o sistema 2x1x1 e para o sistema 1x2x1. Temos o sistema 4×0 com movimentação em “X” e com movimentação circular (redondo carrossel). Veremos a seguir os principais sistemas, com suas principais características, vantagens e desvantagens. A diferença entre uns e outros reside fundamentalmente na quantidade de vantagens e desvantagens que apresentam (uns mais e outros menos, mas todos tem) e, sobretudo, se temos recursos para solucionar essas desvantagens.5

O sistema 2×2 Este sistema é pouco utilizado atualmente por está sendo considerado ultrapassado e não ser tão eficaz quanto os outros. Segundo Voser,6 algumas equipes o utilizam em final de jogo, mas quando se encontram com o resultado favorável. Tem-se utilizado esse esquema quando a equipe adversária tem um jogador a menos (expulsão temporária). Para realizá-lo, os 2 jogadores que elaboram as jogadas devem ser habilidosos e rápidos.5 Caracteriza-se por 2 linhas de marcação, cada uma com 2 homens. A disposição dos jogadores em quadra tem a forma de um quadrado. Na defesa, quando a bola se encontra no centro, os 2 jogadores devem fechar o meio de quadra. Quando a bola é jogada em uma das alas, o jogador mais próximo à bola faz a marcação e o outro jogador da mesma linha de marcação aproxima para fechar o meio de quadra. A desvantagem desse sistema, na defensa, é que sua movimentação tática e sua cobertura defensiva não são muito rápidas, o que dificulta a defesa. Se utilizado contra uma equipe que utilize o sistema 3×1 e seja bem treinada, ele pode ser facilmente superado. Em relação ao ataque, provoca a falta de espaços livres na zona de finalização; se a posse de bola for perdida é difícil fazer cobertura defensiva; com este sistema se tem pouca mobilidade, pois entre as linhas se tem muita distância.5

O sistema 3×1 Este sistema é muito eficiente, pois consegue uma variabilidade muito grande de jogadas ensaiadas e de movimentações, principalmente no ataque. Propicia uma melhor ocupação do espaço de jogo, possibilitando assim essa variação de jogadas, uma boa cobertura defensiva e um bom equilíbrio tático entre defesa e ataque. Este sistema defensivo é o mais utilizado na atualidade, o que ocorre é que cada treinador o dota de umas peculiaridades determinadas em função dos seus jogadores e de suas próprias idéias.5 Caracteriza-se por jogar com um homem de referência à frente, o pivô. As jogadas de ataque variam principalmente através da utilização deste jogador, seja pra ele mesmo finalizar a jogada, para proteger a bola e passar para quem vem de trás ou apenas levar a marcação, abrindo espaços para os jogadores que vem de trás e possibilitando jogadas rápidas. Outra importante característica desse sistema é que ele parece ser, de todos os sistemas, o que melhor consegue ter o equilíbrio entre os aspectos defensivos, ofensivos e físicos de maneira mais eficaz. Lozano Cid 5 afirma ainda que na zona de finalização se dispõe de espaço livre e oferece muitas possibilidades sem correr grandes riscos. Sampedro 7 também afirma que permite uma organizada saída de contra-ataque, dada a própria colocação da defesa. A desvantagem deste sistema é que o time tem de ter jogadores com determinadas características pra jogar nele. Deve-se ter um bom pivô, que seja capaz de segurar e proteger bem a bola, e que também seja capaz de girar e finalizar para concluir a jogada. Também deve-se ter bons alas que defendam e ataquem bem e que, depois que a bola seja jogada ao pivô, consigam apoiar as jogadas para serem opção de finalização. Não ter uma destas características dificulta sua utilização.

O sistema 4×0 É um dos sistemas inovadores do futsal moderno. Esse sistema de jogo tem basicamente duas finalidades. A primeira é conseguir sair da marcação pressão exercida pela equipe adversária. A segunda é tentar trazer a marcação da equipe adversária o mais próximo possível de seu setor médio ofensivo, para abrir espaço entre suas linhas marcação e sua baliza e, em seguida, efetuar jogadas rápidas com bolas lançadas nas costas dos marcadores. Ama das características desse sistema é que todos os jogadores devem assumir os papéis em diferentes setores da quadra.6 Caracteriza-se ainda por jogar sem um jogador de referência à frente, sem um pivô, por ter uma movimentação constante muito intensa e por requerer um bom preparo físico dos jogadores. Esse modelo apresenta uma grande desvantagem, é deficitário ofensivamente. Tendo em vista o objetivo de precisar de espaço vazio no setor médio ofensivo, se a equipe adversária fizer uma boa marcação no sistema 3×1 em seu setor médio defensivo (ofensivo da equipe que ataca), dificilmente se consegue criar jogadas ofensivas com esse sistema, pois não terá esse espaço vazio necessário para realização das jogadas e, sem esse espaço, ele é pouco objetivo ofensivamente. Lozano Cid apresenta ainda como principais desvantagens: ao jogar em linha (ou quase em linha) se a bola for perdida não deve ter cobertura defensiva; se realiza um enorme desgaste físico, pois para praticar corretamente este sistema há que mover-se sem bola constantemente; necessita de grande sincronização para que a equipe sempre esteja equilibrada.5

VARIAÇÃO TÁTICA DO SISTEMA 3×1

O sistema de jogo apresentado é uma variação tática do sistema 3×1 e traz algumas mudanças ao sistema convencional, procurando aperfeiçoá-lo tanto defensiva quanto ofensivamente. Diferentes autores postulam que, para alcançar o êxito em um combate desportivo, é imprescindível a introdução de um estilo de jogo próprio, baseado na experiência e nos resultados alcançados.7 A principal diferença no aspecto defensivo é que esta variação permite constantemente a possibilidade de poder recuperar a posse de bola e possibilitar o contra-ataque. Em relação ao aspecto ofensivo, mostra uma variação eficaz de sistema posicional de jogo com a utilização do goleiro como jogador de linha. Como outra importante característica, essas 2 variações provocam um efeito psicológico negativo na equipe adversária. Essa variação no aspecto tático defensivo independe do sistema de jogo da equipe adversária e é caracterizada por um sistema posicional fixo de marcação por zona (marcação zonal fixa). Ou seja, não importa em qual sistema ofensivo a equipe adversária jogue ou que tipo de movimentação/jogadas esta equipe faça, as características do sistema de marcação não se alteram. Esta variação apresentou ótimos resultados contra os diversos sistemas em que foi testada, contra o 2×2, o 3×1 convencional e o 4×0, e suas respectivas variações. A variação consiste em uma marcação no sistema 3×1 no setor médio defensivo e é composta por 3 linhas de marcação (fig. 3). Quando a bola estiver de posse do adversário e no meio da quadra, fecha-se o meio de quadra e libera as alas. Sempre que possível, deve ficar o pivô na linha 1 fechando o meio, tomando como referência a linha central da quadra. Na linha 2 ficam os alas e na linha 3 fica o fixo, sistema 3×1 convencional de marcação. A diferença ocorre quando a bola é jogada a uma das alas, direita ou esquerda (fig. 4 e 5). Neste momento, o pivô (PV) deve aproximar para fazer a dobra de marcação junto com o ala. No entanto, o pivô deve subir bem sua linha de marcação para impedir que a bola seja jogada pra trás, para o fixo ou para o goleiro da equipe adversária. Sendo assim, o pivô vai dar linha de passe para a ala oposta. Nesse exato momento o ala (AL) sai pra fazer a dobra de marcação junto com o pivô. O ala deve fazer a dobra de marcação fechando o passe na diagonal e dando linha de passe na ala paralela e na ala oposta à bola. O fixo (FX) deve se posicionar na mesma ala onde a bola estiver. Geralmente as equipes que jogam em sistema 3×1 jogam com o seu pivô se posicionando na linha paralela em relação à bola, por esse motivo o fixo já vai estar fazendo a marcação no pivô adversário. Mesmo que o pivô adversário não apareça para ser opção de passe na ala paralela ou a equipe não jogue no sistema 3×1, o fixo deve ir mesmo assim para fazer uma possível cobertura de marcação caso o ala (AL) seja ultrapassado. O ala oposto (AO), que não participa efetivamente da jogada, desce ao meio da quadra pra fechar o passe na diagonal caso essa bola passe pelo ala (AL) que faz a marcação e fazer a marcação caso esta bola seja jogada de uma ala à outra.

Fig. 3 – Linhas de marcação

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Fig. 4 – Bola na ala esquerda

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Fig. 5 – Bola na ala direita

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Nessa variação é o pivô que inicia a jogada para fazer a dobra. Pode-se tomar como referência de marcação a linha central da quadra. Se a bola estiver muito próxima a linha, faz-se a dobra, se a bola estiver distante da linha central ou o pivô não for fazer a marcação, apenas fecha-se a zona de marcação. Analisando as figuras com a disposição tática da equipe nesse sistema defensivo, podemos erceber uma particularidade. Se a bola estiver de posse da equipe adversária no centro da quadra, faz-se a marcação fechando o meio da quadra e liberando as alas. Se a bola for jogada em uma das alas, a marcação vai toda para essa zona para fazer uma compactação e facilitar uma possível cobertura defensiva. Utiliza-se apenas um corredor defensivo, o CDD ou CDE (fig. 6).

Fig. 6 – Marcação com a bola no CDD

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Os objetivos desta variação defensiva são: recuperar a posse de bola quando for feita a dobra de marcação pelo pivô (PV) e pelo ala (AL) e iniciar o contra-ataque; recuperar a posse de bola em caso de interceptação do passe; recuperar a posse de bola em caso de passe errado da equipe adversária e a bola ficar fora de jogo. Outro objetivo é em relação às linhas de passes, permitir que a bola seja jogada apenas na ala paralela ou na ala oposta pela equipe adversária (fig. 7).

Fig. 7 – Linhas de passes permitidas

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Mesmo que esta bola seja jogada de uma ala à outra, isso não traz nenhuma quebra de marcação no sistema defensivo. O pivô (PV), mesmo não conseguindo chegar rapidamente ao outro lado para fazer a dobra de marcação, deve correr pelo menos para pressionar e gerar desequilíbrio psicológico no adversário. O ala oposto (AO), que não participava efetivamente da jogada, passa a ser o ala (AL) que faz a marcação. O ala (AL) que fazia a marcação anteriormente passa a ser o ala oposto (AO). O fixo (FX) muda de um lado pro outro (fig. 8).

Fig. 8 – Movimentação com bola jogada de ala a ala

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Se a bola for jogada na ala paralela, o fixo (FX) deve pressionar o adversário. O ala (AL) desce sua linha de marcação fechando o chute do adversário que jogou a bola e o passe em diagonal para a ala oposta. O ala oposto (AO) desce mais um pouco e o pivô (PV) também desce fechando o meio da quadra (fig. 9).

Fig. 9 – Marcação com bola jogada na ala paralela

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Caso o ala (AL) seja ultrapassado pelo jogador da equipe adversária, como temos a marcação muito próxima e muito compacta, em apenas um corredor defensivo, isso facilitará a cobertura defensiva. O fixo (FX) sobe para pressionar o adversário, o ala oposto (AO) desce para fazer cobertura ao fixo. O ala que foi ultrapassado faz a recuperação pelo centro da quadra, fazendo a cobertura sobre o ala oposto e fechando o meio de quadra, evitando uma jogada individual do adversário pelo meio ou o passe. O pivô (PV) desce para fechar o meio da quadra e restabelecer o equilíbrio defensivo (fig. 10).

Fig. 10 – Cobertura defensiva no CDE

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Se a cobertura defensiva for feita no CDE, ela será realizada no sentido horário. Se a cobertura defensiva for feita no CDD, ele será realizada no sentido anti-horário.

UTILIZAÇÃO DO GOLEIRO COMO JOGADOR DE LINHA

Atualmente, quando uma equipe precisa buscar ou reverter um determinado resultado, utiliza o goleiro (ou outro jogador que faça a função) como mais um jogador de linha. No entanto, é comum se utilizar o goleiro no centro da quadra (sistema 3×2 ou 1x2x2 como é conhecido). A utilização de um goleiro como jogador de linha tem importante função tanto na parte tática como na parte psicológica. Mas sua utilização é perigosa e requer cuidados para se evitar sofrer gols. Diferentemente do que pensa o senso comum, a utilização do goleiro como jogador traz mais riscos a quem utiliza esse sistema de jogo do que para a equipe que defende. Um grande erro ocorre quando uma equipe joga utilizando o goleiro e perde a posse de bola para a equipe adversária. O que normalmente se faz é procurar recuar rapidamente a marcação para tentar se defender, quando na verdade deve-se fazer juntamente o contrário. Ou seja, adiantar a marcação e pressionar a equipe adversária. Quando o goleiro está jogando e a posse de bola é perdida, se um jogador da equipe adversária chutá-la ao gol, o goleiro possivelmente não terá tempo de voltar para defender. Então o correto a fazer é adiantar a marcação, todos os jogadores devem correr e pressionar os jogadores da equipe adversária, principalmente o que tem a posse de bola. Assim evitará que este finalize ao gol e, se passar a bola para um companheiro, este já estará pressionado. A importância tática do goleiro caracteriza-se apenas pela vantagem da utilização de mais um jogador de linha para alterar o sistema de jogo e não por sua localização no sistema. Como veremos mais a frente, ele terá mais importância psicológica do que importância tática. A variação tática com a utilização do goleiro passa a ser diferente. A disposição passa a ser feita em 3 linhas ofensivas, no sistema 2x1x2 (fig. 11). Na primeira linha (L1) temos 2 jogadores bem abertos nas alas (P1 e P2), na segunda linha (L2) temos um jogador centralizado (P3) e na terceira linha (L3) temos mais 2 jogadores bem abertos nas alas (P4 e P5) (fig. 12).

Fig. 11 – Linhas ofensivas

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Fig. 12 – Posições dos jogadores

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Com essa disposição teremos jogadores em todos os setores da quadra, ala direita, ala esquerda e centro da quadra. Esse sistema tem grande importância tática e gera um grande equilíbrio, tanto ofensiva quanto defensivamente. Em relação à parte ofensiva, teremos uma grande possibilidade de jogadas e de finalizações. O jogador na posição 1 tem 3 opções de passe (P2, P3 e P4); o jogador na posição 2 tem 3 opções (P1, P3 e P5); o jogador na posição 4 tem 3 opções ( P1, P3 e finalização); o jogador na posição 5 tem 3 opções (P2, P3 e finalização); o jogador na posição 3 é o mais importante, ele tem 5 possibilidades. Ele pode receber e fazer passe a todos os jogadores e ainda pode finalizar ao gol. É indicado que seja o pivô da equipe que fique nessa posição ou alguém com boa finalização. Em relação à parte defensiva, esta disposição procura tentar anular as finalizações da equipe adversária em caso de perda da posse de bola. Como foi dito anteriormente, se isso acontecer, deve-se adiantar a marcação para impedir a finalização da equipe adversária. Como essa disposição tática, se tem jogadores em todos os setores da quadra (principalmente no meio da quadra), fica mais fácil e rápido os jogadores pressionarem o adversário. Esse sistema não precisa de troca de posições entre os jogadores. Mas se for necessário, é normal que troquem os jogadores nas posições 1 e 4, nas posições 2 e 5, ou o jogador da posição 3 trocando com os jogadores das posições 4 e 5. A variação tática defensiva apresentada também pode ser utilizada contra essa variação ofensiva (fig. 13). A diferença é que o pivô não precisa subir sua linha de marcação e sim fechar o passe à ala oposta. Os demais jogadores têm a mesma mobilidade tática. Outra diferença é que se for feita a dobra de marcação, a equipe adversária só terá a opção de passe na ala paralela.

Fig. 13 – Variação defensiva contra sistema 2x1x2

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EFEITOS PSICOLÓGICOS GERADOS PELAS VARIAÇÕES TÁTICAS

Os efeitos psicológicos gerado por esse tipo de variação tática são muito grandes e são tão importantes quanto os efeitos táticos. Sendo assim, é uma importante estratégia para ser utilizada durante o jogo. Em relação à dobra de marcação efetuada nas alas pelo pivô, a equipe adversária sentirá o receio de a qualquer momento poder perder a posse de bola e sofrer o contra ataque. Com isso é normal que se tente acelerar o passe ala-meio ou o passe ala-ala. Isso fará com que esta equipe aumente a probabilidade de erro na execução do passe e também permitirá a tomada de bola em caso de passe errado. O que também pode acontecer é que os alas dessa equipe se afastem do meio da quadra, em direção ao seu setor médio defensivo, para evitar a dobra de marcação. Em relação à utilização do goleiro como jogador de linha nessa variação de sistema, este terá uma função importantíssima no desequilíbrio psicológico negativo do adversário, potencializando esses efeitos. Independente da posição de jogo que o goleiro assuma nessa variação, ele não terá tanta importância tática. Sua importância será essencialmente psicológica. Quando o goleiro se adianta para jogar como jogador de linha, ele já causa uma alteração psicológica no adversário, tanto na parte defensiva como na parte ofensiva. Em relação à parte defensiva, fica a preocupação de marcar bem porque a equipe adversária tem um jogador a mais e pode gerar maior desgaste físico e assim ser mais fácil de sofrer um gol. Entretanto, o risco é maior para a equipe que utiliza o goleiro do que para a equipe que defende. Em relação à parte ofensiva, fica sensação de que a qualquer momento que se consiga recuperar a posse de bola, poderá ser fácil marcar o gol. Nessa variação, como o goleiro não fica na parte central da quadra e sim em uma das alas, parece que ele está mais longe do gol, ele potencializa mais ainda essa falsa sensação de maior facilidade. Quanto mais próximo do gol adversário (linha 2 ou 3) ele se posicionar, maior ainda a sensação de facilidade causada no adversário. Como já foi dito, se a bola for perdida, provavelmente não terá possibilidade de o goleiro retornar ao gol a tempo de evitar a finalização do adversário. Então, independente de onde ele esteja, ele será apenas mais um jogador de linha. Por isso é ideal que ele fique numa linha mais próxima do gol adversário. Isso pode ocasionar uma grande precipitação no adversário (gerado pelo desequilíbrio psicológico individual), fazendo com que esta equipe tente recuperar a bola mais rapidamente, de forma desajustada e dando linhas de passe. Isso pode causar uma maior possibilidade de finalização da jogada com êxito por parte da equipe que utiliza este tipo de variação. Vale ressaltar ainda que este efeito é maior, e pode ser mais potencializado, quanto menor for a idade dos jogadores. À medida que esta variação é usada em categorias mais jovens, maior os efeitos conseguidos pelo desequilíbrio psicológico.

REFLEXÕES

Todo esquema tático deve ser adaptado de acordo com os jogadores que a equipe possuir, este esquema não deve ser totalmente rígido e deve ser adequado de acordo com as necessidades e dificuldades que vão surgindo no decorrer do seu uso. Cada treinador deve adotar e treinar bem o esquema que achar mais eficaz, entretanto, é muito importante que seus jogadores sejam capazes de também saberem jogar esquemas táticos diferentes. Essa variabilidade é importante para se jogar contra diferentes equipes e diferentes esquemas táticos.

AGRADECIMENTO

Agradeço em especial ao Professor Daniel Senna Taleires pelas nossas longas conversas, debates e análises sobre a utilização e aperfeiçoamento dessa variação tática.

BIBLIOGRAFIA

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