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15 Jun 2012

Efects of a psicomotor program in people with autism spectrum disorders

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The autism was described by Kanner, in 1943, and later by Hans Asperger, as a disruption of development with a deficit associated with motor skills and fine motor general.

Autor(es): Tânia Vasconcelos; Maria Adília Silva; Olga Vasconcelos e Manuel Botelho
Entidades(es): Universidade do Porto
Congreso: II Congreso Internacional de Ciencias del Deporte
Pontevedra 2008
ISBN:9788461235186
Palabras claves:Autism Spectrum Disorders, Motor Coordination, Laterality, Psycomotricity

Abstract program in people with autism spectrum disorders

The autism was described by Kanner, in 1943, and later by Hans Asperger, as a disruption of development with a deficit associated with motor skills and fine motor general. Wing (1988) establishes a triad that is a spectrum of disorders with a common core of the affected areas: i) social relationships; ii) communication and iii) lack of imagination. Our purpose was to evaluate the effects of a program of psychomotor development on motor coordination, in three subjects with autism spectrum disorders. We applied tests of motor coordination and laterality in three moments of evaluation. To assess motor coordination we applied: i) dynamic balance test (walking straight on the beam, adapted from KTK); ii) global motor coordination test (jump over the blocks of foam, adapted from KTK); iii) hand-eye coordination test (launch the ball to topple a pin bowling); and iv) foot-eye coordination test and foot preference test consisting in kicking the ball to topple a pin bowling. The manual preference was evaluated by a collection test of ten objects. Statistical procedures comprise descriptive statistics (mean and standard deviation) and the Friendman’s test. The level of significance was set at p ? 0,10. Main conclusions: (i) The group showed improvement in foot-eye coordination and hand-eye coordination, being this last the most developed; (ii) At individual level, the ability that most evolved in subjects A. and C. was the dynamic balance and, in the subject B., was the foot-eye coordination; (iii) All subjects presented a left-hand and a left-foot preference. However, subjects A. and B. showed a higher evolution, after the program, with their right hand and right foot.

1. Introdução

O autismo foi descrito pela primeira vez por Kanner, em 1943. No início, Kanner acreditava que todas as crianças com autismo possuíam níveis normais de desenvolvimento intelectual o que, mais tarde, se veio a revelar como incorrecto. O autismo surge frequentemente associado a disfunções da fala e a deficiências intelectuais, motoras ou sensoriais. Um ano mais tarde, em 1944, Asperger identificou outro grupo semelhante de crianças com autismo (Jordan, 2000). Surgiram, então, duas designações para uma patologia muito semelhante: Autismo Infantil e Síndrome de Asperger (Wing, 1979, cit. por Correia, 2006). Wing (1988) identificou uma tríade que hoje pauta todos os critérios de diagnóstico relativos às perturbações do espectro do autismo (PEA): a Tríade de Lorna Wing. Segundo a autora, esta tríade consiste num espectro de perturbações com um tronco comum de áreas afectadas, que inclui problemas em três domínios: i) interacção social; ii) comunicação; iii) imaginação. Kanner (1943), aquando da publicação dos seus artigos sobre este tipo de perturbação, referiu uma falta de coordenação motora geral, especialmente na marcha, e Asperger (1944) falava mesmo em falta de coordenação fina, principalmente no que dizia respeito à escrita. Segundo Correia (2006), as PEA têm diversas formas de se manifestar em pessoas diferentes; no entanto, parece existir, de uma forma geral mais ou menos regular, um comprometimento motor nomeadamente ao nível da coordenação motora geral. Neste contexto, Ferreira (1993) refere que a psicomotricidade é um meio óptimo para retirar a pessoa com deficiência da sua inactividade e fraca iniciativa, permitindo assim a integração social, aceitação da relação com os outros e maximização das suas potencialidades.

É neste sentido que se dá maior relevância ao aperfeiçoamento das capacidades coordenativas, uma vez que são parte vital na formação corporal de base. Estas surgem como imprescindíveis para as populações com necessidades especiais, porque contribuem para o desenvolvimento perceptivo-motor facilitando, deste modo, o seu relacionamento com o meio ambiente. Também permitem que o indivíduo adquira, através da actividade corporal, os alicerces sensório-perceptivo-motores que vão estar na base de comportamentos exigidos pelo meio, abrindo-lhes novos horizontes (Pires, 1992). A lateralidade, nos indivíduos com PEA, estabelece-se mais tarde que em pessoas com desenvolvimento considerado normal, definindo-se com mais frequência à esquerda ou permanecendo indeterminada. Contudo, também neste domínio, são por vezes observadas aptidões particulares, designadamente ao nível de manipulações finas com grande precisão. Neste caso, a destreza manual não é aplicada em actividades funcionais, mas é geralmente posta ao serviço de comportamentos repetitivos (Rogé, 1998). Assim, podemos afirmar que a preferência manual esquerda tem uma incidência maior nas PEA do que na população em geral, atingindo cerca de 18% dos indivíduos. Do mesmo modo, 36% têm preferência manual ambígua. No entanto este valor está mais relacionado com indivíduos com PEA com fraco desenvolvimento cognitivo do que com indivíduos com PEA sem comprometimento cognitivo, onde a ambiguidade parece não existir (Aram et al., 1988; McManus et al., 1992; Bradshaw et al., 1996, cit. por Correia, 2006). Soper e Satz (1984, cit. por Aram, 1988), depois de uma meta análise, chegaram à conclusão de que quando uma pessoa é em simultâneo sinistrómana e sofre de PEA, a possibilidade de que a lesão do hemisfério esquerdo seja primária é muito elevada, assim como a probabilidade de as preferências manual esquerda e ambígua serem patológicas também está aumentada.

Desta forma, e de acordo com os autores, existem boas razões para acreditar que as PEA estão associadas a lesões bilaterais do cérebro, principalmente ao hemisfério esquerdo (Correia, 2006). No que concerne à educação motora, o indivíduo com PEA, inicialmente, desenvolve o equilíbrio corporal, a autoconfiança e a sociabilização, esperando a sua vez, imitando movimentos e adaptando-se às regras dos jogos (Furneaux e Roberts, 1979), sendo, por isso, a actividade física um meio fundamental para reduzir os comportamentos estereotipados característicos desta perturbação (Levinson e Reid, 1993). É neste sentido que incluímos no nosso trabalho um método de intervenção alternativo – a Equitação Terapêutica – relacionando-o especificamente com as PEA. O ritmo do passo do cavalo é um factor importante, uma vez que esse ritmo corresponde sensivelmente ao nosso ritmo cardíaco, favorecendo a calma e a descontracção. Os movimentos rítmicos e harmoniosos do cavalo, a emissão do calor produzido pelo seu corpo, descontraído e distendido, favorecem a actividade muscular. Por outro lado, o facto desta acção se desenrolar na posição sentado significa uma diminuição da carga corporal (Deppisch, 1997, cit. por Lobo, 2003). Por conseguinte, a equitação como método terapêutico é benéfica para indivíduos com PEA, no que concerne às suas competências gerais. Desenvolve com harmonia as qualidades de equilíbrio, coordenação motora geral, coordenação óculo – manual, agilidade, destreza, dá uma sensação de força física e faz aumentar a autoconfiança, a vontade, o espírito de decisão, iniciativa e de resolução. Melhora as relações inter – pessoais, a adaptação às mudanças e as respostas emocionais.

2. Objectivos

Objectivo Geral

  • Avaliar os efeitos de um programa de psicomotricidade no desenvolvimento da coordenação motora, em três indivíduos com PEA. Objectivos Específicos
  • Comparar os resultados do teste de preferência manual e pedal entre os três momentos de avaliação do programa de psicomotricidade, em cada indivíduo e ao nível do grupo.
  • Comparar os resultados e a evolução do desempenho, no teste de equilíbrio dinâmico; coordenação dinâmica geral; coordenação óculo-manual e coordenação óculo-pedal entre os três momentos de avaliação do programa de psicomotricidade, em cada indivíduo e ao nível do grupo.
  • Investigar qual dos testes de coordenação motora apresentou maior evolução e qual apresentou a menor evolução ao longo do programa de psicomotricidade, em cada indivíduo.
  • Verificar em qual dos membros, superiores e inferiores, se registou maior evolução do primeiro para o último momento, em cada indivíduo.

3. Material e Métodos

Amostra

A amostra foi constituída por três indivíduos adultos com PEA que frequentam a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA – Norte), sendo que 2 utentes são do sexo masculino (A. e B.) e 1 do sexo feminino (C.). Procedimentos Metodológicos Depois de obtida a devida autorização para a aplicação do programa psicomotor com os utentes da APPDA, demos início ao nosso trabalho, em Novembro de 2006, com uma avaliação do estado inicial dos alunos, terminando em Junho de 2007 com a avaliação final.

Instrumentos

  • Avaliação da Lateralidade e Preferência Manual Para a avaliação da lateralidade, aplicamos um teste que consistiu na recolha simples de dez objectos colocados alternadamente pelo avaliador em cima de uma mesa, no sentido de percebermos qual a preferência manual dos indivíduos da amostra (destrímanos ou sinistrómanos). Para chegarmos às percentagens, quer da preferência manual quer da preferência pedal (direita ou esquerda), usamos a fórmula do quociente de lateralidade: QLATM = [(Mão direita – Esquerda)/(Mão Direita + Esquerda)]x100; para a preferência manual; QLATP = [Pé direito – Esquerdo)/(Pé Direito + Esquerdo)]x100; para a preferência pedal. O valor resultante pode variar entre -100% e +100%. Quando o valor é menor ou igual a zero consideramos a preferência esquerda e quando o valor é superior a zero consideramos a preferência direita (Porac e Coren, 1981).
  • Avaliação do Equilíbrio Dinâmico (adaptado do KTK) Relativamente à avaliação do equilíbrio dinâmico, os avaliandos tinham que realizar três percursos caminhando apenas para a frente numa barra de ferro, sendo contabilizadas, em cada percurso, as vezes em que o aluno colocava o pé no solo.
  • Avaliação da Coordenação Dinâmica Geral (adaptado do KTK) Para avaliar a coordenação dinâmica geral utilizamos o teste de saltar sobre blocos de espuma. Quando o avaliando conseguia saltar sobre o obstáculo acrescentavase, em altura, outro bloco e assim sucessivamente até falhar as três tentativas seguidas.
  • Avaliação da Coordenação Óculo-Manual e Óculo-Pedal Para a avaliação da coordenação óculo-manual e óculo-pedal utilizamos os testes dos dez lançamentos/chutos. O avaliando, colocado atrás da linha de lançamento, lançava/pontapeava a bola tentando derrubar um pino colocado a 2,5m de distância. Foi registado o número de vezes em que o pino foi derrubado.

Procedimentos Estatísticos

Realizamos o tratamento dos dados através do programa estatístico SPSS – Statistical Package for the Social Sciences, versão 15.0. Usámos a estatística descritiva, média (x) e desvio padrão (dp), para a análise do grupo. Recorremos à estatística inferencial; teste de Friedman, para comparar os indivíduos ao longo dos três momentos de avaliação. O nível de significância foi estabelecido em p ? 0,10.

4. Apresentação e Discussão dos Resultados

Resultados Individuais

Os Quadros 1, 2 e 3 apresentam os resultados dos testes de coordenação motora e os quocientes de lateralidade manual e pedal dos alunos A., B. e C. nos três momentos de avaliação.

Quadro 1 – Resultados dos testes de coordenação motora e dos testes de preferência manual e pedal dos três momentos de avaliação do aluno A.

Quadro 1. Efects of a psicomotor program in people with autism spectrum disorders

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Relativamente ao teste de saltar sobre blocos de espuma, este manteve-se inalterado durante os três momentos de avaliação, com zero saltos efectuados. Quanto ao equilíbrio dinâmico, a soma dos valores foi decrescendo à medida que foi sendo aplicado o programa psicomotor. Assim, verificamos que houve uma diminuição do número de quedas, o que corresponde a uma consequente evolução desta componente da coordenação motora. No teste de lançar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – manual, verificamos que a mão preferida foi a direita, sendo também a mais proficiente, uma vez que todos os lançamentos concretizados foram efectuados com a mão direita. No entanto, quando comparamos estes valores com os valores do Quociente de Lateralidade Manual (QLATM), na avaliação inicial, podemos verificar que, ao contrário do esperado, o indivíduo apresenta uma intensidade de preferência manual esquerda (-100%) sendo classificado como sinistrómano consistente, uma vez que utilizou sempre a mão esquerda para a realização da tarefa de recolha dos dez objectos. Nos restantes momentos de avaliação, apesar de não ter sido registada uma percentagem igual de intensidade da preferência (-60% e 0%), observou-se a mesma direcção da preferência manual, sendo classificado igualmente como sinistrómano. Em relação ao teste de chutar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – pedal, verificou-se que todos os chutos concretizados foram efectuados com o pé direito, tendo sido este o pé mais proficiente. O mesmo se verificou nos resultados do Quociente de Lateralidade Pedal (QLATP), ao contrário do QLATM, uma vez que nos três momentos de avaliação a intensidade da preferência variou entre os 60% e os 100%, tendo sido o aluno A. classificado de preferência pedal direita. Todavia, esta preferência apenas é considerada consistente no terceiro momento. Assim, podemos afirmar que o indivíduo A. apresenta preferência manual esquerda e uma preferência pedal direita.

Quadro 2 – Resultados dos testes de coordenação motora e dos testes de preferência manual e pedal dos três momentos de avaliação do aluno B.

Quadro 2. Efects of a psicomotor program in people with autism spectrum disorders

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

No que concerne ao teste de caminhar sobre a trave, utilizado para avaliar o equilíbrio dinâmico, o resultado manteve-se inalterado nos três momentos de avaliação, não tendo sido registado qualquer número de quedas, uma vez que o aluno B. foi considerado não colaborante, recusando-se a realizar o teste proposto. O mesmo verificou-se com o teste de saltar sobre os blocos de espuma, com zero saltos efectuados. No teste de lançar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – manual, verificamos que a mão preferida foi a direita, tendo sido também a mão proficiente, uma vez que todos os lançamentos foram realizados com esta mão. Apesar de no teste de coordenação óculo – manual o aluno ter utilizado a mão direita para realizar todos os lançamentos, no teste de recolha de objectos, utilizado para avaliar o QLATM, o indivíduo apresentou, nos três momentos de avaliação, a mesma direcção da preferência (-100%; 0; -100%) respectivamente, sendo classificado como sinistrómano. No entanto, apenas é considerado consistente na avaliação inicial e final, uma vez que nestes dois momentos utilizou sempre a mão esquerda para a realização da mesma tarefa. Em relação ao teste de chutar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – pedal, verificou-se que todos os chutos concretizados foram efectuados com o pé direito, tendo sido este o pé mais proficiente. Esta ocorrência está de acordo com os resultados do QLATP, uma vez que nos três momentos de avaliação a intensidade da preferência variou entre os 60% e os 100%, tendo sido o aluno B. classificado de preferência pedal direita. Porém, só foi considerado consistente na avaliação intermédia e final. Assim, podemos afirmar que o indivíduo B. apresenta preferência manual esquerda e uma preferência pedal direita.

Quadro 3 – Resultados dos testes de coordenação motora e dos testes de preferência manual e pedal dos três momentos de avaliação do aluno C.

Quadro 3. Efects of a psicomotor program in people with autism spectrum disorders

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

No que respeita ao teste de caminhar sobre a trave, utilizado para avaliar o equilíbrio dinâmico, constatamos que na avaliação inicial o aluno C. foi considerado não colaborante, tendo-se recusado a realizar o teste proposto. Todavia, da avaliação intermédia para a avaliação final, foi registada uma diminuição do número de quedas (3;1) respectivamente, o que corresponde a uma consequente evolução desta componente da coordenação motora. Tal melhoria poderá ser resultado do efeito de treino. O teste de saltar sobre blocos de espuma, que avalia a coordenação dinâmica geral, manteve-se inalterado nos três momentos de avaliação, com zero saltos efectuados. No teste de lançar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – manual, verificamos que apenas os quatro primeiros lançamentos da avaliação inicial foram efectuados com mão direita, e os restantes seis com a mão esquerda. O único lançamento concretizado foi efectuado com esta mão. Na avaliação intermédia e na avaliação final todos os lançamentos foram efectuados com a mão esquerda, tendo sido concretizados cinco lançamentos em cada momento. Importa salientar que existe uma diferença acentuada, de quatro lançamentos concretizados, do primeiro para o segundo momento de avaliação, permanecendo inalterados deste para a avaliação final. Analisando os resultados do teste de recolha de objectos, utilizado para avaliar o QLATM, verificamos que o indivíduo apresentou, nos três momentos de avaliação, a mesma direcção de preferência (-100%; -80%; -100%) sendo considerado sinistrómano.

Devido à variação da intensidade da preferência, apenas foi considerado consistente no primeiro e último momento de avaliação uma vez que, em ambos os momentos, utilizou a mão esquerda para a realização da mesma tarefa. Em relação ao teste de chutar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – pedal, verificou-se que todos os chutos concretizados foram efectuados com o pé esquerdo, tendo sido este o pé mais proficiente. Ao contrário da restante amostra, em relação ao QLATP e nos três momentos de avaliação, a intensidade da preferência variou entre os -80% e os -100%, tendo sido o aluno C. classificado de preferência pedal esquerda. Apesar da direcção ter sido a mesma, as diferenças de intensidade apenas nos permitem classifica-lo de consistente na avaliação final. Relativamente à amostra, o aluno C. atingiu os melhores resultados, a nível do desempenho, na coordenação óculo – manual e na coordenação óculo – pedal. Assim, podemos afirmar que o indivíduo C. apresenta preferência manual esquerda e preferência pedal esquerda.

Quadro 4. Efects of a psicomotor program in people with autism spectrum disorders

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Resultados do Grupo

O Quadro 4 apresenta os níveis de coordenação motora da amostra, em função das capacidades avaliadas: equilíbrio dinâmico, coordenação óculo – manual e coordenação óculo – pedal, assim como os resultados dos testes de preferência manual e pedal nos três momentos de avaliação.

Quadro 4 – Níveis de coordenação motora da amostra nos três momentos de avaliação e quocientes de lateralidade manual e pedal. Valores de média, desvio padrão, qui – quadrado e de p. Em relação ao teste de caminhar sobre a trave, que avalia o equilíbrio dinâmico, não foi possível determinar o valor de p, uma vez que apenas um aluno o efectuou. No entanto podemos verificar, para este aluno, como já referimos, uma melhoria do desempenho, uma vez que a média do número de quedas nas avaliações intermédia e final apresenta valores mais baixos, quando comparada com a avaliação inicial. No que concerne ao teste de lançar a bola para derrubar um pino, que avalia a coordenação óculo – manual, podemos referir que as diferenças entre os três momentos são estatisticamente significativas (p=0,061). Assim, a média de lançamentos concretizados aumentou através dos três momentos de avaliação. O mesmo aconteceu no teste de chutar a bola para derrubar um pino, utilizado na avaliação da coordenação óculo – pedal, onde o aumento da média de chutos concretizados verificou-se através dos três momentos de avaliação. Este teste apresentou diferenças estatisticamente significativas, sendo que o valor de p foi igual a 0,097. Relativamente ao QLATM podemos verificar que entre os três momentos de avaliação as diferenças foram estatisticamente significativas. No QLATP as diferenças entre os três momentos de avaliação não foram estatisticamente significativas (p=0,150). Quando avaliamos a preferência manual, os resultados apresentados, apesar de demonstrarem intensidades diferentes, indicam que os indivíduos com PEA apresentam índices de preferência manual esquerda.

De acordo com Correia (2006), cujo estudo foi realizado com a mesma população alvo, os valores obtidos foram os esperados dado que, do mesmo modo, Aram et al. (1988), McManus et al. (1992), Lewin et al. (1993), Bradshaw et al. (1996), Cornish e McManus (1996) e McManus e Cornish (1997), em estudos anteriores, quando compararam grupos de pessoas com PEA com indivíduos ditos normais chegaram à conclusão que os indivíduos com PEA apresentavam índices superiores de preferência manual esquerda. Aram et al. (1988), Bradshaw et al. (1996), McManus e Cornish (1997) e Bonvillian et al. (2001) afirmam que a elevada taxa de preferência manual esquerda em indivíduos com PEA não se deve ao facto de ser uma característica da patologia, mas sim devido à deficiência mental associada, apresentada numa grande parte dos casos, sugerindo que esta circunstância acontece na maior parte dos diagnósticos de perturbação do desenvolvimento (Correia, 2006). Ao longo dos três momentos de avaliação, apesar de se manter a direcção da PP e da PM, os nossos resultados demonstram uma variação da sua intensidade, na medida em que, muitas vezes, os membros utilizados foram os menos proficientes em detrimento dos mais proficientes. Pensamos que esta variação se deve ao facto de se tratar de uma população com necessidades especiais, com múltiplos factores inerentes à sua patologia, nomeadamente a falta de atenção e de concentração. Kanner (1943), aquando da divulgação do seu trabalho, referiu que o grupo de crianças estudadas apresentava dificuldades na marcha e uma evidente falta de equilíbrio. Nos resultados do nosso estudo verificamos que a população com PEA apresenta um equilíbrio dinâmico muito deficitário. No entanto, apesar de não se observarem diferenças estatisticamente significativas, na análise do grupo, ao serem comparados os três momentos, foi possível verificar uma melhoria desta componente a nível individual.

No que concerne à coordenação óculo – manual e coordenação óculo – pedal, na análise do grupo, apesar destas componentes estarem pouco exercitadas nesta população, obtivemos diferenças estatisticamente significativas entre os três momentos de avaliação. Também Correia (2006), nos resultados do seu estudo, verificou que indivíduos com PEA, comparados com a população dita normal, apresentam uma coordenação óculo – manual consideravelmente deficitária. Assim, concluímos que o equilíbrio dinâmico foi trabalhado em todas as sessões com os três alunos, tendo sido esta a componente que atingiu maior evolução nos alunos A. e C. Comparando a coordenação óculo – manual com a coordenação óculo – pedal, podemos aferir que a segunda componente que mais evoluiu foi a coordenação óculo – manual, sendo que esta foi também trabalhada na equitação terapêutica, o que traduz uma exercitação em todas as sessões de psicomotricidade, ao contrário da coordenação óculo – pedal que apenas foi abordada uma vez por semana. Concluímos, ainda, que nos indivíduos B. e C. os membros que mais evoluíram, entre os três momentos de avaliação, foram os membros superiores. Pensamos que este desenvolvimento prende-se com o facto desta componente ter sido exercitada na equitação terapêutica, o que levou a uma possível evolução em relação aos membros inferiores, derivada do efeito do treino. O mesmo não aconteceu com o aluno A., uma vez que este não frequentou a equitação terapêutica.

5. Conclusões

Aluno A.

O teste de caminhar sobre a trave, que avalia o equilíbrio dinâmico, foi o teste onde o aluno registou uma maior evolução, diminuindo o número de quedas ao longo do programa psicomotor. Em relação ao teste de lançar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – manual, podemos afirmar que foi o teste onde se observou menor evolução do aluno. Relativamente aos membros superiores e inferiores (esquerdo ou direito), o que obteve maior evolução nos testes de coordenação motora foi o membro superior direito e o membro inferior direito.

Aluno B.

Em relação ao teste de lançar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – manual, concluímos que foi neste teste que a evolução do aluno foi maior. Podemo-nos referir ao teste de caminhar sobre a trave, que avalia o equilíbrio dinâmico, como o teste onde o aluno registou menor evolução, tendo sido considerado como não colaborante em todos os momentos de avaliação. Relativamente aos membros superiores e inferiores (esquerdo ou direito), o que obteve maior evolução nos testes de coordenação motora foi o membro superior direito e o membro inferior direito.

Aluno C.

Podemo-nos referir ao teste de caminhar sobre a trave, que avalia o equilíbrio dinâmico, como o teste onde o aluno registou maior evolução, diminuindo o número de quedas ao longo do programa psicomotor. Em relação ao teste de lançar a bola para derrubar um pino, utilizado para avaliar a coordenação óculo – pedal, podemos concluir que foi neste teste que a evolução do aluno foi menor. Relativamente aos membros superiores e inferiores (esquerdo ou direito), o que obteve maior evolução nos testes de coordenação motora foi o membro superior esquerdo e o membro inferior esquerdo.

References

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  • Porac, C.; Coren, S. (1981). Lateral preferences and human Behavior. Springer – Verlag. New York.
  • Rogé, B. (1998). Educautisme – Infância (0-3 anos, 3-6 anos, 6-12 anos). CNEFEI e APPDA. Educautisme. Projecto Horizon.
  • Wing, L. (1988). The continum of autistic characteristics. In Schopler e G. B. Mesibov. Nova Iorque: Plenum Press.
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