Motivação para a prática do futsal
Motivação para a prática do futsal
RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER
La determinación de cuales los factores motivacionales para la práctica deportiva es analizada en varios estudios con el intuito de identificarlos en una perspectiva de melojar lo suyo rendimiento en la práctica deportiva. Además, son escasos los estudios en la modalidad de Futsal. El objetivo del presente estudio es identificar la importancia de los factores motivacionales en atletas de Futsal de ambos los sexos, identificando también las respetivas diferencias. Pretendemos corroborar la existencia de diferencias entre los atletas do sexo masculino e femenino en la importancia atribuida a los diferentes factores motivacionales. La amuestra fue constituida por 140 atletas (70 femeninos e 70 masculinos) con edades comprendidas entre los 19 e los 40 años de idead. Os atletas son sujetos a aplicación de un cuestionario “Cuestionario de Motivación para as Actividades Deportivas“ (QMAD), al final del entrenamiento durante 30 min. Fue identificado, en ambos los sexos, que los factores motivacionales más importantes son a Afiliación General, Forma Física y Desenvolvimiento de Competencias. Lo que varia con el sexo es la orden de importancia, en que no sexo femenino é Afiliación General, Desenvolvimiento de Competencias y Forma Física; y en lo sexo masculino es la Forma Física, Desenvolvimiento de Competencias y Afiliación General.
Introdução
O desporto é um dos fenómenos socioculturais mais importantes do século. Por isso mobiliza um enorme número de pessoas, materiais, instalações e recursos financeiros. Para que estes investimentos possam ser multiplicados, é necessário o sucesso nas competições e este está baseado principalmente na produção do atleta (Becker & Samulski, 1998). Neste contexto, o factor psicológico é fundamental para construir conhecimentos adaptados para a performance dos atletas. O estado mental, emocional e psicológico das pessoas tem relação direta com o desempenho nas atividades.
Quando nos debruçamos sobre o estudo dos factores psicológicos e as suas implicações na performance do atleta, imediatamente surge um que está intimamente relacionado, motivação.
Na procura de perceber o que é, realmente, motivação podemos encontramos na literatura alguns autores de referência como é o caso de Weinberg & Gould (1995) que referem a motivação sendo um termo ou conceito geral utilizado para compreender o complexo processo que coordena e dirige a direção e a intensidade do esforço dos indivíduos, responsável pela seleção e preferência por alguma atividade, pela persistência nessa mesma e ainda pelo carácter adequado do rendimento relativamente a determinados padrões (Singer, 1984). Aprofundando o termo e procurando entende-lo melhor, Carravetta (2001) distingue dois indutores diferenciados de motivação: A motivação intrínseca e a motivação extrínseca. A motivação extrínseca sustentada por recompensas materiais e incentivos, tais como elogio, reconhecimento social e dinheiro. A motivação intrínseca é sustentada pelo prazer em praticar determinada atividade, a busca da excelência na performance desportiva, a satisfação pelas tarefas bem realizadas, grau de dificuldade da tarefa, e somente em segundo plano aparecem as recompensas materiais.
Querendo compreender o desempenho do papel da motivação na área desportiva, obrigatoriamente associamos as rotinas como fatores determinantes e implicativos para uma maior ou menor motivação par a prática desportiva. Marques (2003), refere que estas rotinas de treinos e de competição desgastam o desportista. Os treinos são repetitivos, na competição há sempre a cobrança de bons resultados tanto por parte do atleta como dos técnicos e pais.
Estando um atleta horas diárias a treinar para a competição, com o objectivo de sucesso na competição, William (1986) defende que os factores psicológicos têm uma primordial influência no sucesso que se obtém em prestações desportivas. A motivação é considerada responsável pela persistência dos indivíduos numa determinada modalidade desportiva e manifesta-se como a principal fonte de êxito desportivo, devendo ser mantida permanentemente.
Inúmeros estudos realizados em países como os Estados Unidos da América, Brasil, Canadá, União Soviética e Reino Unido revelam uma participação regular em atividades desportivas superior a 70 milhões de jovens. Outros estudos enfatizam esta ideia afirmando que mais de 80% dos jovens, num ou outro momento da sua vida, participam em atividades desportivas (Morouço, 2004). Já foram realizados vários estudos na categoria da motivação, focando muito os factores motivacionais das pessoas na prática de atividade física. No Futsal, todavia, não existem muitos estudos sobre a motivação, com a utilização do QMAD ainda são mais reduzidos.
Do estudo de Gill, Gross & Huddleston (1983) como um dos estudos mais relevantes na área, onde desenvolveram um questionário que foi validado, “Participation Motivation Questionnaire”, para avaliar os motivos que levam os jovens a participar no desporto, os resultados obtidos mostraram que as razões mais importantes para a participação desportiva eram: melhorar as competências, divertimento, aprender novas competências, desafio e ser fisicamente saudável. Fernandes (1999), particularizando para a modalidade de natação, afirma que os factores psicológicos em nadadores assumem um papel fundamental relativamente aos restantes factores pressupostos do rendimento. Ao que Alves (1997, cit. por Fernandes, 1999) acrescenta que manter um elevado nível de motivação faz parte integrante do processo de evolução do nadador.
Mais especificamente, Cunhas & Hernandez (2004) estudaram a motivação para a prática desportiva em atletas do sexo feminino federadas de Futsal e Futebol. Os resultados obtidos mostraram que jogar em equipa e aprender novas habilidades alcançaram os níveis mais elevados para as atletas nas duas modalidades. Segundo Ortiz & Hernandez (2004), que estudaram a motivação no Futsal em atletas de ambos os géneros, os resultados sugeriram que atletas masculinos possuem maior motivação em todas as oito dimensões quando comparados com atletas femininas. Um estudo brasileiro, realizado por Marta Rosolen (2006), concluiu-se que as maiores motivações das atletas á prática do Futsal foram: jogar em equipa, diversão, melhorar as habilidades, obter forma física, libertar energia, status, outras situações e finalmente fazer amigos.
Material e Métodos
Amostra
O presente estudo baseou-se numa amostra 140 praticantes de Futsal, 70 praticantes do sexo masculino e 70 do sexo feminino. As suas idades estavam compreendidas entre os 19 e os 40 anos de idade (24,9±4,65), atletas femininos 23,8±4,24 e atletas masculinos 25,9±5,18. Todos os atletas tinham uma experiência superior a 5 anos de atividade desportiva federada.
Procedimentos
Para avaliar os factores motivacionais foi administrado, como instrumento de avaliação, aos inquiridos o “Questionário de Motivação para as Atividades Desportivas“, (QMAD). Questionário que determina as principais motivações para a prática desportiva, trata-se de uma versão traduzida e adaptada por Serpa (1992) para a população portuguesa, com base num instrumento originalmente desenvolvido por Gill et al. (1983), denominado de “Participation Motivation Questionnaire” (PMQ). Este instrumento (QMAD) inclui 30 itens, apesar do questionário aplicado conter um total de 32, representando cada um deles um motivo subjacente à participação em atividades desportivas. Os vários itens estão agrupados em 8 dimensões motivacionais: Estatuto (e.g., ganhar, viajar, receber prémios, ser conhecido); Emoções (e.g., descarregar energias, ter emoções fortes, libertar a tensão); Prazer (e.g., gostar, divertimento); Competição (e.g., entrar em competição, ultrapassar desafios); Forma física (e.g., manter a forma, fazer exercício, estar em boa condição física); Desenvolvimento de competências (e.g., melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, atingir um nível desportivo mais elevado); Afiliação geral (e.g., estar com os amigos, fazer novas amizades, pertencer a um grupo) e Afiliação específica (e.g., trabalhar em equipa, influência da família ou de amigos, influência dos treinadores). É pedido a cada atleta para classificar cada questão, numa escala de Likert, se é extremamente importante (5), bastante importante (4),importante (3), pouco importante (2) ou nada importante (1).
O procedimento adoptado foi aplicar o questionário aos atletas no final do treino (de forma individual) de acordo com o estipulado com a equipa técnica, não demorando mais que 30 minutos (explicação inicial e preenchimento do questionário). Após a entrega dos questionários aos atletas foi realizada uma leitura das instruções do seu preenchimento, bem como do objectivo do estudo. Foi ainda assegurado o anonimato e solicitou-se aos atletas que respondessem o mais honestamente possível. Os atletas foram alertados para a realização de uma leitura das instruções de preenchimento dos questionários e foi reforçada a ideia de que não existiam respostas certas nem erradas, que as respostas seriam mantidas como confidenciais e que os questionários pretendiam avaliar a opinião do atleta relativamente ao seu envolvimento na prática da modalidade, tendo em conta o presente momento. Por outro lado, foram fornecidas as devidas instruções de preenchimento e os esclarecimentos de eventuais dúvidas, de forma a evitar reservas por parte dos inquiridos. Salvo algumas dúvidas nas respostas, meramente pontuais, o preenchimento do inquérito decorreu com normalidade, não se registando grandes dificuldades.
Análise estatística
Para analisar os resultados obtidos, foram utilizados os seguintes procedimentos estatísticos: 1) Estatística descritiva: média e desvio-padrão; 2) Estatística inferencial: factor de correlação de Pearson. Para tal foi utilizado o programa estatístico Microsoft Excel 2007® for Windows.
Resultados
Na tabela 1 apresentamos os valores das médias e desvios-padrão das respostas dos sujeitos da nossa amostra relativamente à escala do QMAD, relativamente a ambos os géneros (masculino e feminino).
Como se pode constatar, o factor motivacional mais valorizado foi o Afiliação Geral (4,03±0,70) e o menos valorizado foi o Emoções (2,86±0,70).
Tabela 1. Motivação para a prática do futsal
Tabela 1 – Médias e desvios-padrão dos factores motivacionais para a totalidade da amostra.
Na tabela 2 voltamos a apresentar os valores das médias e desvios-padrão das respostas dos sujeitos da nossa amostra relativamente à escala do QMAD, relativo ao género feminino.
Como se pode constatar, o factor motivacional mais valorizado foi o Afiliação Geral (4,08±0,73) e o menos valorizado foi o Emoções (2,90±0,65)
Tabela 2. Motivação para a prática do futsal
Tabela 2 – Médias e desvios-padrão dos factores motivacionais para o género feminino da amostra.
Na tabela 3 voltamos a apresentar os valores das médias e desvios-padrão das respostas dos sujeitos da nossa amostra relativamente à escala do QMAD, mas desta vez só relativo ao género masculino.
Como se pode constatar, o factor motivacional mais valorizado foi o Forma Física (4,04±0,68) e o menos valorizado foi o Emoções (2,82±0,61).
Tabela 3. Motivação para a prática do futsal
Tabela 3 – Médias e desvios-padrão dos factores motivacionais para o género masculino da amostra.
Discussão
O propósito deste estudo foi o investigar de qual a motivação de atletas de Futsal para a prática desportiva, percebendo quais os factores que dão mais importância e assim adquirir conhecimento para poder fornecer informações aos treinadores de forma que possam intervir de maneira eficaz.
Podemos realçar os valores bastante elevados para a categoria da Afiliação Geral, pelo que podemos afirmar que os atletas da nossa amostra estão envolvidos na prática do Futsal pelo desejo de fazer novas amizades e pertencerem a um grupo. A par da Afiliação Geral, manter a forma, fazer exercício, estar em boa condição física é igualmente valorizado (Forma Física). Só depois o melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, atingir um nível desportivo mais elevado (Desenvolvimento de Competências), é considerado importante.
Depois de uma analise cuidada dos resultados obtidos, consideramos pertinente distinguir os resultados do género feminino e masculino.
Podemos verificar que as atletas (género feminino) de Futsal da nossa amostra dão realmente importância a estar com os amigos, fazer novas amizades, pertencer a um grupo. Posteriormente querem melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, para atingir um nível desportivo mais elevado. A par de manter a forma, fazer exercício, estar em boa condição física. Por outro lado o factor de ganhar, viajar, receber prémios, ser conhecido, não é o mais motivante a par de gostar ou achar divertido a prática da modalidade Futsal. O facto de entrar em competição ou ultrapassar desafios não é igualmente sobrevalorizado pelas atletas da nossa amostra.
Verificamos que os atletas (género masculino) de Futsal da nossa amostra dão igualmente importância aos mesmos factores das atletas, mas estabelecem um ordem diferente de grau de importância. Consideram que manter a forma, fazer exercício e estar em boa condição física é o principal das prioridades e só de seguida a estar com os amigos, fazer novas amizades, pertencer a um grupo. Melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, para atingir um nível desportivo mais elevado é também considerado de elevado. Tal como se verificou nos primeiros 3 factores, a ordem dos 3 últimos factores também se alterou. Os atletas de futsal consideram que o que lhes é menos importante é gostar ou achar divertido a prática da modalidade Futsal, o facto de entrar em competição ou ultrapassar desafios não é igualmente muito considerado e por último, mas dada mais importante que os 2 últimos factores o ganhar, viajar, receber prémios, ser conhecido é pouco valorizado.
Existem alguns estudos realizados nesta área temática, como é o exemplo de Ortiz & Hernandez (2004), que estudaram a motivação no Futsal em atletas de ambos os géneros, os resultados sugeriram que atletas masculinos possuem maior motivação em todas as oito dimensões quando comparados com atletas femininas. Os resultados encontrados no nosso estudo não vai no mesmo sentido, pois há uma alternância entre ambos os géneros. O estudo realizado por Cunhas & Hernandez (2004), vai no encontro dos resultados encontrados no presente estudo onde os factores motivacionais mais importantes para as atletas do sexo feminino federadas de Futsal e Futebol são jogar em equipa e aprender novas habilidades alcançaram os níveis mais elevados para as atletas nas duas modalidades. Marta Rosolen (2006), apresentou resultados similares aos nossos nos factores mais motivantes em atletas Futsal: jogar em equipa, diversão, melhorar as habilidades, obter forma física, libertar energia, status, outras situações e finalmente fazer amigos.
Conclusões
Com este estudo podemos concluir que os factores motivacionais que são mais valorizadoras por os atletas de Futsal pertencentes a nossa amostra são: Afiliação geral (e.g., estar com os amigos, fazer novas amizades, pertencer a um grupo); Forma física (e.g., manter a forma, fazer exercício, estar em boa condição física); e Desenvolvimento de competências (e.g., melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, atingir um nível desportivo mais elevado). Quantos aos factores motivacionais menos valorizados são: Competição (e.g., entrar em competição, ultrapassar desafios); Estatuto (e.g., ganhar, viajar, receber prémios, ser conhecido); e Emoções (e.g., descarregar energias, ter emoções fortes, libertar a tensão).
Relativamente ao género, não há alteração no grau de importância dos factores motivacionais mas na sua ordem de importância. O género feminino estabelece uma ordem de importância motivacional: Afiliação geral (e.g., estar com os amigos, fazer novas amizades, pertencer a um grupo); Desenvolvimento de competências (e.g., melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, atingir um nível desportivo mais elevado); e Forma física (e.g., manter a forma, fazer exercício, estar em boa condição física). Enquanto o género masculino dá maior importância à Forma física (e.g., manter a forma, fazer exercício, estar em boa condição física), depois Afiliação geral (e.g., estar com os amigos, fazer novas amizades, pertencer a um grupo) e por último Desenvolvimento de competências (e.g., melhorar as capacidades técnicas, aprender novas técnicas, atingir um nível desportivo mais elevado).
Referências
Becker Junior, B. & Samulski, D. (1998). Manual de Treinamento Psicológico para o Esporte. Rio Grande do Sul: Feevale.
Carraveta, E. O jogador de futebol: técnicas, treinamento e rendimento. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2001.
Fernandes, R. (1999). Caracterização fisiológica, cineantropométrica e psicológica do nadador pré-júnior. Tese de Mestrado. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto. Porto.
Gill. D.L.; Gross, J. B.; Huddleston, S. Participation Motivation in Youth Sports, International Journal of Sport Psychology, 14:1-14, 1983. Disponível em: <(http://dlibrary.acu.edu.au/staffhome/stburke/su02p37.htm)>. Acesso em 8 Abril 2011.
Marques, G. M. Psicologia do Esporte: Aspectos que os atletas acreditam. Canoas: Editora Ulbra, 2003.
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