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17 May 2012

Relação entre a percepção da imagem corporal e o índice de massa corporal em crianças brasileiras de 9 e 10 anos

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Atualmente observa-se uma intensa propagação de idéias de corpo perfeito e belo. Com o avanço das novas tecnologias, pode-se verificar até mesmo em crianças, anseios e desejos quanto a imagem corporal ideal. Contudo, toda essa disseminação de padrões de beleza tem influenciado na auto percepção corporal de modo que muitos tem apresentado insatisfação com seu corpo.

Autor(es): -Vanildo Rodrigues Pereira; Caroline Broch; Layane Castiglione Tasca; Rafael Da Silva Cagliari.
Entidades(es): Universida de Estadual De Maringá – Brasil
Congreso: IVCongreso Internacional de Ciencias del Deporte y la Educación Física. (VIII Seminario Nacional de Nutrición, Medicina y Rendimiento Deportivo)
Pontevedra, España, 10-12 Mayo 2012
ISBN: 978-84-939424-2-7
Palabras Clave: -Crianças; Imagem Corporal; Padrões de Beleza

Relação entre a percepção da imagem corporal e o índice de massa corporal em crianças brasileiras de 9 e 10 anos

 

RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER

Atualmente observa-se uma intensa propagação de idéias de corpo perfeito e belo. Com o avanço das novas tecnologias, pode-se verificar até mesmo em crianças, anseios e desejos quanto a imagem corporal ideal. Contudo, toda essa disseminação de padrões de beleza tem influenciado na auto percepção corporal de modo que muitos têm apresentado insatisfação com seu corpo. É sob essa perspectiva que nosso trabalho foi conduzido, tendo por objetivo analisar a percepção da imagem corporal de crianças de 9 e 10 anos de escolas públicas e privadas da cidade de Maringá-PR, relacionando os resultados com o Índice de Massa Corporal (IMC), sexo, idade, com o intuito de evidenciar determinações sobre corpo transmitidos por meio da influência midiática brasileira. A pesquisa foi do tipo descritivo-diagnóstica, avaliando 97 crianças de 9 e 10 anos, de ambos os sexos, por meio dos instrumentos: Escala das Silhuetas e Índice de massa Corporal. Resultados significativos foram encontrados na relação de satisfação/insatisfação com a própria imagem corporal, percebida tanto em meninas como em meninos, pois apresentaram elevado índice de insatisfação corporal. Não houve diferença significativa quanto a comparação da Imagem Corporal com o IMC. Constatou-se assim, um sinal de alerta em relação a percepção de imagem corporal, já que 95,5% dos sujeitos almejam por um corpo diferente, o que não é concerne já que 72,6% apresentam IMC dentro da normalidade. Estes resultados se justificam pela influência de corpos belos e saudáveis impostos pela sociedade atual.

 

RESUMO
Atualmente observa-se uma intensa propagação de idéias de corpo perfeito e belo. Com o avanço das novas tecnologias, pode-se verificar até mesmo em crianças, anseios e desejos quanto a imagem corporal ideal. Contudo, toda essa disseminação de padrões de beleza tem influenciado na auto percepção corporal de modo que muitos tem apresentado insatisfação com seu corpo. É sob essa perspectiva que nosso trabalho foi conduzido, tendo por objetivo analisar a percepção da autoimagem corporal de crianças de 9 e 10 anos de escolas públicas e privadas da cidade de Maringá-PR, relacionando os resultados com o Índice de Massa Corporal (IMC), sexo, idade, com o intuito de evidenciar determinações sobre corpo transmitidos por meio da influência midiática brasileira. A pesquisa foi do tipo descritivo-diagnóstica, avaliando 97 crianças de 9 e 10 anos, de ambos os sexos, por meio dos instrumentos: Escala das Silhuetas e Índice de massa Corporal. Resultados significativos foram encontrados na relação de satisfação/insatisfação com a própria imagem corporal, percebida tanto em meninas como em meninos, pois apresentaram elevado índice de insatisfação corporal. Não houve diferença significativa quanto a comparação da Imagem Corporal com o IMC. Constatou-se assim, um sinal de alerta em relação a percepção de imagem corporal, já que 95,5% dos sujeitos almejam por um corpo diferente, o que não é concerne já que 72,6% apresentam IMC dentro da normalidade. Estes resultados se justificam pela influência de corpos belos e saudáveis impostos pela sociedade atual.
Palavras–Chave: Crianças; Imagem Corporal; Padrões de Beleza.

 

RESUMEM
En la actualidad existe una intensa difusión de las ideas del cuerpo perfecto y hermoso. Con el avance de las nuevas tecnologías, se puede ver incluso en los niños, quiere y desea que la imagen corporal ideal. Sin embargo, toda esta difusión de los estándares de belleza han influido en el conocimiento del cuerpo magnético de modo que muchos han mostrado insatisfacción con su cuerpo. En este punto de vista que nuestro trabajo se llevó a cabo con el fin de analizar la percepción de la autoimagen corporal de los niños de entre 9 y 10 años de escuelas públicas y privadas de la ciudad de Maringá-PR, en relación los resultados con el Índice de Masa Corporal (IMC), sexo, edad, con el fin de mostrar las determinaciones del cuerpo de transmisión a través de la influencia de los medios en Brasil. El estudio fue de tipo descriptivo-diagnóstico, con 97 niños de entre 9 y 10 años, de ambos sexos, con los instrumentos: Escala de siluetas e índice de masa corporal. Se encontraron resultados significativos en la relación de la satisfacción / insatisfacción con su imagen corporal en las niñas y los niños, que revela altos niveles de insatisfacción corporal. No hubo diferencia significativa en la comparación de la imagen corporal con el IMC. Se encontró, así, una señal de alerta con respecto a la percepción de la imagen corporal, ya que el 95,5% de los sujetos anhelan para un cuerpo diferente, que no está preocupado por el 72,6% tenían un IMC normal. Estos resultados se justifican por la influencia de los cuerpos bellos y sanos impuestas por la sociedad.
Palabras clave: Niños; Imagen corporal; estándares de belleza.

 

INTRODUÇÃO
A preocupação com a própria imagem corporal dentro do contexto cultural brasileiro vem tornando as pessoas cada vez mais obcecadas na busca por um corpo ideal e belo, aumentando assim, a insatisfação com o próprio corpo. A obstinação pela cultura do corpo não vem de hoje, e sim, desde há muito tempo atrás, contudo, atualmente têm afligido também as crianças e os adolescentes do século XXI.
De acordo com McCabe; Ricciardelli (2004), a raiz que assombra o conceito da imagem que o indivíduo tem de si, pode estar vinculado aos aspectos perceptivos, cognitivos, afetivos, comportamentais e ambientais, em decorrência da tamanha influência destes fatores. Cabe também ressaltar que a indústria cultural, em especial a mídia televisiva, dissemina padrões de corpo e beleza quase utópicos, conduzindo pessoas na busca incansável por padrões de insatisfação com o próprio corpo.
Percebe-se que a grande preocupação para com a imagem corporal faz com que pessoas tenham distúrbios psicológicos e sociais relacionados a própria percepção. De acordo com Russo (2005), a cada mudança os distúrbios são acentuados, devido a mecanização da indústria cultural e dos meios de comunicação que reforçam imagens de padronização corporal, onde os olhares estão voltados a corpos moldados por exercícios físicos, cirurgias plásticas e tecnologias estéticas.
A imagem corporal é um importante componente de identidade pessoal. Gardner (1996) a define como a figura mental que temos das medidas, dos contornos e da forma de nosso corpo e dos sentimentos concernentes a essas características. O componente subjetivo da imagem corporal se refere à satisfação de uma pessoa com seu tamanho corporal ou partes específicas de seu corpo. Nesse sentido, destaca-se a influência negativa que exercem os meios de comunicação de massa, pois o ambiente sociocultural parece ser uma das condições determinantes para o desenvolvimento de distorções e distúrbios subjetivos da imagem corporal (KAKESHITA; ALMEIDA; 2006).
A atenção com a imagem corporal é tanta que faz com que o Brasil seja o segundo do ranking em cirurgias plásticas perdendo apenas para os Estados Unidos.
Em relação ao número de cirurgias plásticas realizadas em 2004, das mais de 660 mil intervenções cirúrgicas realizadas, as mulheres foram responsáveis por 69% delas. O fato é que, além da maioria das intervenções serem de natureza estética, a faixa etária dos 14 aos 18 anos correspondeu a 11% desse montante (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA, 2006), evidenciando que desde cedo e ainda com o corpo em formação, as mulheres, sejam elas meninas, adolescentes, jovens ou adultas, não estão satisfeitas consigo ao ponto de se submeter a cirurgias estéticas para alcançar um padrão de beleza imposto pela atual sociedade capitalista.
Assim sendo, a percepção da auto-imagem corporal é influenciada pela percepção das formas e peso do próprio corpo, ocasionando problemas quanto a insatisfação, autoestima e vivacidade da criança (SLADE, 1994).
Wang (2005) relata que quando há comparação de dados internacionais com dados brasileiros, os australianos apresentam uma exposição maior a mídia traduzindo em inovações, quanto a um padrão de beleza magro, uma insatisfação em relação ao seu corpo e prescrevendo uma relação socioeconômica mais alta do que no Brasil. Porém, pesquisas destacam que pessoas com melhores condições socioeconômicas estão mais propensas a iniciarem dietas e buscarem auxílio de profissionais ou empresas para controle de peso e interven­ções estéticas (MOORE, 1993; ANNUNZIATO et al. 2007).
Diante desses fatos, inúmeros estudos têm identificado grande percentual de crianças e adolescentes insatisfeitos com sua imagem corporal (COHANE; POPE, 2001; ERLING, HWANG, 2004). Encarar os aspectos dos papéis que a sociedade impõe por um corpo belo e sarado, é um dos grandes desafios no final da infância e início da adolescência na sociedade moderna.
Assim sendo, o objetivo principal desse estudo foi analisar a percepção da imagem corporal de crianças de 9 e 10 anos matriculadas em escolas públicas e privadas da cidade de Maringá-PR relacionando os resultados com o Índice de Massa Corporal (IMC), outros objetivos se caracterizaram por comparar a imagem corporal de acordo com a idade, sexo e ambiente escolar diferenciado (público e privado), relacionando os resultados de acordo com conceitos e determinações sobre corpo transmitidos por meio da influência midiática brasileira.

 

MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa caracterizou-se como do tipo descritivo-diagnóstica (CERVO; BERVIAN, 1983), pois observa e analisa determinada realidade, faz um diagnóstico desta, sem que haja intervenção direta sobre a mesma.
Fizeram parte deste estudo 97 crianças de 9 e 10 anos, de ambos os sexos, estudantes da rede de ensino fundamental, sendo 55 crianças de escola pública e 42 de escola privada da cidade de Maringá/PR – Brasil.
Foram utilizados os seguintes instrumentos:
a) A Escala de Imagem Corporal – Escala das silhuetas, que avalia a percepção da imagem idealizada e da imagem real que o indivíduo tem sobre si mesmo, verificando o grau de satisfação e /ou insatisfação em relação ao peso e as dimensões corporais. A escala é representada por 9 imagens femininas e 9 imagens masculinas que aumentam seu tamanho em relação ao sobrepeso. O entrevistado deve assinar o número 1 embaixo da imagem que representará sua imagem atual percebida e o número 2 para representar a imagem desejada, em que a imagem atual percebida e a imagem desejada poderão ser a mesma figura (TRITSCHLER, 2003).
b) O Índice de Massa Corporal (IMC) também foi utilizado, e caracteriza-se pelo peso corporal total em quilogramas (kg) dividido pela estatura elevada ao quadrado expressa em metros. Esta é a medida mais comumente empregada em estudos de grupos populacionais para classificação primária do estado nutricional.
Para análise dos dados, as variáveis categóricas foram caracterizadas pela distribuição da freqüência absoluta e relativa, para as variáveis numéricas, foi realizado o teste de normalidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov); para comparação utilizou-se o teste U de Mann-Whitney, tendo sido adotado para todas as análises P ? 0,05. Calculou-se o IMC dos sujeitos (fórmula: peso/estatura²).

 

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A avaliação da percepção da imagem corporal pelo método de silhuetas é um modelo clássico de pesquisa e permite diferentes possibilidades de análises e aplicações estatísticas e vem sendo utilizado em inúmeros estudos em diversos países.
A satisfação e/ou insatisfação corporal pode apresentar-se como negativa ou positiva. É negativa quando a percepção da imagem ideal encontra-se abaixo da imagem real, manifesta pelo desejo da criança por uma estrutura corporal menor, normalmente está relacionada com o querer ser mais magro. É positiva quando a imagem ideal é representada como acima da imagem percebida como real, isso revela o anseio pelo corpo maior e mais forte. A satisfação com o próprio corpo de materializa quando o indivíduo identifica sua imagem real no mesmo campo que a imagem ideal.
Desse modo, para melhor compreensão dos resultados sobre a percepção da imagem corporal, primeiramente distribuímos os dados da imagem corporal e do IMC em ambos os sexos, de acordo com o ambiente escolar público e privado (Tabela 01 e Tabela 02), posteriormente abordamos um tabela geral (Tabela 03) com os percentuais referentes a imagem corporal e o IMC.

 

Tabela 01: Frequência absoluta e relativa referente a percepção da imagem corporal e o IMC de crianças de escola pública em ambos os sexos.

Tabela 01. Relação entre a percepção da imagem corporal e o índice de massa corporal em crianças brasileiras de 9 e 10 anos

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 21

 

*P ? 0.05 (nível de significância adotado)

Dos participantes matriculados no ensino público, 8,0% do sexo masculino apresentaram satisfação corporal e os demais apresentaram insatisfação com o corpo (92%). Destes, 44,0% querem ganhar peso e 48,0% querem perder peso. No sexo feminino 3,0% apresentou satisfação corporal e as demais apresentaram insatisfação corporal (97%). Destas, 50,0% querem ganhar peso e 47,0% querem perdê-lo.
Verificou-se diferença estatisticamente significativa (p=0.005) no que condiz com a imagem corporal dos sujeitos da pesquisa, apontando alto nível de insatisfação com o corpo se comparado ao nível de satisfação. Quanto ao IMC, não houve significância.
Pinheiros (2003) relata que grande parte dos estudos mostram que o gênero feminino apresenta mais insatisfação com o corpo que o masculino, porém algumas pesquisas mostram prevalência de insatisfação corporal semelhante entre os dois gêneros, o que corrobora com os dados do presente estudo.
Ao analisar o Índice de Massa Corporal, no sexo masculino, 28,0% apresentaram IMC classificado como sobrepeso. No sexo feminino, constatou-se 23% com IMC classificado como sobrepeso. Ao comparar os sexos não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas.

 

Tabela 02: Frequência absoluta e relativa referente a percepção da imagem corporal e o IMC de crianças de escola privada em ambos os sexos.

Tabela 02. Relação entre a percepção da imagem corporal e o índice de massa corporal em crianças brasileiras de 9 e 10 anos

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 21

 

*P ? 0.05 (nível de significância adotado)

 

Dos participantes matriculados no ensino privado, 7,0% do sexo masculino apresentaram satisfação corporal e os demais apresentaram insatisfação com o corpo (93%). Destes, 34,0% querem ganhar peso e 59,0% querem perder peso. No sexo feminino 100,0% mostraram insatisfação corporal, isso indica que todas as meninas tem o desejo de perder peso. Esses dados revelam resultados estaticamente significativos (p=0,006), pois a satisfação corporal encontra-se em níveis extremamente baixos se comparado a insatisfação com o corpo.
Em relação aos sexos, os resultados deste estudo são similares aos encontrados por BOGT et al. (2006), quando detectaram que o sexo feminino está mais insatisfeito com o peso corporal do que o sexo masculino. Percebe-se também que por mais que os meninos tenham tido uma insatisfação menor que as meninas, seus valores ainda são altos. A insatisfação com a imagem corporal atinge ambos os sexos e o predomínio ocorrente é nas mulheres, mas a preocupação com o corpo também está presente entre os homens (CONTI et al., 2005; KAKESHITA; ALMEIDA, 2006).
De acordo com Graup et. al. (2008), a busca incessante por um padrão de corpo ideal, associada às realizações pessoais e à felicidade, está entre as principais causas de alterações da percepção da imagem corporal, em especial, para o gênero feminino. O que pode ser observado também é que os resultados encontrados no sexo masculino da escola privada, referente ao desejo maior por um corpo magro e atlético do que por uma estrutura física maior, não corrobora com inúmeros estudos, entre eles o de Pinheiro (2003), segundo esse autor, é comumente encontrar resultados em que os meninos tem preferência por um corpo maior, mais forte, demonstrando assim, um corpo mais atlético e não necessariamente mais gordura corporal.

 

Tabela 03: Percentual do nível de imagem corporal e IMC de crianças de 9 e 10 anos de ambientes escolares público e privado.

Tabela 03. Relação entre a percepção da imagem corporal e o índice de massa corporal em crianças brasileiras de 9 e 10 anos

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 21

 
De acordo com Triches e Giugliani (2007), as crianças mais insatisfeitas são as que estão com risco para obesidade, mas mesmo entre as crianças consideradas eutróficas, a maioria está insatisfeita com o seu peso. FERRIANE et. al. (2005) destacam que a insatisfação com a imagem corporal vem sendo identificada tanto em crianças e adolescentes obesos como não obesos. Essas crianças e adolescentes, além de insatisfeitos, em muitos casos desenvolvem problemas em relação à aceitação de sua imagem e à valorização de seu próprio corpo.
De um modo geral, as crianças de ambos os sexos, das escolas públicas e privadas demonstraram altas prevalências de insatisfação corporal negativa (62%), ou seja, a maior parte das crianças desejam um corpo mais leve, atlético e magro; constatou-se também nível de insatisfação corporal positiva (34%), em que existe a pretensão de corpos mais fortes. Sobre a insatisfação tanto negativa quanto positiva, totalizou-se 95,5%, e em relação a satisfação com o corpo, apenas 4,5% da população de crianças pesquisadas afirmaram estar satisfeitos com o corpo atual.
Existem evidências de que a imagem corporal positiva em crianças esteja associada a bons níveis de autoestima, uma vez que a imagem corporal negativa esta atrelada a depressão e as desordens alimentares (LEON, et. al. 1995).
Em se tratando das crianças de ambos os sexos, de escolas públicas e privadas, evidenciou-se que 72,6% apresentaram-se dentro da normalidade no que se refere ao Índice de Massa Corporal, em 27,4% foi constatado sobrepeso, o que pode ser considerado alto índice alcançando quase 30% da população pesquisada.
O presente estudo encontrou, entre os alunos do sexo masculino que apresentavam insatisfação corporal, prevalências muito semelhantes às encontradas em dois pequenos municípios no Sul do Brasil, com escolares de 08 a 11 anos. Observou-se que entre os meninos insatisfeitos com o corpo na escola pública, 49% gostariam de ser mais magros, 45% desejavam ser mais gordos e 6% estão satisfeitos, já na escola particular 35% gostaria de ser mais gordo e 60% gostaria de ser mais magro, somente 5% estão satisfeitos. No estudo realizado no Rio Grande do Sul, essas prevalências foram de 52,5% referentes ao anseio de perder peso, 47,5% esperam ganhar mais peso, e o nível de satisfação como corpo foi de 0,0% (TRICHES, GIUGLIANI, 2007).
Por meio dos resultados verificados nessa pesquisa, podemos afirmar que tanto as crianças de escolas públicas como de privadas, se mostram insatisfeitas quanto a sua imagem corporal. Embora o IMC tenha se apresentado como normal em 72,6% dos sujeitos, 95,5% não estão satisfeitos consigo mesmo, desejando um corpo diferente. Esse achado corrobora com estudo que confirma que muitos indivíduos, especialmente as mulheres, sentem-se insatisfeitas com o seu corpo mesmo quando não estão acima do peso normal (NUNES et al., 2001).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados encontrados neste estudo evidenciam que o ideal de corpo magro e atlético imposto pela sociedade parece prevalecer, pois grande parte das crianças com peso adequado, principalmente do sexo feminino, demonstram insatisfação com sua imagem corporal, desejando modificá-la. Isso pode decorrer pela adequação ao padrão de beleza socialmente estabelecido e seus efeitos nas relações sociais.
Em relação à Insatisfação Corporal, pode-se perceber que a maioria dos sujeitos estão insatisfeitos com o próprio corpo (95,5%), a insatisfação é distribuída entre o desejo de ser mais magro (62%), e o anseio por um corpo mais forte (34%). Os que denominam-se como satisfeitos com o próprio corpo totalizam 4,5% dos pesquisados, demonstrando um alto índice de insatisfação corporal que pode ser justificado por um série de fatores, especialmente, pela influência midiática e seus padrões de beleza que visam um corpo magro para as mulheres e um corpo atlético para os homens.
Sobre o Índice de Massa Corporal (IMC), 72,6% estão incluídos dentro da normalidade, enquanto 27,4% apresentaram sobre peso. Esses resultados apontam para uma preocupação especial com o peso em crianças, visto que quase 30% da população pesquisada está acima do peso.
Constatou-se que, ao comparar diferentes ambientes escolares, os meninos de escola pública e privada apresentaram níveis semelhantes de insatisfação corporal, distribuídas de forma equivalente entre insatisfação positiva e negativa. Ao comparar meninas da escola pública e da escola privada, diferenças significativas foram encontradas, pois embora de um modo geral o nível de insatisfação foi elevado nos diferentes ambientes, 92% das meninas de escola privada revelaram querer ser mais magras, sendo que nenhuma demonstrou satisfação com o próprio corpo.
Ao comparar o IMC das crianças de diferentes ambientes, percebe-se que 70,6% de escola privada estão dentro do peso normal, resultados próximos ao verificado na escola pública, de 74,5% sujeitos com IMC normal. Não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas nesse aspecto.
Assim sendo, os resultados permitem concluir que a insatisfação com a imagem corporal não está atrelada apenas a juventude ou vida adulta, mas podem ser encontrados elevados índices de insatisfação em crianças de 9 e 10 anos, tanto em ambientes escolares públicos, e privados. Percebe-se que o nível socioeconômico não interferiu nos resultados desta pesquisa, já que grande parte dos indivíduos se mostram insatisfeitos com o corpo.
Apesar da acentuada insatisfação corporal, não houve diferença significativa entre a imagem corporal e o IMC, pois grande parte dos participantes encontram-se dentro do padrão normal, revelando que sua imagem atual não está em dissonância com seu IMC, a questão problema se dá devido aos sujeitos da pesquisa desejarem ter corpos diferentes, em coerência com os padrões de beleza estabelecidos pela sociedade.
O presente estudo contribuiu ao verificar a alta prevalência de insatisfação com a imagem corporal desde a infância, principalmente pelo fato de que, a maior parte da população pesquisada está inserida dentro dos padrões normais de IMC. O desafio que surge é em relação a reflexão sobre os valores e conceitos que tem sido transmitidos e como questões referentes ao corpo belo e saudável expostas a todos, podem ter exacerbada influência sobre a vida da criança e a autoaceitação de seu corpo.

 

REFERÊNCIAS
ANNUNZIATO R. A; et al. A comparison of weight-control behaviors in African American and Caucasian women. Ethn Dis 17:262-7, 2007.
BOGT, T.F.M.T.; et al. Body mass index and body weight perception as risk factors for internalizing and externalizing problem behavior among adolescents. Journal of Adolescent Health, San Francisco, v.39, p.27-34, 2006.
COHANE, G.H.; POPE, J.R.H.G. Body image in boys: a review of the literature. International Journal of Eating Disorders. Los Angeles, v.29, n.373-9, 2001.
CONTI, M.A.; et al. Imagem Corporal e estado Nutricional de estudantes de uma escola particular (dissertação). Departamento da faculdade de Saúde Pública da USP, 2002.
ERLING, A.; HWANG, C. Body-esteem in Swedish 10-year-old children. Perceptual and Motor Skills, Missoula, v.99, p.437-44, 2004.
FERRIANE, M.G.C.; et al. Auto-imagem corporal de adolescentes atendidos em um programa multidisciplinar de assistência ao adolescente obeso. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v.5, n.1, p.27-33, 2005.
GARDNER, RM. Methodological issues in assessment of the perceptual component of body image disturbance. Br J Psychol. 87:327-37, 1996.
GRAUP, S.; et al. Associação entre a percepção da imagem corporal e indicadores antropométricos de escolares. Revista Brasileira Educação Física Especial, São Paulo, v.22, n.2, p.129-38, abr./jun. 2008.
KAKESHITA, I.S., ALMEIDA, S.S. Relação entre índice de massa corporal e a percepção da auto-imagem em universitários. Revista Saúde Pública, 40(3), 497-504, 2006.
LEON, G.; et al. Prospective analysis of personality and behavioral vulnerabilities and gender influences in the later development of disordered eating. Journal of Abnormal Psychology. 104, 140–149, 1995.
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MOORE, D. C. Body image and eating behavior in adolescents. Journal of the American College of Nutrition. 12:505-10, 1993.
MCCABE, M.P.; RICCIARDELLI, L.A. Body image dissatisfaction among males across the lifespan. Ver. Past literat, v.56: p.675-85, 2004.
NUNES, M.A.; et al. Influência da percepção do peso e do índice de massa corporal nos comportamentos alimentares anormais. Revista Brasileira Psiquiátrica; 23(1):21-7; Porto Alegre, 2001.
PINHEIRO, A.P.; GIUGLIANO, E.R.J. Quem são as crianças que se sentem gordas apesar de terem peso adequado? Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v.82, n.3, p.232-5, 2006.
PINHEIRO, A. P. Insatisfação com o corpo, auto-estima e preocupações com o peso em escolares de 8 a 11 anos de Porto Alegre [dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2003.
RUSSO, R. Imagem corporal: construção através da cultura do belo. Revista Movimento & Percepção,  v.5, n.6, p.80-90, 2005.
SLADE, P.D. What is body image? Behav Res Ther, Washington, v.32: p.497-502, 1994.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA. Cirurgia plástica, 2006. Disponível em: <http://www.cirurgiaplastica.org.br/publico/historico.cfm>. Acesso em: 24 jan. 2012.
TRICHES, R.M..; GIUGLIANI, E.R.J. Insatisfação corporal em escolares de dois municípios da região Sul do Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, 20(2):119-128, mar./abr., 2007.
TRITSCHLER, K. Medidas e Avaliação em Educação Física e Esporte. 5ª ed.; Manole: São Paulo, 2003.

WANG, Z.; et al. Influences of ethnicity and socioeconomic status on the body dissatisfaction and eating behaviour of Australian children and adolescents. Eating Behaviors, 6:23-33, 2005.

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