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4 Jun 2012

The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

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La educación se ha interesado siempre más por el hacer que por el sentir, pero quizá convenga cambiar ahora la perspectiva; acostumbrarse a sentir es empezar a sentirse, y al verbalizar lo que sentimos se produce el conocimiento; pero conocerse es vivir, y por eso decimos que, ante todo, aprender es aprender a pensar desde el cuerpo.

The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

 
Autor(es): Carla Fontes, Olga Vasconcelos, Adília Silva, Manuel Botelho
Entidades(es): Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Portugal

Congreso:I Congreso Internacional de las Ciencias del Deporte
Pontevedra, 2006
ISBN:978-84-611055-2-6
Palabras Clave: ): Mastectomy; Hydrogimnastics; Manual dexterity; Manual proprioceptive sensibility.

The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Abstract

This study pretends to investigate the influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour (manual dexterity – MD – and manual proprioceptive sensibility – MPS) of mastectomized women. The sample comprises 14 mastectomized women, with ages ranging between 41 and 65 years (54,29±5,51 yr). Of these, 7 had been practicing (P) a hydrogimnastics program during 6 months, 2 times a week, 60 minutes each session, and 7 had not practised any type of physical activity (NP). The sample was evaluated in two moments: before and after the program of hydrogimnastics. The MD and the MPS had been evaluated by the Minnesota Manual Dexterity Test and the Discrimination Weights, respectively.

Conclusions: (i) to the 1st for the 2nd moment, the P presented significant improvements in the MD, specifically, in the return test (p=0,051); in the MPS, significant improvements for the right hand had been verified (p=0,034); (ii) to the 1st for the 2nd moment, the NP didn’t present significant improvements neither in the MD, nor in the MPS; (iii) at the 1st moment, we didn’t verified significant differences between P and NP in the MD; in the MPS, significant differences occurred in all the ordinations (p=0,002); (iv) at the 2nd moment, we verified significant differences between P and NP for MPS, in the 2nd ordination with the right hand (p=0,030). We conclude that the hydrogimnastics program contributed to improve some aspects of the motor behaviour of these mastectomized women.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em média, no nosso país, registam-se cerca de quatro mil novos casos de cancro da mama por ano, o que dá uma média de doze novos casos por dia. Apesar do investimento ao nível da prevenção e rastreio, Soares e Frazão (2001) consideram que o carcinoma da mama continua a ser o tumor maligno mais frequente no sexo feminino e que em cada nove mulheres uma poderá desenvolver a doença, ao longo da sua vida. O tipo de cirurgia utilizado no tratamento do cancro da mama pode ser do tipo conservador, hoje em dia o mais utilizado, ou mais radical, pelo que do ponto de vista da reabilitação deverá ter uma abordagem diferente. Assim sendo, e segundo Avelar e Silva (2000), a mulher mastectomizada deve ser esclarecida sobre a importância de não realizar exercícios extenuantes ou excessivos e o número de repetições ser reduzido. Os exercícios na água proporcionam comodidade, eficácia e diversão que resultam, essencialmente, da hidrodinâmica e da natureza do movimento Gaines (2000). Segundo a autora, as características exclusivas da água convertem-na, assim, num meio excelente para realizar múltiplos exercícios e para todo o tipo de participantes. Sem dúvida que é uma das únicas actividades indicadas para quem tem pouca ou nenhuma condição física, daí que pessoas de todas as idades a possam praticar.

Na opinião de Boas (2003), actualmente, a procura da hidroginástica decorre de uma crescente consciencialização de que o exercício na água faz bem à saúde e de que, na água, até os eventuais efeitos perversos do exercício em terra podem ser superados. Santana (2003) refere que a hidroginástica é uma actividade através da qual, utilizando as propriedades físicas da água, se pode desenvolver o nível de aptidão física e criar hábitos de vida activa, com a intenção de provocar comportamentos relacionados com a saúde (promoção da saúde), nomeadamente, o aumento da actividade física e espontânea. A autora acrescenta, ainda, que a hidroginástica, além de permitir o desenvolvimento da aptidão física é também um bom meio terapêutico e de reabilitação. A destreza (habilidade/agilidade) é uma capacidade complexa que permite ao sujeito adaptar-se rapidamente a acções motoras de difícil execução, adaptar-se às circunstâncias do movimento e, além disso, aprender rapidamente novas acções motoras (Carvalho, 1983).

Lucea (1999) explica a destreza motora como a capacidade do indivíduo ser eficiente numa determinada habilidade, podendo ser adquirida por meio de aprendizagem. Segundo Pinto (2003), as destrezas motoras não podem ser aprendidas sem treino, e poucas delas o podem ser num só, por isso, são exigidas inúmeras repetições e bastante tempo de treino para que haja aprendizagem, mais ou menos permanente, na performance associada à experiência. A percepção não pode ocorrer na ausência de sensação porque de um modo geral, a percepção é um processo activo de interpretação da informação sensitiva (Costa, 1985). Por seu lado, Gomez et al. (2002) defendem que a propriocepção é o sistema através do qual o indivíduo percebe a posição e o movimento dos diferentes segmentos corporais. A sensibilidade proprioceptiva pode definir-se como o sentido de movimento e de posição dos diferentes segmentos corporais e está integrada pelos diferentes meios, pelos quais o indivíduo conhece a posição dos seus segmentos corporais e as suas relações recíprocas com a gravidade (Filho, 2001). Este estudo teve como objectivo principal investigar a influência de um programa de hidroginástica no comportamento motor (destreza manual – DM – e sensibilidade proprioceptiva manual – SPM) de mulheres mastectomizadas.

MATERIAL E MÉTODOS

A amostra foi constituída por 14 mulheres mastectomizadas, residentes na cidade de Santo Tirso e de Vila das Aves, com idades compreendidas entre os 41 e os 65 anos (54,29±5,51). Destas, sete praticaram actividade física (grupo experimental) e sete não praticaram qualquer tipo de actividade (grupo de controlo). As P, realizaram quarenta e oito aulas de hidroginástica (gratuitamente), programa administrado por nós durante seis meses, duas vezes por semana, tendo cada sessão a duração de sessenta minutos. Todas as mulheres NP, comprometeram-se a não praticar qualquer tipo de actividade física durante os seis meses. No nosso trabalho recolhemos dados relativos às variáveis da destreza manual e sensibilidade proprioceptiva manual (variáveis dependentes), através do Minnesota Manual Dexterity Test – TDMM e do Discrimination Weights – TDP, Modelo 16015, respectivamente, entre outras informações relevantes. A partir da aplicação do TDMM foi possível efectivar duas baterias de testes: o Teste de Colocação (TC) e o Teste de Volta (TV).

Assim sendo, a uma melhor performance corresponde uma pontuação mais baixa. No nosso estudo, as mulheres mastectomizadas realizaram três tentativas, mais a tentativa de experiência na aplicação das duas baterias do TDMM. Salientamos, ainda, que as mulheres evidenciaram algum cansaço na realização dos testes, nomeadamente no TC. No TDP, utilizamos a série de pesos leves (75 a 125 gramas) com o estímulo standard de 100 gramas. Foram utilizadas somente as três primeiras ordenações, ou seja, as três primeiras séries de onze estímulos variáveis. A pontuação do TDP é o total de respostas certas dadas em cada uma das cinco ordenações e é expressa em percentagem. Assim, quanto mais elevada a percentagem, melhor é a performance da mulher mastectomizada. Foi construída uma base de dados no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 12.5. Através dos procedimentos da estatística descritiva, apresentamos os valores da média e do desvio padrão. No que concerne à estatística inferencial, utilizamos a estatística não paramétrica pela razão da nossa amostra ter um número reduzido de indivíduos (n≤30). Recorremos, assim, ao Teste Wilcoxon (Siegel e Castellan, 1988) para compararmos o primeiro com o segundo momento de observação, ou seja, quando comparamos os dois grupos, no pré-teste e no pós-teste, no que respeita às variáveis dependentes (DM, SPM). Utilizamos, também, o Teste Mann-Whitney (Siegel e Castellan, 1988) para comparar o grupo experimental com o grupo de controlo em cada momento de observação no que concerne às variáveis dependentes já referidas. Ao longo do estudo, admitimos como nível de significância para a rejeição da hipótese nula, em todos os testes estatísticos, p≤0,05.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Ao nível das variáveis DM e SPM, os resultados tiveram em consideração a performance manual de cada uma das mãos, ou seja, a mão direita (MD) e a mão esquerda (ME). Nos Gráficos 1 e 2, é possível observarmos os resultados ao nível da DM, mais especificamente do TC, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres P e NP, respectivamente.

Gráfico 1. Resultados do TC, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres P.

Gráfico 1. The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 1

 

Gráfico 2. Resultados do TC, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres NP.

Gráfico 2. The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 1

Nos Gráficos 3 e 4, é possível observarmos os resultados ao nível da DM, mais precisamente do TV, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres P e NP, respectivamente.

Gráfico 3. Resultados do TV, nos dois momentos de observação, para as mulheres P.

Gráfico 3. The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 1

Gráfico 4. Resultados do TV, nos dois momentos de observação, para as mulheres NP.

Gráfico 4. The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 1

Relativamente à DM, do primeiro para o segundo momento de observação, para as P, verificaram-se melhorias significativas, nomeadamente, no TV (p=0,051). Para as NP, não se verificaram melhorias estatisticamente significativas. No primeiro e no segundo momento de observação, não se verificaram diferenças significativas entre P e NP. Os efeitos da hidroginástica sobre o SNC passam pelo aumento da performance psicomotora, pela melhoria na coordenação motora e pelo aumento na qualidade e precisão dos movimentos. Segundo Desrosiers et al. (1994), a avaliação da destreza manual é, frequentemente, avaliada em termos reabilitativos, dada a sua larga contribuição para a performance dos membros superiores e para a independência funcional. De um modo geral, os resultados alcançados mostram melhores desempenhos manuais para as mulheres P. Estes resultados também foram observados por Pinto (2003) e Desrosiers et al. (1997) que confirmaram que se pode melhorar a DM com a prática de actividade física, apesar de não contemplarem pessoas com cancro. Nos Gráficos 5 e 6, é possível observarmos os resultados da SPM, mais especificamente do TDP, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres P e NP, respectivamente.

Gráfico 5. Resultados do TDP, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres P.

Gráfico 5. The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 1

Gráfico 6. Resultados do TDP, para a MD e ME, nos dois momentos de observação, para as mulheres NP.

Gráfico 6. The influence of a program of hydrogimnastics in the motor behaviour

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 1

 

Na SPM, na comparação dos dois momentos, verificaram-se melhorias significativas para a mão direita (p=0,034), das mulheres P. Para as NP, não se verificaram melhorias estatisticamente significativas. No primeiro momento de observação, verificaram-se diferenças significativas em todas as ordenações (p=0,002), com excepção da segunda ordenação com a mão direita, para as NP. No segundo momento de observação, verificaram-se diferenças significativas para as NP apenas na segunda ordenação, com a mão direita (p=0,030). Após uma mastectomia, os movimentos do ombro e do braço ficam mais limitados. Por tudo isto, corroboramos com Delgado e Delgado (2001) que a hidroginástica estimula o sentido táctil, pela pressão hidrostática, pelos exercícios estimulantes na água, bem como, pela promoção de uma maior circulação sanguínea. Justificamos estes resultados através de Carmeli et al. (2003) quando diz que a sensibilidade funcional manual é essencial para manipular com precisão pequenos objectos indispensáveis nas actividades do dia-a-dia. Como tal, e sendo a mão um importante órgão sensorial táctil, a qualidade da performance nas tarefas da vida diária, nas relacionadas com o trabalho e ainda nas actividades recreativas é determinada, em grande parte, pela função manual, uma vez que ela é a parte mais activa e mais importante do membro superior. Os nossos resultados vão de encontro aos verificados por Pinto (2003), tendo os praticantes de actividade física apresentado melhores valores de SPM. É interessante verificarmos que quatro das sete mulheres mastectomizadas, P, foram sujeitas à cirurgia do lado direito. Contudo, parece que tal não influenciou a percentagem de respostas correctas no TDP, pois os melhores resultados foram obtidos com a mão direita. Consideramos importante referir, também, que das mulheres mastectomizadas NP, quatro realizaram mastectomia radical em relação a apenas uma das P. Mesmo assim, pode-se depreender que o tipo de mastectomia realizada pode não estar relacionada com uma maior ou menor SPM.

CONCLUSÕES

De uma forma geral, podemos concluir que o programa de hidroginástica contribuiu para melhorar alguns aspectos do comportamento motor das mulheres mastectomizadas da nossa amostra, tendo elevado desta forma o seu bem-estar e a sua qualidade de vida.

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Desporto, área de Especialização de Actividade Física para a Terceira Idade. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.

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