Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER
This study pretends to investigate the effect of lateral preference (hand, foot, eye and hear), sex and age in motor coordination in primary school children. The sample comprises 193 children (98 males; 95 females), between 6 and 10 years old (mean age 7,69±1,28 years old). They come from various primary schools of the city of Guimarães and Santo Tirso. The sample was divided according lateral preference, sex and age. A Lateral Preference Questionnaire (Van Strien, 2002; Coren et al., 1981) was used to assess the lateral preference. The Minnesota Manual Dexterity Test was used to assess the manual dexterity and The Foot Tapping Test was used to assess the pedal dexterity. The statistics procedures included descriptive and the inferential statistic (non parametric tests). The level of significance was p?0,05. Main conclusions: (i) The right handers did not present superior levels of lateral preference consistency comparatively to the left handers; (ii) Boys did not present superior levels of lateral preference consistency relatively to the girls; (iii) The oldest children did not present superior levels of lateral preference consistency comparing the newest children; (iv) The right handers did not present superior levels of lateral preference congruence regarding the left handers; (v) Boys did not present superior levels of lateral preference congruence comparatively to the girls; (vi) The oldest children did not present superior levels of lateral preference congruence relatively to the newest children; (vii) Manual preference and sex did not present a significant effect in the manual dexterity. (viii) Foot preference and sex did not present a significant effect on pedal dexterity. (ix) age presents a significant effect on manual dexterity and pedal dexterity. (x) Consistency of lateral preference and the occurrence of cross lateral preference did not present a significant effect on manual dexterity and pedal dexterity.
1. Introdução
O comportamento do ser humano é expresso em movimentos que, para terem sucesso, devem ser coordenados tendo em vista a obtenção de um objectivo, com a maior eficiência possível e o menor dispêndio energético. Quando se observa, em pormenor, esse comportamento, verifica-se uma preferência de um determinado lado do corpo humano para executar a maioria das tarefas, ou seja, existe uma assimetria motora funcional que parece favorecer um dos lados, normalmente o direito, que é expresso no uso da mão, do pé, do olho e até mesmo do ouvido. A existência de uma preferência lateral não deixa de ser intrigante, visto que, quando observamos o nosso corpo verificamos que ele é simétrico, dando a ideia que se o pudéssemos dividir, verticalmente, ao meio, ficaríamos com duas partes iguais. Contudo, se a observação for mais minuciosa, essa simetria é apenas aparente.
Basta verificarmos as expressões faciais para concluirmos que somos mais expressivos de um lado do que do outro. Quando possuímos pares de órgãos, o tamanho entre eles também não é igual (ex. pulmões, rins). Até mesmo o comprimento dos nossos braços não é igual. Para além desta assimetria estrutural, possuímos também assimetrias funcionais, quando por exemplo, utilizamos diferenciadamente um dos membros em exercícios onde apenas um pode ser utilizado. Isto sugere a existência de uma preferência lateral que pode ser observada numa variedade de tarefas como o escrever, o pontapear uma bola, o subir uma escada, o lançar a bola. Estes comportamentos lateralizados têm merecido a atenção de diversos investigadores, nomeadamente a lateralidade manual, que é segundo Porac e Coren (1981) definida como o uso diferencial de uma mão nas situações em que apenas uma delas pode ser usada e é, por excelência, a expressão de lateralidade cerebral mais facilmente observada (Peters, 1995). Alguns padrões de preferência lateral têm sido associados a uma diversidade de variáveis individuais, como a etnia, a idade, o sexo, a educação, a integridade neurológica, a ordem de nascimento, o stress de nascimento, a idade parental, ou a preferência manual parental (Porac e Coren, 1981). Apesar de existir uma grande preocupação na investigação destas diferenças, a ciência carece do desenvolvimento de um quadro teórico para a justificação deste fenómeno.
Com o aparecimento de métodos mais eficazes de determinação da preferência lateral, tem sido possível investigar a relação entre habilidades motoras específicas e a preferência manual. Dessas investigações emerge a ideia de que quando se compara destrímanos (indivíduos com preferência manual direita) e sinistrómanos (indivíduos com preferência manual esquerda) em várias situações de determinação de preferência e proficiência manual, os sinistrómanos demonstram uma maior performance com a mão não preferida, mas menos elevada com a mão preferida, o que parece indicar que os sinistrómanos não são tão lateralizados como os destrímanos, conseguindo, por isso, ter uma performance mais equilibrada quando se comparam ambos os lados (Mandell et al., 1984; Vasconcelos, 1992; Vasconcelos, 2004). Tendo em conta os estudos referidos anteriormente, verificando que existem diferenças de comportamentos entre sinistrómanos e destrímanos, a pesquisa sobre esta temática revela-se pertinente, visto que permitirá investigar se existe vantagem nalgum tipo de preferência lateral, quando os sujeitos são confrontados com tarefas de coordenação e destreza motora.
2. Objectivo do estudo
O nosso estudo tem como objectivo avaliar o efeito da preferência lateral na coordenação motora (destreza manual e pedal) de crianças do 1º ciclo do ensino básico.
3. Material e Métodos
A amostra deste estudo é constituída por 193 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos (sendo a média de idades de 7,69 anos e o desvio padrão de 1,28 anos) que frequentam o 1º Ciclo do Ensino Básico nos concelhos de Guimarães e Santo Tirso. Destas 193 crianças, 98 são do sexo masculino e 95 são do sexo feminino. As preferências manual, pedal, visual e auditiva foram avaliadas por um Questionário de Preferência Lateral (Van Strien, 2002; Porac e Coren, 1981), composto por vinte e cinco perguntas sobre diversas tarefas, divididas pelos quatro índices. Isto permitiu calcular o quociente de lateralidade (QLAT) para os quatro índices, aplicando a fórmula: QLAT = D – E / D + E x 100. Um resultado superior a zero, classifica o sujeito como destrímano e igual ou inferior a zero, como sinistrómano. Para a avaliação da destreza manual foi utilizado o Minnesota Manual Dexterity Test (Teste de Destreza Manual de Minnesota – TDMM), da Lafaett Instruments. Este teste engloba duas baterias: o teste de colocação (tc) e o teste de volta (tv). Para a avaliação da destreza pedal foi utilizado o teste Tapping Pedal (Sapateado). Nos procedimentos estatísticos, foram calculados a média e o desvio padrão, para todas as variáveis. Após averiguarmos a não normalidade da amostra (teste de Shapiro- Wilk), utilizámos a estatística não paramétrica (Teste de Mann Whitney e Tabelas de Contingência envolvendo o teste do Qui – quadrado). O nível de significância estabelecido foi de p ?0,05.
4. Resultados
Efeito da preferência manual na consistência da preferência lateral Para avaliar a consistência da preferência lateral decidimos separar os sujeitos considerando a sua preferência manual. Assim, o Quadro 1 apresenta-nos a consistência da preferência lateral nos quatro índices de lateralidade (mão, pé, olho e ouvido) em indivíduos com preferência manual direita (destrímanos) e em indivíduos como sendo de preferência manual esquerda (sinistrómanos).
Quadro 1 – Consistência da preferência lateral em indivíduos destrímanos e sinistrómanos. Média em percentagem, desvio padrão, valores de mean rank, de z e de p.
Quadro 1. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 2. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 3. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 4. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 5. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 6. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 7. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
Quadro 8. Lateral preference and functional motor assymetry in primary school children
5 – Discussão dos Resultados
6 – Conclusões
Referencias
Annett, M.; Turner, A. (1974). Laterality and the growth of intellectual abilities. British Journal of Educational Psychology, 44, pp 37-46.
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Gabbard, C., Hart, S. e Gentry, V. (1995). General Motor Proficiency and Handedness in Children. The Journal of Genetic Psychology, 156 (4), 411-416.
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Mandell, R. J.; Nelson, D. L.; Cermak, S. A. (1984). Differential laterality of hand function in righthanded and left-handed boys. Am J Occup Therapy, 38(2), pp. 114-120.
Peters, M. (1995): Handedness and its relation to other indices of cerebral lateralization. In Davidson, R. e Hugdahl, K. (Eds.): Brain asymmetry. MIT Press: Cambridge, pp.183-213.
Porac, C. e Coren, S. (1981). Lateral preferences and human behavior. New York: Springer-Verlag. Swinnen, S., Jardin, K., & Meulenbroek, R. (1996). Between-limb asynchronies during bimanual coordination: Effects of manual dominance and atencional cueing. Neuropsychologia, 34, pp. 1203–1213. Teixeira, L.; Silva, M.; Carvalho, M. (2003). Reduction of lateral asymmetries in dribbling: The role of bilateral practice. Universidade de S. Paulo, Brasil. Laterality, 8 (1), pp. 53-65.
Van Strien, J. W. (2002).The Dutch Handedness Questionnaire. Disponível em http://www.psyweb.nl/homepage/jan_van_strien_files/hquestionnaire_article.pdf Vasconcelos, O. (1992). Preferência manual: suas relações com os níveis de avaliação em educação física e com a assimetria motora funcional. Boletim da SPEF, 4 (2ª série), Primavera. Lisboa, SPEF, pp. 31-46.
Vasconcelos, O. (2004). Preferência lateral e assimetria motora funcional: uma perspectiva de desenvolvimento. In J. Barreiros, M. Godinho, F. Melo & C. Neto (Eds). Desenvolvimento e aprendizagem: perspectivas cruzadas. Lisboa: Edições FMH, pp. 67 – 93.
Vasconcelos, O.; Rodrigues P. (2008). Métodos de avaliação dos comportamentos de assimetria lateral: medidas de preferência e medidas de performance. In David Catela & João Barreiros (Eds.). Desenvolvimento Motor da Criança. (Aguarda Publicação). Lisboa: FMH.