The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER
This study pretends to investigate, in primary school children, the effect of hand preference and sex on manual dexterity and intermanual transfer. The sample comprises 87 children, 42 right-handed (22 males; 21 females) and 45 left-handed (24 males; 20 females). The children’s age varies from 9 to 11 years old. They come from various Primary schools of the municipalities of Santa Maria da Feira and Ovar. To assess hand preference we used the Hand Preference Questionnaire (Van Strien, 1992) and to assess hand dexterity we used the Purdue Pegboard Test (Lafayette Instrument). Subjects were divided into two groups, according two different transfer conditions: from the preferred to the non preferred hand and from the non preferred to the preferred hand. They were counterbalanced on the task’s starting hand. Statistics procedures included descriptive statistics and inferential statistics (Student t test and ANOVA factorial). Significance level: p?0,05. Major conclusions: (i) regarding manual dexterity, in general, there did not appear significant differences between the sexes. These differences only appear in the right-handed group, girls presenting a significantly better performance than boys; (ii) the hand preference presents a significant effect on the manual dexterity, right-handed showing a superior performance than left-handed: (iii) For the right-handed, we verified a symmetrical inter manual transfer of learning, identical from the preferred to the non preferred hand and from the non preferred to the preferred hand; (iv) for the left-handed, we verify an asymmetrical inter manual transfer of learning, being significantly superior from the non preferred to the preferred hand; (v) we verify a greater intermanual transfer of learning in left-handers than in right-handers, in the non preferred to the preferred hand‘s situation. Regarding the situation from the preferred hand to the non preferred hand, the intermanual transfer of learning is identical in the two groups of preference.
1. Introdução
A mão reflecte a assimetria mais óbvia do comportamento humano, ao ser escolhida, em detrimento da outra, para tarefas unimanuais ou, em tarefas bimanuais, expressando diferentes comportamentos: uma, funcionando de forma mais activa e a outra mais ao nível da ajuda, do suporte ou da sustentação. Tendo a mão um papel tão relevante na vida dos indivíduos, torna-se assim pertinente compreender o desenvolvimento do seu comportamento assimétrico, quer ao nível da preferência quer da proficiência e funcionalidade. No entanto, parece que os comportamentos de assimetria manual não são apanágio da espécie humana. Diversos estudos têm verificado assimetrias ao nível de outras espécies, tendo sugerido, em chimpanzés, factores genéticos na determinação da sua preferência manual (Hopkins et al., 2006; cit. Vasconcelos, 2007). A preferência manual define-se como sendo a mão mais frequentemente usada para executar tarefas unimanuais. Cerca de 90% da população tem preferência pela mão direita, enquanto que os restantes 10% têm a mão esquerda como a preferida. A mão preferida (MP) também tende a ser a mais rápida e proficiente (Annett, 1985). A relação entre a preferência manual, ou seja, o uso da MP no desempenho de diferentes tarefas e a proficiência manual, foi estudada por vários autores, no sentido de verificar até que ponto a preferência manual pode influenciar o desempenho (Vasconcelos, 1993; Nalçaci et al., 2001). Os modelos mais recentes (e.g. Ronnqvist e Domellof, 2006; cit. Vasconcelos, 2007) sugerem que a preferência manual é o resultado de um complexo conjunto de interacções entre os factores genéticos (responsáveis por despoletar as assimetrias) e os factores pré-natais, peri-natais e pós-natais (como o envolvimento sócio-cultural ou o tipo de tarefa a executar). A possibilidade de um ganho de força num membro ou extremidade não exercitada como resultado do treino do grupo muscular contralateral daquele membro, encontra-se bem documentada, na área da fisiologia. Coloca-se então a seguinte questão: Ocorrerão efeitos semelhantes na destreza manual? Assim, no domínio da preferência manual e da aprendizagem motora, constituindo um ponto de convergência, surge a questão colocada por Ammons (1958, cit. Vasconcelos, 1991): “Ocorre mais transferência do membro não preferido para o preferido ou vice-versa?”. Apesar de os estudos mais recentes apoiarem transferência bilateral da aprendizagem idênticas entre os membros (e.g. Teixeira, 2006) e, de entre os que sugerem o carácter assimétrico da transferência bilateral da aprendizagem, os mais recentes defenderem maiores ganhos do membro não preferido para o membro preferido (e.g. Haaland e Hoff, no futebol, 2003), esta é uma questão longe de estar resolvida.
Quanto à relação entre a transferência bilateral da aprendizagem e a preferência manual, os últimos estudos têm vindo a defender a ausência de qualquer associação (Fagard e Corroyer, 2003; Van Mier e Petersen, 2006), apesar de outros defenderem o contrário (e.g. Kumar e Mandal, 2005). Daqui concluímos que o fenómeno da transferência bilateral da aprendizagem e a sua relação com a preferência manual é um campo de investigação em aberto. Tendo em consideração o desenvolvimento motor da criança, deveremos dar mais atenção e valorizar todo o tipo de trabalho que proporcione a definição da preferência manual e, consequentemente, que promova o desenvolvimento das habilidades motoras, nomeadamente as que estão implicadas nos movimentos de destreza manual e que exijam níveis elevados de proficiência quer com um membro superior, quer com o outro. Geralmente o membro preferido é aquele que proporciona maiores oportunidades para um sucesso rápido na aquisição e no treino das habilidades. O outro membro permanece bastante ignorado até que o praticante se encontre numa situação onde a falta bilateral de competências faça a diferença. Deste modo, para que estes factores relacionados com a preferência manual, a destreza manual e a transferência inter manual de aprendizagem tenham um bom desenvolvimento e, nesse processo, interactuem da melhor forma possibilitando expressões eficientes e eficazes da performance, o nosso objectivo é tentar conhecer melhor as crianças nestes aspectos.
2. Objectivos
O presente estudo tem como objectivos investigar (i) o efeito da preferência manual na transferência inter manual numa tarefa de destreza manual, com crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico; (ii) Comparar os níveis de destreza manual (avaliação inicial, aquisição e transferência) em função do sexo, no geral e em cada grupo de preferência, (iii) Verificar o efeito da preferência manual na destreza manual, em cada momento de avaliação, no geral e em cada sexo; (iv) Investigar a percentagem de transferência inter manual nos destrímanos e nos sinistrómanos.
3. Metodologia
Para a avaliação da preferência manual foi usado o Questionário de Preferência Manual The Dutch Handedness Questionnaire (Van Strien, 2002). Após as crianças responderem ao questionário, calculamos o quociente de preferência manual (QLAT), aplicando a fórmula: QLAT = D – E / D + E x 100. Se o resultado fosse superior a zero, o sujeito seria classificado como destrímano. Se o resultado fosse igual ou inferior a zero, o sujeito seria classificado como sinistrómano. Para avaliar a transferência inter manual foi utilizada uma tarefa de destreza manual, recorrendo-se ao Purdue Pegboard Test – ( Lafayette Instrument). Os sujeitos (sexo masculino e feminino, destrímanos e sinistrómanos) foram contrabalançados em relação à mão de início da tarefa. Em seguida, foram divididos em dois grupos, relativos a duas condições diferentes de transferência: da MP para a mão não preferida (MNP) e da MNP para a MP. Realizaram então o teste Purdue Pegboard com as seguintes directivas: (i) colocar a maior quantidade de pinos e o mais rapidamente possível nos respectivos orifícios, em trinta segundos; (ii) cada sujeito realizou vinte e uma tentativas, sem tempo de descanso, que foram divididas em três momentos distintos: avaliação inicial (três tentativas), aquisição (quinze tentativas) e transferência (três tentativas).
Durante a condição de transferência da MP para a MNP, os sujeitos realizaram as três tentativas da avaliação inicial com a sua MNP, as quinze tentativas de aquisição com a sua MP e as três tentativas de transferência com a sua MNP. Durante a condição de transferência da MNP para a MP, os sujeitos realizaram as três tentativas da avaliação inicial com a sua MP, as quinze tentativas da aquisição com a sua MNP e as três tentativas de transferência com a MP. Em cada situação, foi registado o número de pinos introduzidos nos respectivos orifícios. O índice de transferência manual de aprendizagem (Woodworth e Scholsberg, 1971): valor médio de pinos introduzidos nas primeiras três tentativas (avaliação inicial) menos o valor médio de pinos introduzidos nas três últimas tentativas de transferência a dividir pelo valor de pinos introduzidos nas três primeiras tentativas (avaliação inicial). Procedimentos estatísticos: estatística descritiva (média e desvio de padrão) e estatística inferencial (teste t de Student para medidas independentes e ANOVA 2 factores). O nível de significância fixou-se em p ? 0,05.
4. Resultados
Níveis de destreza manual (avaliação inicial, aquisição e transferência) em função do sexo, no geral e em cada grupo de preferência. Em seguida iremos apresentar os resultados dos níveis de destreza manual (número de pinos colocados) em função do sexo e da preferência manual (em destrímanos e sinistrómanos) nos três momentos de avaliação (avaliação inicial, aquisição e transferência), através dos Quadros 1, 2 e 3. O Quadro 1 apresenta-nos os níveis de destreza manual em função do sexo nos três momentos de avaliação.
Quadro 1 – Níveis de destreza manual (número médio de pinos colocados) em função do sexo nos três momentos de avaliação. Média, desvio de padrão, valores de t e de p.
Quadro 1. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 2. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 3. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 4. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 5. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 6. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 7. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
Quadro 8. The effect of hand preference and sex on the manual dexterity and intermanual transfer, in primary school children
5. Discussão
6. Conclusões
Referencias
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