Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER
The performance in any professional domain depends not only on the acquired competence level but also on the self-evaluation of performer competences. Hence the perception of one’s own competence becomes a decisive professional competence factor. The purpose of this study was to examine coaches’ self-perception of competence on three dimensions: knowledge, skills and attitude. The likert-type Self-Perception of Professional Competence Scale Specific for the Sport Professional (adapted from Nascimento, 1999; Feitosa, 2002) was administered to a sample of 139 coaches of both gender (98 males and 41 females) with Education in Physical Education and Sport. Basic descriptive measures, independent simple t test and Pearson product-moment correlation coefficient were used in data analysis. The overall mean value of coaches’ self-perception of professional competences was relatively high (3,99±0,40). The attitude subscale presented the highest mean value (4,09), while the knowledge subscale presented the smallest mean value (3,77). The type of teacher education institution emerges as a distinguishing factor of self perception of competence in the dimensions knowledge and attitude. The professional experience was not a discriminating factor for self-perception of professional competence. Both at a general level analysis and at the three dimensions of competence results show moderate to high positive correlations coefficients. The grounds for the influence of the type of teacher’ education institution on self-perception of professional competence are open to future research and bring us to reflect about “content” in coach education.
Introdução
A competência profissional, apesar de ser um tema transversal às várias áreas profissionais, não reúne consenso relativamente à forma de a entender, manter e regular (Lysaght & Altschuld, 2000). A ausência de consenso resulta, em parte, da complexidade do próprio conceito de competência que, apesar das tentativas sistemáticas de clarificação, é de difícil alcance (Carr, 1993; Hager, 1993; Hager & Gonczi, 1996; Hoffmann, 1999; Hyland, 1997; Le Deist & Winterton, 2005; Short, 1984). Le Deist & Winterton (2005) chegam mesmo a afirmar que o conceito de competência é um conceito confuso. Apesar da multiplicidade de definições e de entendimentos, a generalidade das definições de competência tendem a incorporar conhecimento, habilidades e atitude (Stoof et al., 2002). Acresce que, o desempenho profissional competente resulta não só do nível de competência adquirido mas também da auto-avaliação que cada um faz das suas competências. A percepção de domínio das competências necessárias à actividade profissional surge muitas vezes como factor decisivo da competência profissional. Nesta linha de entendimento Nascimento (1999) refere que o sucesso profissional depende da utilização adequada de conhecimento e procedimentos assim como do sentimento de domínio manifestado em relação ao conhecimento e habilidades inerentes ao desempenho profissional. Por sua vez Dodds (1994) considera que a pessoa competente possui uma autoconfiança elevada e tende a procurar a aquisição de mais conhecimento num domínio cada vez mais específico. Deste modo, podemos considerar que maiores níveis de competência tendem a aumentar os níveis de competência percebida que, por sua vez, conduzem a processos de autodesenvolvimento da competência. Importa ainda referir que, tal como a competência, a percepção de competência é específica, e situacional. A pesquisa feito no âmbito do treinador ao nível da auto-percepção da competência profissional tem sido escassa, Jones et al. (2002) referem que apesar do recente aumento da investigação no treino, a natureza social e cultural do processo tem recebido pouca atenção, em detrimento de uma investigação mais direccionada para as teorias e metodologias de treino.
Alguns dos estudos realizados apontam como fontes primárias de conhecimento para os treinadores e para o treinar, a experiência de treinar e a observação de outros treinadores (Cushin, 2001; Gilbert, Trudel, 2001; Gould, et al., 1990; Salmela, 1996). Gould et al. (1990) referem mesmo que “one of the most important themes arising (in this context) was the importance of experiential knowledge and informal education” (p.34). Na sequência destes estudos, que exploram a importância da experiência na aquisição e desenvolvimento da competência, Cushion (2001) vai mais longe referindo que grande parte do conhecimento e prática para treinar é baseado na experiência e na interpretação pessoal dessa experiência. Harter (1981) vem acrescentar a ideia de motivação interna, considerando-a uma condição necessária para lidar de forma competitiva com o envolvimento. Além destes factores, outros são indicados como importantes na competência do treinador, nomeadamente os níveis de auto-confiança que este possui, que é fundamental não só para a gestão do grupo de trabalho, mas também para lidar melhor com o contexto que, neste caso específico é de natureza competitiva. Harter (1981) chega mesmo a afirmar que a motivação interna é uma condição necessária para lidarmos de forma competitiva com o envolvimento. Partindo destas premissas, e tendo em conta o contexto de mudança a que estamos a assistir ao nível dos processos de formação dos profissionais do desporto, com a passagem do paradigma centrado no conhecimento para o paradigma centrado nas competências, o estudo de questões associadas à autopercepção da competência profissional do treinador, assume-se como um aspecto importante a explorar.
Material e métodos
Amostra
A amostra é constituída por 139 treinadores de ambos os sexos (41 feminino e 98 masculino) com idades compreendidas entre 23 e os 54 anos e uma média de idades de 31 anos. Ao nível da experiência profissional a amostra foi categorizada em dois grupos: experiente (até 7 anos) e muito experiente (entre 10 e 12 anos); no que concerne à instituição de formação inicial, à semelhança da variável experiência profissional, constituíram-se dois grupos: treinadores formados na Faculdade de Desporto da universidade do Porto (FADEUP) e os formados noutras Instituições de Ensino Superior Portuguesas (IESP – Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Instituto Superior da Maia).
Instrumento
Para a recolha dos dados utilizou-se a escala de Auto-percepção das Competências Profissionais Específicas do Profissional de Desporto (adaptada de Nascimento, 1999; Feitosa, 2002) constituída por 49 itens agregados em três dimensões e respectivas categorias: dimensão conhecimento que inclui as categorias conhecimento conceptual e processual; a dimensão habilidades composta pelas categorias planeamento, comunicação, avaliação, motivação e gestão e a dimensão atitude. A resposta a cada item é efectuada numa escala de Likert de 6 níveis (0 a 5), em que 0 representa nenhum domínio da competência e 5 domínio total da competência. Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos No tratamento dos dados recorreu-se às medidas descritivas básicas – média e desvio padrão – e à análise inferencial – T-test para medidas independente para detectar se a experiência profissional e a instituição de formação inicial se revelam variáveis diferenciadoras na autppercepção da competência profissional e o coeficiente de correlação de Pearson para verificar se existem relações entre o nível de competência geral e as dimensões da competência (conhecimento, habilidades e atitude), assim como entre as dimensões. O nível de significância considerado foi de p ? 0.05.
Resultados
O valor geral da auto-percepção da competência profissional situa-se num nível geral médio elevado (3,99), sendo que os níveis superiores surgem na dimensão atitude (4,09), seguido da dimensão habilidades (3,95) e por último a dimensão conhecimento (3,77). Refira-se ainda que existe pouca dispersão dos valores em torno da média, pois os valores de desvio padrão são baixos (entre 0,33 e 0,37). Apesar dos valores de auto-percepção de competência serem muito similares, é notório que a dimensão conhecimento assume um valor mais distante (mais baixo) em relação aos valores médios das outras componentes.
1. Auto-percepção da competência em função da experiência profissional
Ao categorizarmos a amostra em função da experiência profissional, obtivemos dois grupos: o grupo experiente em que consideramos os treinadores com experiência até aos 7 anos (n =53) e o grupo muito experiente, com uma experiência entre 10 e 12 anos (n=86). Os dados revelaram que a experiência profissional não é factor diferenciador da auto-percepção de competência profissional, nem ao nível da competência geral, nem das dimensões, nem sequer das categorias incorporadas em cada dimensão (Quadros 1e 2).
Quadro 1 – competência geral e dimensões da competência em função da experiência profissional
Quadro 1. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
Quadro 2. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
2. Auto-percepção da competência em função da instituição de formação
Quadro 3. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
Quadro 4. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
Quadro 5. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution
Discussão
Conclusões
Referencias
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