+34 96 633 71 35
·WhatsApp·

18 Jun 2012

Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

The performance in any professional domain depends not only on the acquired competence level but also on the self-evaluation of performer competences.

Autor(es): Batista, P.; Pereira, F.; Graça, A.; Matos, Z.
Entidades(es): Universidade do Porto
Congreso: II Congreso Internacional de Ciencias del Deporte
Pontevedra 2008
ISBN:9788461235186
Palabras claves: Professional competence; sef-perception; coach 

Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER

The performance in any professional domain depends not only on the acquired competence level but also on the self-evaluation of performer competences. Hence the perception of one’s own competence becomes a decisive professional competence factor. The purpose of this study was to examine coaches’ self-perception of competence on three dimensions: knowledge, skills and attitude. The likert-type Self-Perception of Professional Competence Scale Specific for the Sport Professional (adapted from Nascimento, 1999; Feitosa, 2002) was administered to a sample of 139 coaches of both gender (98 males and 41 females) with Education in Physical Education and Sport. Basic descriptive measures, independent simple t test and Pearson product-moment correlation coefficient were used in data analysis. The overall mean value of coaches’ self-perception of professional competences was relatively high (3,99±0,40). The attitude subscale presented the highest mean value (4,09), while the knowledge subscale presented the smallest mean value (3,77). The type of teacher education institution emerges as a distinguishing factor of self perception of competence in the dimensions knowledge and attitude. The professional experience was not a discriminating factor for self-perception of professional competence. Both at a general level analysis and at the three dimensions of competence results show moderate to high positive correlations coefficients. The grounds for the influence of the type of teacher’ education institution on self-perception of professional competence are open to future research and bring us to reflect about “content” in coach education.

Introdução

A competência profissional, apesar de ser um tema transversal às várias áreas profissionais, não reúne consenso relativamente à forma de a entender, manter e regular (Lysaght & Altschuld, 2000). A ausência de consenso resulta, em parte, da complexidade do próprio conceito de competência que, apesar das tentativas sistemáticas de clarificação, é de difícil alcance (Carr, 1993; Hager, 1993; Hager & Gonczi, 1996; Hoffmann, 1999; Hyland, 1997; Le Deist & Winterton, 2005; Short, 1984). Le Deist & Winterton (2005) chegam mesmo a afirmar que o conceito de competência é um conceito confuso. Apesar da multiplicidade de definições e de entendimentos, a generalidade das definições de competência tendem a incorporar conhecimento, habilidades e atitude (Stoof et al., 2002). Acresce que, o desempenho profissional competente resulta não só do nível de competência adquirido mas também da auto-avaliação que cada um faz das suas competências. A percepção de domínio das competências necessárias à actividade profissional surge muitas vezes como factor decisivo da competência profissional. Nesta linha de entendimento Nascimento (1999) refere que o sucesso profissional depende da utilização adequada de conhecimento e procedimentos assim como do sentimento de domínio manifestado em relação ao conhecimento e habilidades inerentes ao desempenho profissional. Por sua vez Dodds (1994) considera que a pessoa competente possui uma autoconfiança elevada e tende a procurar a aquisição de mais conhecimento num domínio cada vez mais específico. Deste modo, podemos considerar que maiores níveis de competência tendem a aumentar os níveis de competência percebida que, por sua vez, conduzem a processos de autodesenvolvimento da competência. Importa ainda referir que, tal como a competência, a percepção de competência é específica, e situacional. A pesquisa feito no âmbito do treinador ao nível da auto-percepção da competência profissional tem sido escassa, Jones et al. (2002) referem que apesar do recente aumento da investigação no treino, a natureza social e cultural do processo tem recebido pouca atenção, em detrimento de uma investigação mais direccionada para as teorias e metodologias de treino.

Alguns dos estudos realizados apontam como fontes primárias de conhecimento para os treinadores e para o treinar, a experiência de treinar e a observação de outros treinadores (Cushin, 2001; Gilbert, Trudel, 2001; Gould, et al., 1990; Salmela, 1996). Gould et al. (1990) referem mesmo que “one of the most important themes arising (in this context) was the importance of experiential knowledge and informal education” (p.34). Na sequência destes estudos, que exploram a importância da experiência na aquisição e desenvolvimento da competência, Cushion (2001) vai mais longe referindo que grande parte do conhecimento e prática para treinar é baseado na experiência e na interpretação pessoal dessa experiência. Harter (1981) vem acrescentar a ideia de motivação interna, considerando-a uma condição necessária para lidar de forma competitiva com o envolvimento. Além destes factores, outros são indicados como importantes na competência do treinador, nomeadamente os níveis de auto-confiança que este possui, que é fundamental não só para a gestão do grupo de trabalho, mas também para lidar melhor com o contexto que, neste caso específico é de natureza competitiva. Harter (1981) chega mesmo a afirmar que a motivação interna é uma condição necessária para lidarmos de forma competitiva com o envolvimento. Partindo destas premissas, e tendo em conta o contexto de mudança a que estamos a assistir ao nível dos processos de formação dos profissionais do desporto, com a passagem do paradigma centrado no conhecimento para o paradigma centrado nas competências, o estudo de questões associadas à autopercepção da competência profissional do treinador, assume-se como um aspecto importante a explorar.

Material e métodos

Amostra

A amostra é constituída por 139 treinadores de ambos os sexos (41 feminino e 98 masculino) com idades compreendidas entre 23 e os 54 anos e uma média de idades de 31 anos. Ao nível da experiência profissional a amostra foi categorizada em dois grupos: experiente (até 7 anos) e muito experiente (entre 10 e 12 anos); no que concerne à instituição de formação inicial, à semelhança da variável experiência profissional, constituíram-se dois grupos: treinadores formados na Faculdade de Desporto da universidade do Porto (FADEUP) e os formados noutras Instituições de Ensino Superior Portuguesas (IESP – Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Instituto Superior da Maia).

Instrumento

Para a recolha dos dados utilizou-se a escala de Auto-percepção das Competências Profissionais Específicas do Profissional de Desporto (adaptada de Nascimento, 1999; Feitosa, 2002) constituída por 49 itens agregados em três dimensões e respectivas categorias: dimensão conhecimento que inclui as categorias conhecimento conceptual e processual; a dimensão habilidades composta pelas categorias planeamento, comunicação, avaliação, motivação e gestão e a dimensão atitude. A resposta a cada item é efectuada numa escala de Likert de 6 níveis (0 a 5), em que 0 representa nenhum domínio da competência e 5 domínio total da competência. Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos No tratamento dos dados recorreu-se às medidas descritivas básicas – média e desvio padrão – e à análise inferencial – T-test para medidas independente para detectar se a experiência profissional e a instituição de formação inicial se revelam variáveis diferenciadoras na autppercepção da competência profissional e o coeficiente de correlação de Pearson para verificar se existem relações entre o nível de competência geral e as dimensões da competência (conhecimento, habilidades e atitude), assim como entre as dimensões. O nível de significância considerado foi de p ? 0.05.

Resultados

O valor geral da auto-percepção da competência profissional situa-se num nível geral médio elevado (3,99), sendo que os níveis superiores surgem na dimensão atitude (4,09), seguido da dimensão habilidades (3,95) e por último a dimensão conhecimento (3,77). Refira-se ainda que existe pouca dispersão dos valores em torno da média, pois os valores de desvio padrão são baixos (entre 0,33 e 0,37). Apesar dos valores de auto-percepção de competência serem muito similares, é notório que a dimensão conhecimento assume um valor mais distante (mais baixo) em relação aos valores médios das outras componentes.

1. Auto-percepção da competência em função da experiência profissional

Ao categorizarmos a amostra em função da experiência profissional, obtivemos dois grupos: o grupo experiente em que consideramos os treinadores com experiência até aos 7 anos (n =53) e o grupo muito experiente, com uma experiência entre 10 e 12 anos (n=86). Os dados revelaram que a experiência profissional não é factor diferenciador da auto-percepção de competência profissional, nem ao nível da competência geral, nem das dimensões, nem sequer das categorias incorporadas em cada dimensão (Quadros 1e 2).

Quadro 1 – competência geral e dimensões da competência em função da experiência profissional

Quadro 1. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Como podemos verificar os treinadores experientes e muito experientes apresentam valores da percepção de competência diferentes nas várias componentes, contudo a diferença não é estatisticamente significativa. Refira-se que os valores médios, das três dimensões da competência são muito similares nos dois grupos, apresentando sempre o valor mais elevado na dimensão atitude, seguido da dimensão habilidades e por último a dimensão conhecimento.

Quadro 2 – categorias da competência em função da experiência profissional

Quadro 2. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Ao observarmos os níveis de auto-percepção de competência nas diferentes categorias verificámos que os treinadores experientes e muito experientes não se percepcionam significativamente diferentes em nenhuma delas. Os dois grupos revelam um perfil bastante similar de competência percebida. Na dimensão conhecimento tanto os treinadores experientes como os muito experientes apresentam um valor ligeiramente superior na categoria conceptual e ao nível da dimensão habilidades, revelam valores inferiores no planeamento logo seguido da avaliação. A variabilidade, apenas ocorre nas categorias motivação, gestão e comunicação.

2. Auto-percepção da competência em função da instituição de formação

Para analisarmos os níveis de competência percebida em função da instituição de formação inicial subdividimos a amostra em dois grupos: o grupo com formação na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP – n=75) e os formados noutras Instituições de Ensino Superior Português (IESP – Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Instituto Superior da Maia – n=59). Os resultados indicam-nos que a variável Instituição, em algumas componentes da competência, é um factor diferenciador da auto-percepção de competência profissional (Quadros 3 e 4). Quadro 3 – dimensões da competência em função da instituição de formação

Quadro 3. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Da análise dos resultados presentes no Quadro 3, de destacar que os treinadores formados na FADEUP apresentam valores de percepção de competência geral significativamente superiores aos demais treinadores. Ao nível das dimensões da competência, mais uma vez, os treinadores formados na FADEUP revelam valores de percepção de competência significativamente superiores nas dimensões conhecimento e atitude. A única dimensão que não revela diferenças de percepção com significado estatístico é a dimensão habilidades. Refira-se ainda que, independentemente da instituição de formação, todos os treinadores se percepcionam como mais competentes na dimensão atitude, seguido da dimensão habilidades e por último a dimensão conhecimento.

Quadro 4 – categorias da competência em função da instituição de formação

Quadro 4. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Quando observamos as categorias que compõem as dimensões da competência, constatámos que existem diferenças de percepção de competência com significado estatístico, nas duas categorias da dimensão conhecimento (conceptual e processual), sendo que os treinadores formados na FADEUP revelam uma percepção de competência superior comparativamente aos formados noutras instituições. Constatamos também que, apesar de a dimensão habilidades não ter revelado diferenças com significado estatístico (Quadro 3), a categoria gestão assume um valor significativamente superior nos treinadores com formação inicial na FADEUP. Nas restantes categorias os valores de percepção de competência são muito similares, não revelando diferenças com significado estatístico.

3. Relação entre competência geral e dimensões da competência

A análise correlacional efectuada centrou-se em quatro componentes, o nível médio de percepção geral, que designamos de competência geral e as três dimensões contempladas na escala de auto-percepção de competências profissionais específicas: conhecimento, habilidades e atitude.

Quadro 5 – correlações entre a competência geral e as dimensões da competência

Quadro 5. Coaches’ Self-perception of Professional Competence – the effect of professional experience and the type of teacher education institution

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Pela análise do Quadro 5 observamos que existem correlações moderadas a elevadas, entre todas as componentes da competência. A competência geral correlaciona-se significativamente com as três dimensões da competência, assumindo na dimensão habilidades o valor mais expressivo (r=0,942). Este dado indica-nos que o aumento da percepção geral de competência resulta do aumento das três dimensões (conhecimento, habilidades e atitude), mas é a dimensão habilidades que influencia de forma mais preponderante este aumento. Ao analisarmos as relações entre as dimensões da competência encontramos o mesmo tipo de associação, isto é, quando a percepção de competência aumenta numa dimensão, aumenta também nas outras. A correlação que assume o menor valor diz respeito às dimensões conhecimento vs atitude (correlação moderada, r=0,573) e a de maior expressão é a correlação entre as dimensões habilidades vs atitude (correlação alta r= 0.767).

Discussão

Os treinadores possuem uma percepção de competência situada num nível médio elevado e sentem-se mais competentes na dimensão atitude, seguido da dimensão habilidades e por último a dimensão conhecimento. Os valores mais baixos de percepção de competência ao nível do conhecimento tanto podem indiciar uma formação inicial que não responde às exigências de conhecimento necessário ao exercício profissional ou a uma valorização no entendimento que estes possuem de competência profissional. Esta possível valorização do conhecimento reflecte a ideia defendida por vários autores. Ao nível da formação, particularmente da formação de professores, o conhecimento, nos seus vários domínios, é referenciado como sendo a base da competência (e.g. Flach, 1986; Shulman, 1987; Grossman, 1990) que o consideram uma categoria central do constructo de competência. Batista et al. (2007) num trabalho de síntese que realizaram sobre o significado e o conceito de competência, identificaram o conhecimento como uma categoria referenciada como presente e fundamental à competência. Figueiredo et al. (2007) num estudo com 30 professores de Educação Física e 30 Treinadores, com o mesmo instrumento, encontraram resultados similares, quer ao nível da competência geral quer da ordenação das dimensões da competência.

No que concerne à exploração da variável experiência profissional, contrariamente ao esperado, não foram encontradas diferenças com significado estatístico em nenhuma das componentes da percepção de competência. Sendo a experiência referenciada como um aspecto fundamental nos processos de aquisição e desenvolvimento da competência, seria de esperar que os treinadores mais experientes se percepcionassem mais competentes, o que de facto não se verificou. Autores como Cushion (2001) e Gilbert & Trudel (2001) chegam mesmo a referenciar a experiência, em conjunto com a observação de outros treinadores, como fonte primária de conhecimento para os treinadores e para o treino. A proximidade das categorias consideradas na análise da experiência profissional (até 7 anos e entre 10 e 12 anos) poderá ser uma explicação para a não detecção de diferenças significativas nos níveis de competência percebida dos dois grupos. Outro aspecto que também pode ser equacionado é a noção empírica de que os profissionais à medida que aumentam a sua experiência tendem a tornar-se mais exigentes com o seu desempenho. A maior exigência resulta em parte da crescente consciencialização da complexidade do processo de treino, que consequentemente acaba por conduzir a uma percepção de competência muito similar em diferentes momentos da carreira profissional. Importa ainda referir que os níveis de competência percebida não correspondem necessariamente aos níveis de competência manifestada. A instituição de formação inicial foi a variável que se assumiu como factor diferenciador ao nível da percepção de competência. Os treinadores formados na FADEUP percepcionam-se significativamente mais competentes quer ao nível da competência geral como das dimensões, à excepção da dimensão habilidades. Estes dados remetem-nos para o conteúdo da formação inicial que surge como um factor que parece influenciar a forma como os profissionais percepcionam os seus níveis de competência. Neste campo as ideias divergem, enquanto Woodman (1993) refere que a chave de desenvolvimento do treinador como profissão está nos processos de formação, Rossi & Cassidy (1999) consideram que a formação de treinadores tem um impacto relativamente baixo quando comparado com outros factores nomeadamente as horas passadas como jogador, treinador adjunto e treinador.

Refira-se que a leitura destas posições, tem que ser relativizada, pois reportamse a formações específicas de treinadores, enquanto que os elementos que constituem a nossa amostra têm uma formação em Educação Física e Desporto. Contudo, face aos resultados obtidos, parece-nos legitimo inferir que as estruturas curriculares, das instituições em análise, têm um impacto na percepção de competência dos profissionais que forma. A título de curiosidade refira-se o estudo de Batista et al. (2006), que na comparação dos níveis de percepção de competência de estudantes-estagiários das quatro instituições consideradas neste estudo, chegaram a resultados muito diferentes. Os estagiários que se percepcionavam como mais competentes foram os do ISMAI (única instituição privada), facto que neste estudo se inverte, pois são os treinadores formados na FADEUP que se percepcionam significativamente mais competentes. Esta alteração pode dever-se ou a um ganho progressivo de autoconfiança dos treinadores formados na FADEUP ou a uma perda de sensação de domínio dos treinadores formados nas noutras instituições. O impacto da prática parece ter produzido os seus efeitos nos níveis de percepção de competência. Tomando como base a ideia de Nascimento (1999), que refere que o sucesso profissional depende, não só da utilização adequada de procedimentos e conhecimentos, mas também do sentimento de domínio manifestado em relação aos conhecimentos e habilidades inerentes ao desempenho profissional, podemos considerar que os treinadores formados na FADEUP tendem a revelar níveis superiores de competência, ao nível da dimensão conhecimento (quer conceptual quer processual) e gestão do processo de treino. As correlações positivas detectadas entre as componentes da competência, apontam para uma noção de competência integrada, em que o aumento de competência geral e de uma das dimensões corresponde ao aumento das restantes. Os treinadores parecem possuir um entendimento de competência associado a perspectivas relacionais, integradas (Hager, Gonzi, 1996; Kirschner et al., 1997; Cheetham, Chivers, 1998) que se afastam de perspectivas atomistas e reducionistas que durante muito tempo vigoraram, quer no campo da formação, quer no entendimento do próprio conceito.

Conclusões

Ao revisitarmos os dados resultantes desta análise, importa sintetizar alguns aspectos que ganharam relevo. Os treinadores percepcionam-se com níveis gerais de competência médios elevados, sendo que é ao nível do conhecimento que estes revelam menores níveis de confiança. A experiência profissional, contrariamente à instituição de formação inicial, não se assumiu como factor diferenciador dos níveis de competência percebida. Os treinadores formados na FADEUP apresentam valores de auto-percepção de competência profissional geral significativamente superiores, assim como ao nível das dimensões atitude e conhecimento. O mesmo se verificou nas categorias da dimensão conhecimento (conceptual e processual) e gestão da dimensão habilidades. A competência geral e as três dimensões da competência apresentam correlações positivas entre si, sendo que as existentes entre a competência geral e as habilidades e entre as dimensões atitude vs habilidades são as que assumem o valor mais expressivo (alto a muito alto). A percepção de competência profissional, apesar de ter sido analisada com base em dimensões e categorias, acabou por revelar que os treinadores possuem um entendimento de competência bastante integrativo, visto que níveis mais elevados de percepção de competência geral resultam de níveis mais elevados nas três dimensões da competência. Este entendimento de competência é defendido por um alargado conjunto de autores (Hager, 1993; Gonzi, Hager, 1996; Cheetham e Chivers, 1998) e ganha cada vez mais adeptos, afastando-se definitivamente de perspectivas atomistas e extremamente reducionistas. No contexto actual, em que as questões da competência se colocam de forma mais premente quer ao nível da formação, quer ao nível do mercado de trabalho, as instituições de formação inicial devem reflectir acerca dos seus currículos por forma a que os processos de aquisição e desenvolvimento da competência incorporem a complexidade e a temporalidade, utilizando metodologias capazes de formar profissionais autónomos, confiantes e capazes de dar resposta às exigências que os contextos profissionais lhes colocam.

Referencias

Batista, P.; Graça, A.; Matos, Z. (2006). Auto-percepção da competência profissional em estagiários de educação física de instituições de ensino superior portuguesas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 20(5): 429.

Batista, P.; Graça, A., Matos, Z. (2007). Competencia – Entre significado Y concepto. Contextos Educativos,10: 7-28.

Carr, D. (1993). Questions of competence British Journal of Educational Studies, 41(3), 253-271.

Cheetham, G., & Chivers, G. (1998). The reflective (and competent) practitioner: A model of professional competence which seeks to harmonise the reflective practitioner and competence-based approaches. Journal of European Industrial Training, 22(6/7), 267.

Cushion, C., Jones, R. (2001). A Systematic Observation of Professional Top-Level Youth Soccer Coaches. Journal of Sport Behaviour, 24 (4), 354-378.

Dodds, P. (1994). Cognitive and behavioral components of expertise in teaching Physical Education. Quest, 46(2), 153-163.

Feitosa, W. (2002). As competências específicas do profissional de Educação Física. Um estudo Delphi. Disserteção apresentada à coordenação de Pós-graduação em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina.

Flach, H. (Ed.). (1986). Zur Entwicklung des Pädagogischen Könnens in der Lehrerausbildung Berlin: Volk und Wissen Volkseigener Verlag.

Figueiredo, P.; Albuquerque, J.; Bilhastre, S.; Fernandes, R.; Baptista, P. (2007). Auto-percepção da Competência Profissional em Professores de Educação Física e Treinadores Desportivos. In: Actas da Conferência Internacional Psicologia do Desporto e Exercício. Universidade do Minho, Braga.

Gilbert, W., & Trudel, P. (2001). Lerning to Coach Throught Experience: reflection in model youth sport coaches. Journal of Teaching in Physical Education, 21, 16-34.

Gould, D., Giannini, J., Krane, V., & Hodge, K. (1990). Educational needs of elite USA National team, Pan American, and Olympic coaches. Journal of Teaching in Physical education, 9, 332-334.

Grossman, P. (Ed.). (1990). The Making of a Teacher. Teacher and teacher Education. New York: Teachers College Press.

Hager, P. J. (1993). Conceptions of competence [Electronic Version]. Philosophy of Education Yearbook 1993. Retrieved 2001, 21 Feb from T COMP 93_docs/hager.htm

Hager, P. J., & Gonczi, A. (1996). What is competence? Medical Teacher, 18(1), 15. Harter, S. (1981). A model of intrinsic mastery motivation in children: individual differences and development change. Paper presented at the Minnesota symposium on child psychology Hillsdale, NJ:Erlbaum

Hoffmann, T. (1999). The meanings of competency. Journal of European Industrial Training, 23(6/7), 275-285.

Hyland, T. (1997). Reconsidering Competence. Journal of Philosophy of Education, 31(3), 491- 503.

Jones, R. L., Armour, K. M., & Potrac, P. (2002). Understanding the Coaching Process: A Framework for Social Analysis. Quest 54, 34-48.

Kirshhner, P., Vilsteren, P.; Hummel, H., & Wigman, M. (1997). The design of a study environment and professional competence. Studies in Higher Education, 22(2), 151-171.

Le Deist, F. D., & Winterton, J. (2005). What Is Competence? Human Resource Development International, 8(1), 27-46.

Nascimento, J. (1999). Escala de auto-percepção de competência profissional em Educação Física e Desportos. 13(1), 5-21.

Rossi, T., & Cassidy, T. (1999). Knowledgeable teachers in physical education: A review of teacher’s knowledge. In Hardy, E.; Mawer, M., Learning and teaching in Physical Education (pp. 188-201). London: Falmer.

Short, E. C. (1984). Competence Reexamined. Educational Theory, 34(3), 201-207. Shulman, L. (1987). Assessment for teaching: an initiative for the profession. Phi Delta Kappan, 69(1), 38-44.

Stoof, A., Martens, R., Van Merriënboer, J., & Bastiaens, T. (2002). The Boundary Approach of Competence: A Constructivist Aid for Understanding and Using the Concept of Competence. Human Resource Development Review, 1(3), 345-365.

Woodman, L. (1993). Coaching: A science, an art, an emerging profession. Sport Science Review, 2, 1-13.

Open chat
Saludos de Alto Rendimiento:

Para información sobre los cursos y másteres ONLINE, puede contactarnos por aquí.

Asegúrate de haber completado el formulario (azul) de información del curso/máster.

Gracias!