Identificação, selecção e promoção de talentos nos jogos desportivos: factos, mitos e equívocos
RESUMO
A identificação e a selecção de talentos no desporto têm suscitado argumentos controversos e desordenados, que acarretam consequências marcantes para o presente e para o futuro, pessoal e desportivo, de um número expressivo de crianças e jovens. Ao longo do presente documento são apresentadas diferentes ópticas a propósito do conceito, da expressão e da gestão do talento, com referência especial ao Jogos Desportivos. Da informação proveniente de distintos estudos e reflexões, resulta claro que quanto mais se investiga as carreiras dos seres humanos proficientes, considerando várias actividades, menor parece ser o papel atribuído ao “talento inato” e mais significativo se afigura o contributo da aprendizagem e do treino. Contudo, verifica-se que a acessibilidade aos programas de treino e às competições, no âmbito da prática dos Jogos Desportivos, se encontra fortemente condicionada pela precocidade física e pela vantagem etária dos praticantes. Com efeito, vários estudos atestam que os jogadores identificados como talentos passam a ter acesso a processos de treino estruturados e a participar em competições formais de melhor nível, dispondo assim de mais e melhores oportunidades para apurarem as suas qualidades e capacidades no domínio da performance desportiva, em relação aos considerados não dotados. Neste escrito, advoga-se a imprescindibilidade de, nos Jogos Desportivos praticados com crianças e jovens, se tornar mais justa e segura a tomada de decisão no que respeita à identificação e à selecção dos jogadores considerados proficientes. Tal justifica que se faça coincidir o período dedicado à identificação de talentos com o tempo de desenvolvimento e actualização do desempenho dos praticantes, em resposta ao treino e à competição. Por outro lado, sugere-se que os treinos e as competições sejam organizados de modo a esbater, o mais possível, o efeito das diferenças relativas às idades cronológica e biológica dos praticantes, o que legitima uma reformulação do escalonamento dos jogadores por categorias diferentes das actuais.
INTRODUÇÃO
Dada a sua feição agonística, o desporto constitui um campo privilegiado para a procura incessante da auto e da hetero-superação dos atletas, pelo que é de esperar que a persecução incessante de evolução das respectivas performances constitua um propósito vital. Todavia, apesar dos muitos candidatos a campeões, são poucos os que logram alcançar a glória dos pódios ou dos recordes desportivos. Quando algumas explicações ou teorias não se mostram congruentes com evidências com que deparamos, é plausível que demandemos entendimentos mais ajustados, de modo a reordenarmos o pensamento e a aprimorarmos a acção. É o que tem sucedido com a problemática da identificação e do desenvolvimento de talentos em contextos de treino e competição que envolvem os Jogos Desportivos. Neste âmbito, constata-se que por vezes se esgrimem argumentos controversos e nebulosos que acarretam implicações importantes para o presente e para o futuro, pessoal e desportivo, de um número expressivo de crianças e jovens. As inquietações relacionadas com este tópico suscitam algumas interrogações: Porquê alguns atletas atingem a excelência desportiva e outros não? Em que medida os resultados desportivos alcançados e a alcançar, decorrem do potencial genético de cada indivíduo e/ou das aquisições operadas nos processos de aprendizagem/treino? Como pode ser identificado e desenvolvido o potencial específico de um praticante, de modo a visar a excelência num dado domínio? A partir destas e de outras questões, no presente artigo pretende-se confrontar e discutir diferentes ópticas a propósito do conceito, da expressão e da gestão pedagógica do talento em contextos de prática desportiva, com referência especial ao Jogos Desportivos.
PARA UM CONCEITO ACTUAL E ACTUALIZÁVEL DE “TALENTO”
O vocábulo talento era utilizado na Grécia Antiga, para designar uma unidade de moeda. Posteriormente adoptado pelo sistema monetário romano, o talento, de ouro ou prata, representava a unidade que correspondia a grandes quantidades de dinheiro e, portanto, era considerado muito valioso (in http://pt.wikipedia.org/wiki/Talento). Ao longo do tempo, o sentido deste termo ampliou-se, passando também a qualificar os seres humanos que desempenhavam determinadas habilidades ou tarefas com uma proficiência acima da norma, conforme a ideia imperante de que se tratava de faculdades inatas. No contexto desportivo tem sido notório este entendimento inatista do talento, o que pode ser atestado pela usual preocupação com a denominada “detecção de talentos”, onde se visa “descobrir” os indivíduos que exibem atributos biomotores acima da média. Howe, Davidson & Sloboda, redigiram um artigo seminal publicado em 1998, no periódico Behavioral and Brain Sciences (21: 399-441), sob o título “Talento inato: realidade ou mito?”. Trata-se de um trabalho em que estes cientistas ingleses procuram sistematizar argumentos diversos, de cujo cotejo são levados a concluir que em áreas tão distintas como a música, a dança, a literatura ou o desporto, as condições que conduzem à excelência podem ser encontradas não num factor, mas numa multiplicidade de constrangimentos, tais como a experiência precoce, as preferências, as oportunidades, os hábitos e o treino dos praticantes. Se é plausível entender o talento como um atributo relacionado com a performance consistente e acima da norma, num dado domínio, não é menos razoável admitir que, para além de pessoal e intransmissível, o talento é actualizável, ou seja, não é invariável, como aliás o comprovam as carreiras de vários desportistas, músicos, cientistas e outros. Hahn (1988) reporta que o talento desportivo decorre de competências marcadas numa direcção e que, embora superando a norma, não estão de todo desenvolvidas. Como alerta Salmela (1997), o conceito de talento alterou-se. A clássica noção de talento que o associava a um conjunto de capacidades inerentes ao sujeito, que determinavam o seu rendimento, está a ser substituída por outra, relacionada com as aquisições operadas através da prática sustentada e estruturada com o intuito de promover a melhoria do desempenho desportivo. Ou seja, da ideia de talento genético, está a transitar-se para a concepção de talento epigenético e desempenho emergente (Araújo, 2004).
DO DETERMINISMO GENÉTICO À CONSTRUÇÃO CULTURAL DO TALENTO
Sabendo-se que, no âmbito da prática dos Jogos Desportivos, os clubes investem cada vez mais recursos materiais e humanos, na tentativa de identificarem e recrutarem “os melhores” jogadores, constata-se que a atenção pode ser dirigida para: (1) aqueles que manifestem um rendimento actual acima da média; (2) os que, embora não apresentando no momento um rendimento superior, pareçam reunir condições para o fazerem em resposta a um processo de treino sistemático; (3) os que, para além de apresentarem um rendimento actual superior aos da sua idade, simultaneamente denotem condições para evoluírem significativamente em resposta a um processo estruturado de treino/formação. A multiplicidade de entendimentos a propósito da temática da origem e/ou actualização do talento é um assunto que parece decorrer mais do enfoque de cada autor, do que da essência do fenómeno que se procura compreender. Como tal, grande parte da polémica gerada em torno das perspectivas acerca dos constrangimentos intrínsecos e extrínsecos que condicionam a performance desportiva, tem ajudado a eternizar a dicotomia “inato versus adquirido”. Não é o caso do número temático do International Journal of Sport Psychology, editado por Joseph Baker & Keith Davids (2007), subordinado ao mote “Nature, nurture and sport performance”. Neste relevante documento, é disponibilizada uma revisão actual acerca dos factores genéticos e ambientais que se afiguram concorrer para a performance desportiva. São vários os peritos que se pronunciam sobre a matéria, dando azo a um debate intenso e cientificamente sustentado, do qual decorre a ideia de que não se trata de uma questão de escolher entre a influência determinante do “inato ou adquirido”, mas de um processo de interacção que convoca “inato e adquirido” e, portanto, onde ambas as facetas convergem, de modos diversos, para a expressão da performance desportiva. No ano 2000, o biólogo e geneticista americano Richard Lewontin, fez publicar um livro – The triple helix: Gene, organism, and environment – em que usa a metáfora do “balde vazio” para dar uma ideia do contributo dos genes e do ambiente quanto à respectiva influência relativa no desenvolvimento dos indivíduos. O autor clarifica o sentido daquela imagem, alegando que enquanto os genes determinam o tamanho do continente (balde), o ambiente determina a qualidade dos conteúdos que o preenchem. Parece óbvio que, sendo cada indivíduo diferente dos demais, sobretudo na forma como responde ao processo de formação, ao acreditar-se no inatismo do talento põe-se em causa o papel da aprendizagem, do treino e da capacidade transformadora que, por definição, os qualifica (Garganta, 2006b). Ora, como alude Ehrenberg (1991), o desporto testemunha como muitos podem ser bem sucedidos, independentemente da sua proveniência ou das aparentes limitações. Também segundo Sternberg (1998), seria simplista atribuir toda a variedade dos níveis de expertise ao talento inato. Acresce que, como sustentam Brophy & Good (1986), a crença de que “dons inatos” são uma pré-condição para desempenhos de excelência, leva a que crianças e jovens não identificados como talentos sejam rejeitados ou não se invista neles. Helsen et al. (2000a) referem que as expectativas que as crianças possuem de se tornarem peritos e, consequentemente, obterem mais sucesso a partir da prática, pode constituir um factor-chave para se confirmarem como jogadores de classe superior. E Graça (2007) reforça estas ideias ao prevenir que as concepções perfilhadas em relação ao entendimento da noção de “talento” têm obviamente fortes repercussões nas práticas de selecção, nas expectativas e exigências, nas oportunidades de prática, assim como na motivação, na confiança e no empenhamento dos jogadores. Segundo o mesmo autor, muitos jogadores ou candidatos a jogadores verão as suas possibilidades comprometidas ou reduzidas quando os treinadores não lhes reconhecem talento suficiente e não apostam confiadamente neles. Daqui se depreende que o percurso até à excelência desportiva decorre de uma fusão complexa de habilidades, capacidades e competências, cuja feição emerge das características do praticante e do modo como é realizada a aprendizagem e o treino para a atingir (Starkes & Ericsson, 2003). Por isso, o ensino e o treino dos Jogos Desportivos encerram uma longa história que põe em presença jogadores com os seus próprios recursos actualizáveis e uma intervenção externa materializada pela intervenção do treinador e pela influência do envolvimento.
TORNAR-SE TALENTO: A INTELIGÊNCIA DO CORPO PARA DAR CORPO À INTELIGÊNCIA
Nos Jogos Desportivos é essencial desenvolver nos praticantes, competências relacionadas com a assimilação de regras de acção e com a gestão da novidade, da imprevisibilidade, tendo em vista a comunicação entre os jogadores da mesma equipa e a contra-comunicação entre jogadores de equipas contrárias (Garganta & Gréhaigne, 1999). A concepção e a materialização dessas competências são veiculadas pela estratégia e pela táctica o que implica que a qualidade da performance decorra do modo como são governados, seja-nos permitida a metáfora informática, o hardware e o software dos jogadores, nos ambientes que configuram os distintos cenários de jogo. Como tal, o treino e a competição nos Jogos Desportivos são afluentes da inteligência humana ao mesmo tempo que dela necessitam para se consumarem. Por isso vimos assumindo a posição de que o ideal olímpico – Citius, Altius, Fortius (i.e., mais longe, mais alto, mais forte) – está incompleto (Garganta, 2006ª, 2007). Não pretendendo alienar o agenciamento das valências biológicas, é pertinente perguntar: porquê muitos animais podem superar os humanos em acções que implicam resistência, força ou velocidade, mas não são capazes de o fazer em relação a um jogo desportivo colectivo, qualquer que ele seja? A inteligência, entendida como capacidade de adaptação a um contexto em permanente mudança e disposição para criar nexos entre diferentes informações, é o atributo humano que melhor pode ajudar a resolver os desafios de evolução dos Jogos Desportivos, visto que a qualidade do jogo e do treino para jogar podem ser melhoradas, substancialmente, por essa via (Garganta, 2004a,b, 2005, 2006a,b, 2007). Mais do que ensinada, a inteligência, porque emerge e se desenvolve no contacto recíproco com o meio envolvente, pode ser despertada e desenvolvida por uma estimulação adequada. Esta ideia afigura-se tanto mais ajustada quanto se considera que a inteligência, para além de um processo relacionado com as funções mentais internas, tem um alcance mais prático e contextualizado associado ao sucesso e ao desempenho superior (Sternberg, 2005), traduzível em qualidade do comportamento (Anastasi & Urbina, 2000). Nesse sentido, quanto mais o ambiente for rico, mais numerosas e significativas são as informações que estimulam o jogador e mais ele será induzido a “tornar-se inteligente”. Como referem Williams & Hodges (2005), por vezes subsiste a ideia de que algumas disposições para jogar, nomeadamente a “inteligência de jogo”, não podem ser modificadas pela instrução ou treino porque são inatas, evoluindo apenas como resultado da experiência. Mas a “inteligência de jogo” decorre de um complexo de habilidades perceptivas e cognitivas, tais como a antecipação e a tomada de decisão. Trata-se de algo que pode ser transformado através de intervenções apropriadas e, portanto, transferido para o contexto da performance.
PRÁTICA ESPONTÂNEA E PRÁTICA DELIBERADA: 10, O NÚMERO MÁGICO?
Chegados a este ponto é compreensível que não se afigure adequado perspectivar o talento como uma aptidão especial que o atleta “possui” e cuja revelação se aguarda em algum momento. Pelo contrário, o talento deve ser considerado um conjunto de disposições que se edificam e actualizam na dependência da oportunidade e da aprendizagem que é levada a cabo. É neste quadro que se vê reforçada a importância da denominada prática deliberada. Para vários autores, a quantidade e a qualidade de prática têm vindo a destacar-se como o mais poderoso factor de distinção dos praticantes que atingem a excelência em disciplinas que requerem um dilatado processo de treino sistemático e de instrução, tais como a música, a matemática, o xadrez ou o desporto (Ericsson et al., 1993; Howe et al., 1998; Helsen et al., 2000a). Ericsson, Krampe & Tesch-Römer (1993) descreveram a prática deliberada como uma experiência altamente estruturada, direccionada para objectivos relevantes, com o intuito de melhorar o desempenho numa dada actividade. Por definição, tal prática consiste em actividades que requerem um grande esforço e não são, necessariamente, agradáveis. Neste contexto, tem sido proposta a “regra dos 10 anos”, ou das equivalentes 10.000 horas, como o tempo mínimo necessário para se conseguir obter efeitos significativos. Entretanto, vários estudos têm permitido reforçar o argumento de que existe uma relação directamente proporcional entre o tempo de prática acumulado numa actividade e o nível de desempenho conseguido pelos praticantes nessa actividade (Abernethy, 1994; Hodges & Starkes; 1996; Krampe & Ericsson, 1996; Helsen et al., 1998; Helsen & Starkes, 1999). Contudo, outros trabalhos (e.g., Scanlan et al., 1993; Burland & Davidson, 2002) têm disponibilizado evidências que refutam a convicção de que a prática altamente estruturada é, por si só, suficiente para induzir desempenhos superiores. Scanlan et al. (1993) com base no Modelo de Compromisso Desportivo, apesar de lembrarem que o investimento pessoal de tempo e o esforço constituem importantes pressagiadores da vinculação ao Desporto, advogam a ideia de que o prazer na actividade é decisivo para assegurar tal compromisso. Côté et al. (2003) ampliam esta ideia, acrescentando que um ambiente de diversão durante os primeiros anos de envolvimento de uma criança no desporto podem induzir a aprendizagem precoce e a motivação excepcional dos atletas peritos, porque levam a um maior envolvimento na prática deliberada. Por seu turno, Burland & Davidson (2002), referem que as experiências positivas e o desenvolvimento de estratégias de coping (i.e., de confronto com as adversidades) são decisivos para que os indivíduos alcancem o êxito na actividade que elegeram. Autores como Smith (2003) e Johnson et al. (2006) sustentam que elevados níveis de prática deliberada são condição necessária, mas porventura não suficiente, para se aceder a superiores níveis de performance, referindo que, na diferenciação do potencial para atingir a excelência desportiva devem ser tomados em consideração factores como a propensão genética, bem como os atributos físicos e psicológicos dos praticantes. Portanto, se bem que a quantidade e a qualidade do treino constituam preditores cruciais do sucesso na actividade praticada, outros factores como o apoio parental e a adequada condução do processo de treino, bem com as influências culturais e o efeito da idade relativa, têm sido considerados determinantes para induzir o acesso a níveis de excelência desportiva (Baker et al., 2003a,b). Desportistas de nível internacional apresentam volumes médios de prática deliberada iguais ou superiores a 25 horas semanais, chegando em muitos casos às 4 horas de prática deliberada diária. Dado que a contrapartida do investimento neste trabalho não é imediata, o factor motivacional e a atitude face ao treino desempenham um papel crucial. Assumir tais níveis de prática exige empenhamento, compromisso, motivação e perseverança, tanto mais quanto a prática deliberada não tem que ser, e em muitos casos não é, inerentemente divertida (Ericsson et al., 1993; Graça, 2007). Numa revisão de estudos a propósito da aprendizagem de diferentes tipos de habilidades, Ericsson (1996) conclui que o nível de desempenho é determinado pela quantidade de tempo despendido a praticar tarefas bem definidas, com grau de dificuldade apropriado a cada indivíduo, adequado feedback e oportunidades para repetir e corrigir os erros. Esta concepção deixa perceber, desde logo, a importância atribuída à harmonização da quantidade da prática (macroestrutura) com a respectiva qualidade (microestrutura), o que aliás tem vindo a ser destacado em estudos como os de Baker et al. (2003a,b). Nestes estudos, os autores concluem que, no âmbito da prática de Jogos Desportivos de equipa, os jogadores de elite se diferenciam dos demais por acumularem mais horas de treino de observação (vídeo), de competição, bem como de treino colectivo e individual. Segundo Helsen et al. (1998), no contexto dos desportos colectivos devem ser consideradas duas formas possíveis de prática deliberada: a prática individual e a prática de equipa. Estas duas formas de prática têm sido consideradas separadamente porque é provável que o contributo relativo de cada uma se altere ao longo do percurso que configura a carreira de um jogador, ou mesmo no decorrer de uma época desportiva. Num outro estudo, Helsen et al. (2000a) constataram que à medida que os jogadores de Futebol progridem, dedicam, semanalmente, mais horas à prática, o que é considerado necessário e desejável. Starkes & Ericsson (2003) fazem referência à complexidade do desempenho de elite nos desportos colectivos. A questão colocada pelos autores prende-se com o facto de todos os membros de uma equipa terem o mesmo objectivo, apesar dos diferentes papéis de cada um. A título de exemplo, explicam que os jogadores de Futebol têm um objectivo comum (ganhar o jogo), mas que cada um desempenha funções com finalidades distintas (guarda-redes, defesas, centro-campistas, avançados) e possui expectativas diferentes. Os mesmos autores acrescentam que a representatividade das situações jogo difere em função do papel de cada jogador dentro da equipa, fazendo, provavelmente, com que os mecanismos que influenciam o desempenho superior de um avançado de elite se diferenciem dos de um defesa de elite. Tal recomenda que, embora seja imprescindível uma certa quantidade de prática (macroestrutura), é fundamental que, para cada Jogo Desportivo, se pondere os constrangimentos específicos relacionados com as singularidades e exigências particulares, isto é com a qualidade da prática (microestrutura).
PRATICAR E ERRAR É PRÓPRIO DO … TALENTO
Jogos Desportivos como o Futebol, o Basquetebol ou o Andebol, são férteis em sequências intrincadas, que por serem habitualmente cumpridas com elevadas velocidades de execução, aparentam decorrer de decisões e acções espontâneas e instantâneas. Todavia, essa ilusória espontaneidade resulta, em grande parte, de um trabalho abnegado e continuado de aprendizagem e treino. De facto, apesar de muito se especular a propósito dos múltiplos constrangimentos que concorrem para o êxito nos Jogos Desportivos, continua a ser verdade que o treino constitui a forma mais importante e mais influente de preparação dos atletas para a competição (Garganta, 2004b). Se, como reporta Magill (2001), a aprendizagem consiste numa mudança na capacidade do indivíduo para executar uma tarefa, alteração esta que decorre da exercitação e se reporta a uma melhoria relativamente duradoura no desempenho, a prática constitui obviamente condição necessária para que ocorra a aprendizagem e se atinjam níveis de desempenho qualitativamente crescentes. Todavia, no intuito de apurar o desempenho desportivo, não raramente desmerece-se o papel do “erro” enquanto elemento estruturante da aprendizagem humana. Neste sentido, o “erro” é entendido como indicador negativo do resultado da acção, porque traduz um desvio negativo em relação ao que é considerado acertado. Daqui decorre a ideia falaciosa de que onde há lugar para o erro, não há lugar para a aprendizagem. Para que ocorra aprendizagem efectiva é necessário que os executantes vivenciem situações diferentes e imprevistas, o que inevitavelmente acarreta a ocorrência de “erros” e obriga a desenvolver formas para os ultrapassar. Portanto, o erro pode e deve ser aproveitado para que seja potenciada a proficiência de cada praticante, de modo a permitir que cada um evolua à medida dos acertos e desacertos do seu desempenho e não em direcção a um modelo abstracto que serve a todos e a nenhum (Garganta, 2006a, 2007). No treino dos Jogos Desportivos, o erro tem sido igualmente entendido como um desvio a ignorar ou a suprimir, quando as novas perspectivas sustentam que o mesmo seja considerado parte integrante e estruturante daquele processo, até porque converter-se num precioso aliado na detecção e correcção de factores perturbadores da execução individual e colectiva (Garganta, 2006a). Aliás, Williams & Hodges (2005) destacam a importância do erro no processo de ensino-aprendizagem/treino, ao defenderem a necessidade dos jogadores serem estimulados a obter a solução para os problemas, por tentativa e erro. A depreciação do erro desencoraja a tentativa, reduzindo a disposição dos jogadores para arriscarem e para procurarem caminhos inovadores. Dado que se aprende fazendo, quem não tentar não erra, mas também não aprende (Garganta, 2004a). Será, decerto, um modo de dificultar a evolução ou de interditar os caminhos que levam à emergência de um desempenho de excelência.
ADVENTO PRECOCE E ECLOSÃO TARDIA DO “TALENTO”: O PODER DA IDADE RELATIVA
Os primeiros contactos que são proporcionados às crianças e aos jovens que pretendem aprender e treinar podem revelar-se decisivos para o sucesso e a continuidade na disciplina desportiva que escolherem (Garganta, 2004a, 2006a). Sabendo-se que, actualmente, não há suficiente sustentação científica para prognosticar os factores do talento nos Jogos Desportivos, percebe-se que não é factível dispor de indicadores e de critérios que permitam predizer que se está, ou não, em presença de potenciais jogadores de classe superior. Acresce que a denominada “detecção de talentos” tem causado a ostracização de um número copioso de praticantes, pelo facto destes não revelarem, à data das denominadas “sessões de captação”, as aptidões consideradas fundamentais para virem a ser jogadores proficientes. De facto, numerosos programas de detecção de talentos, escorados na ideia de que as competências para jogar se subordinam à presença ou à ausência de determinados atributos inatos ou aptidões naturais, esgotam-se no esforço de identificação precoce dos mais capazes, na esperança de que os melhores de hoje sejam também os mais aptos no futuro. Tais concepções e práticas têm levado a que, não raras vezes, se negligencie o processo essencial de desenvolvimento dos praticantes ao longo da sua vida desportiva. Muitas das justificações para o talento e para as habilidades excepcionais dos jogadores têm-se baseado em evidências da experiência, constatando-se uma tendência para se ”classificar” os jovens praticantes, a partir da apreciação dos seus “defeitos” e “virtudes” como se de algo imutável se tratasse. Deste modo, desacredita-se as respectivas possibilidades de evolução e menoriza-se a importância da imprescindível actualização das habilidades e competências através do processo de formação. Por outras palavras, acredita-se mais no destino do que na aprendizagem e no treino. Quando perguntaram ao treinador francês Alain Périn (in Périn & Lemaré, 2006), como escolhia os talentos, ele respondeu: “Faço-os jogar e vejo o que fazem e como fazem no jogo. Detenho-me, essencialmente, na alegria de jogar, na maior ou menor facilidade com que se relacionam com a bola e na propensão para o jogo colectivo.”. Estes argumentos parecem lógicos e aceitáveis. Contudo, a apreciação dos treinadores, grande parte das vezes, está contaminada por efeitos perversos relacionados com a idade biológica e a precocidade física dos jogadores. Coincidimos com Graça (2007) quanto ao facto da identificação do “talento” se revelar mais intrincada do que o senso comum e a convicção dos treinadores deixam perceber. Como este autor refere, os procedimentos de reconhecimento e detecção de talentos emaranham-se num círculo vicioso, acabando por confundir a função explicativa que valida o prognóstico – tem mais talento, vai ser melhor jogador – com a função descritiva que justifica o diagnóstico – joga melhor, portanto tem mais talento. Gladwell (2008) dá conta de que foi em meados dos anos oitenta que Roger Barnsley, um psicólogo canadiano, chamou pela primeira vez à atenção para o fenómeno da idade relativa. Ele estava a assistir a um jogo da primeira divisão de Hóquei sobre o gelo entre equipas de atletas considerados especialmente dotados e por isso seleccionados entre muitos outros para actuarem ao mais alto nível. Ao ler a lista que tinha sido distribuída com vários dados acerca do plantel, reparou que, com uma margem expressiva, havia mais jogadores nascidos em Janeiro do que em qualquer outro mês. O segundo mês com maior frequência de nascimentos era Fevereiro e o terceiro era Março. Posteriormente, verificou que na liga de Hóquei canadiana havia cerca de cinco vezes mais jogadores nascidos em Janeiro do que em Novembro. Posto que no Canadá a data de referência para a inscrição dos jogadores nas respectivas categorias etárias (escalões) da modalidade de Hóquei sobre o gelo é o dia 1 de Janeiro, à medida que alargava a pesquisa ia constatando que não estava em presença de uma ocorrência aleatória, mas que se tratava de uma tendência para os treinadores/seleccionadores verem como mais talentosos os jogadores de mais forte compleição física e maior coordenação que beneficiaram de meses de maturação adicionais. Perante esta discriminação negativa, no plano do senso comum não é invulgar ouvir aduzir o argumento de que qualquer que seja a desvantagem que penda sobre uma criança ou um jovem não seleccionados para uma actividade, se tiverem talento acabarão por destacar-se em resultado da exposição à prática. Todavia, o problema prende-se com o facto das crianças e jovens não seleccionados, ou não identificados como talentosos, a longo dos anos ficarem cativos de padrões de subdesempenho, devido a défices de solicitação, de exercitação e de experiência ao nível do treino e da competição. Portanto, como referem Abernethy et al. (2005), quanto mais velha for a criança ou o jovem, relativamente aos colegas da mesma equipa, maior probabilidade tem de ser considerada especialmente dotada, ainda que o não seja de facto. O modo como a selecção é realizada em vários Jogos Desportivos constituiu um claro exemplo daquilo a que o sociólogo Robert Merton (1968) chamou uma “profecia que se auto-concretiza”, ou seja uma situação em que uma explicação que pode ser falsa à partida, suscita expectativas e comportamentos que fazem com que a concepção que inicialmente era falsa venha a tornar-se verdadeira. Os jogadores identificados como especialmente dotados, i.e., como talentos, são sujeitos a um processo de treino sistemático e passam a participar em competições formais de nível superior. Portanto, vão dispondo de mais e melhores oportunidades para apurarem as suas qualidades e capacidades no âmbito da performance desportiva. Paralelamente, prejudica-se as condições de prática dos jogadores com idade biológica mais baixa e estatuto maturacional mais atrasado, porque estes são obrigados a competir com jogadores mais velhos, mais altos e mais fortes (Helsen et al., 2000b), o que os coloca em clara desvantagem. Para além de se debaterem com um número mais restrito de probabilidades de serem reconhecidos como talentos, por via disso dificilmente lhes serão facultadas oportunidades bastantes, em quantidade e em qualidade, para evoluírem. Para denominar este tipo de fenómenos, Merton (1968) cunhou a expressão “Efeito de Mateus” inspirado no versículo do Evangelho de S. Mateus, no Novo Testamento: “Pois todo aquele que possui receberá, e disporá de abundância. Mas àquele que não possui ser-lhe-á tirado até o que tem.”. Como expõem Barnsley et al. (1992), em todas as actividades em que ocorre selecção, encaminhamento e experiência diferenciada, o fenómeno das distribuições etárias assimétricas faz-se notar, pelo que o sucesso acaba por resultar de uma vantagem cumulativa. Por outras, palavras, se em idades prematuras forem tomadas decisões acerca de quem é considerado, ou não, “talento”; se os “talentosos” forem separados dos “não talentosos”, e se aos primeiros for proporcionada uma experiência superior, então estão criadas as condições para se conferir uma excepcional vantagem a esse conjunto de praticantes que nasceu mais próximo da data de referência. É o que acontece em relação a vários Jogos Desportivos, onde, no acto de selecção de jogadores, os treinadores são fortemente influenciados pela precocidade física e pela vantagem etária dos praticantes. Como reporta Graça (2007), vários estudos comprovam que nos escalões jovens a selecção dos jogadores é afectada pela data de nascimento, com uma tendência significativa para escolher jogadores do primeiro quarto do intervalo etário do respectivo escalão em detrimento de jogadores do último quarto. E nem mesmo o Futebol, apesar da sua acessibilidade e ubiquidade, escapa a esta tendência, como confirmam os estudos de Brewer et al. (1992), Verhulst (1992), Dudink (1994), Helsen et al. (1998, 2000a,b; 2005), Vaeyens et al. (2005) e Cobley et al. (2008).
EM SÍNTESE
As sociedades actuais enredam-nos de tal forma no mito do “melhor” e do “mais apto” que somos conduzidos a pensar nos “talentos” como em algo que brota espontaneamente da terra. Todavia, através da leitura e análise de distintos estudos e reflexões, resulta claro que quanto mais os cientistas examinam as carreiras dos seres humanos mais proficientes, em várias actividades, menor parece ser o papel atribuído ao “talento inato” e mais significativo se afigura o contributo da aprendizagem e do treino. Das diferentes perspectivas e argumentos exibidos no presente documento, pode depreender-se que a possibilidade de alguns praticantes serem reconhecidos como talentos e atingirem a excelência nos Jogos Desportivos não pode nem deve estar cativa da ideia de “aptidões naturais” ou “dons” cuja eclosão se aguarda, em consequência da conspiração do acaso. Aliás, mesmo os prosélitos das concepções geneticistas reconhecem a influência decisiva do treino enquanto pré-requisito para actualização do potencial genético dos desportistas (ver, p. ex. Klissouras et al., 2007). Não obstante a polarização em torno das perspectivas sobre a influência prevalecente da natureza ou do ambiente (nature versus nurture) no condicionamento das performances de excelência, é preponderante a tendência para se considerar que o nível de desempenho desportivo de um ser humano resulta do modo como interagem diversos constrangimentos de natureza biológica, psicológica e social. Portanto, para além das características genéticas dos indivíduos, as condições ambientais como por exemplo a harmonização entre a quantidade e a qualidade do treino e da competição, são apontadas como decisivas no caminho que conduz à excelência no desporto. Fica ainda patente que, para alcançar os mais altos patamares da performance desportiva, é essencial que os jogadores, ao longo das suas carreiras desportivas, adoptem um forte compromisso com a respectiva modalidade desportiva e se revelem resilientes para poderem superar as adversidades de vária ordem às quais, inevitavelmente, serão expostos. Resulta claro que a informação disponível coloca em evidência a ideia de que o talento resulta da interacção de características dos atletas com as oportunidades que lhes são proporcionadas pelo meio envolvente, para que actualizem as respectivas aptidões. Isto é, o talento carece de validação, o que significa que se pode “ter” potencial talento antes do processo de treino se efectivar, mas só se “é” jogador depois disso. Sendo que, para além do “talento”, a paixão e o trabalho intensivo se revelam ingredientes indispensáveis do sucesso, a questão que se justifica colocar, não é “Como detectar talentos?”, mas “Que circunstâncias importa criar para que os talentos possam despontar e evoluir?”. Neste contexto, afigura-se recomendável aguardar que, tanto quanto possível, as diferenças etárias e de maturidade dos aspirantes a jogadores se esbatam, de modo a que se torne mais viável e segura a tomada de decisão quanto à identificação e à selecção dos mais proficientes. Tal justifica que em vez das parcas e avulsas sessões de “detecção de talentos”, os clubes tendam a proporcionar, a um vasto número de praticantes, condições adequadas de treino sistemático e de competição formal e informal ao longo do tempo. Deste modo, o período dedicado à identificação de talentos deverá coincidir com o tempo de desenvolvimento e actualização do desempenho dos praticantes em resposta ao treino e à competição, o que permite ecologizar o processo, tornando-o válido, consistente e eficaz. Pelos argumentos apresentados, para que seja factível fundar um sistema de selecção mais justo e útil, faz sentido que nos Jogos Desportivos praticados com crianças e jovens, os treinos e as competições sejam organizados de modo a que o efeito das diferenças relativas às idades cronológica e biológica dos praticantes, se esbata o mais o mais possível, o que implica, entre outras coisas, uma reformulação e um refinamento no que toca ao escalonamento dos jogadores por categorias relacionadas com a idade cronológica.
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