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15 Jun 2012

Lateral preference in individuals with down syndrome

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The following study has as main goal to compare the lateral preference (hand, foot, eye and hear) in individuals with Down Syndrome and individuals with normal development, taking in account sex and age. For each index of preferences, the comparisons were made relatively to: i) percentages for left and right lateral preference; ii) preferences consistency; and iii) congruent and crossed type of preference.

Autor(es): Olga Vasconcelos, Adília Silva, Sara Oliveira, Manuel Botelho
Entidades(es): Universidade do Porto
Congreso: II Congreso Internacional de Ciencias del Deporte
Pontevedra 2008
ISBN:9788461235186
Palabras claves: Lateral preference, lateral preferemce consistency, crossed lateral preference, down sindrome, children

Resumen preference in individuals with down syndrome

The following study has as main goal to compare the lateral preference (hand, foot, eye and hear) in individuals with Down Syndrome and individuals with normal development, taking in account sex and age. For each index of preferences, the comparisons were made relatively to: i) percentages for left and right lateral preference; ii) preferences consistency; and iii) congruent and crossed type of preference. The sample comprises 79 individuals (36 males and 43 females, with the age average of 12,62±1,68), divided in two groups with ages between 10 and 15 years. The Down Syndrome group was formed by 40 individuals (14 male and 26 female, with the average age of 12,68±0,276) and the normal development group was formed by 39 individuals (22 male e 17 female, with the average age of 12,56±0,262). The instrument used to evaluate the lateral preference was the observation of the execution of some tasks based in the Lateral Preference Questionnaire (Porac & Coren, 1981) and the Manual Preference Questionnaire (Van Strien, 2002). Statistic procedures included descriptive and inferential statistic (non parametric tests). The significance level was established at p?0,05. The main conclusions were: i) the individuals with Down Syndrome present higher indexes of left lateral preference when compared to individuals with normal development; ii) the individuals with Down Syndrome present lower indexes of consistency when compared to individuals with normal development; iii) the individuals with Down Syndrome show higher indexes of crossed lateral preference when compared to the individuals with normal development. The results are in accordance to the existing literature that refers that the population with mental illness, namely Down Syndrome, when compared to general population, presents higher indexes of left lateral preference, less consistency and more occurrence of crossed lateral preference.

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Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº8.

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Introdução

Durante as últimas décadas verificaram-se mudanças significativas na atitude e no interesse pelas populações com Síndrome de Down e, como consequência, aumentaram substancialmente o número de trabalhos de investigação e de publicações sobre as suas características e capacidades na vida escolar, laboral e social. O Síndrome de Down resulta da presença de um cromossoma extra do par 21 em todas as células (trissomia livre) e ocorre em cerca de 95% dos casos. Também podem ser observadas outras formas de trissomia, como o mosaicismo, com células normais e outras com trissomia, em cerca de 1% da população visada, e como a translocação, geralmente entre os cromossomas 14 e 21, em cerca de 3 a 4% dos casos (Escribá, 2002). O Síndrome de Down caracteriza-se por um grau variável de atraso no desenvolvimento intelectual e motor, estando associado a sinais como a hipotonia muscular (90,9%), a prega palmar transversa única (59,0%), prega única no quinto dedo da mão (18,1%), excesso de pele no pescoço (82%), fenda palpebral oblíqua (100%) e face achatada (86,3%) (Moreira & Gusmão, 2002). Segundo Pipe (1988), a lateralidade atípica é mais frequente em pessoas com deficiência. Vários têm sido os estudos realizados que comprovam que populações com autismo (Cornish e McManus, 1996, Correia, 2006), populações com DM (Porac et al, 1980; Silva & Vasconcelos, 1995), com DM idiopática (Grouios, Sakadami, Poderi & Alevriadou, 1999; Dane & Gumustekin, 2002), populações com transtorno obsessivocompulsivo (TOC) e dislexia (Siviero, Rysovas, Juliano, Del Porto, Bertolucci, 2002) apresentam maiores percentagens de PL esquerda do que as populações com desenvolvimento normal. A mesma tendência foi verificada no estudo de Vasconcelos e Silva (1993) em que compararam a PL (mão, pé, olho e ouvido) em 253 indivíduos com desenvolvimento normal e 174 indivíduos com deficiência intelectual (ligeira, moderada e com Sindrome de Down).

Após a análise dos resultados concluíram que a preferência lateral (PL) esquerda parece ser mais frequente em indivíduos com deficiência intelectual relativamente aos indivíduos com desenvolvimento normal; à medida que o atraso intelectual se revela mais profundo a percentagem de indivíduos com PL esquerda aumenta; a lesão cerebral ou a deficiência fisiológica parece não só afectar o lado preferido como também a intensidade com que a preferência é estabelecida. Vlachos e Karapetsas (1999) efectuaram um estudo em que compararam a preferência manual (PM) entre dois grupos, um deles constituído por 16 crianças com Sindrome de Down e 25 crianças com desenvolvimento normal, com idades compreendidas entre 7 e 9 anos e o outro com 25 crianças com Sindrome de Down e 25 crianças com desenvolvimento normal, entre os 13 e os 15 anos.

Os resultados mostraram que a PM esquerda ou ambígua é mais frequente nas crianças com Sindrome de Down do que nas crianças com desenvolvimento normal. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na PM entre os diferentes grupos etários nas crianças com desenvolvimento normal. No entanto, no grupo das crianças mais velhas com Sindrome de Down, verificou-se uma maior consistência na PM do que no grupo mais novo. Estes resultados sugerem que o aumento da incidência da PM esquerda ou ambígua nos indivíduos com Sindrome de Down indica um atraso de desenvolvimento na sua especialização hemisférica. Em outro estudo realizado por Silva e Vasconcelos (2001), as autoras compararam a relação entre o esquema corporal e a PL em 60 indivíduos com Sindrome de Down. Os resultados mostraram que: i) para a PL esquerda os rapazes apresentavam valores superiores para a PM (40,0%) e PV (51,3%), enquanto as raparigas apresentavam valores superiores para a PP (35,0%) e PA (80,0%); ii) para a PL direita os rapazes apresentavam valores superiores para a PP (70,0%) e PA (37,5%) e as raparigas apresentavam valores superiores para a PM (80,0%) e PV (52,6%); iii) 19% apresentavam PL congruente, enquanto 81,0% apresenta PL cruzada; iv) quanto ao esquema corporal, os resultados globais mostraram valores superiores nos indivíduos de PM direita do que nos de PM esquerda; (v) em relação ao sexo, os rapazes de PM direita apresentavam valores superiores aos dos rapazes com PM esquerda, enquanto as raparigas de PM esquerda revelavam valores superiores comparativamente com às raparigas de PM direita. Santos (2007) conduziu um estudo em que pretendia verificar como variava o desenvolvimento da PM e qual a sua relação com a proficiência manual, em crianças com Sindrome de Down e crianças com desenvolvimento normal. A amostra era constituída por 21 crianças com Sindrome de Down e 27 crianças com desenvolvimento normal, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos e agrupadas em dois escalões etários (6 aos 8 anos e dos 9 aos 10 anos). Os resultados mostraram que:

i) as crianças do grupo Sindrome de Down utilizavam mais frequentemente a mão esquerda do que as crianças do grupo com desenvolvimento normal;

ii) não existiam diferenças significativas na frequência de utilização das mãos, em função do escalão etário e do sexo;

iii) as crianças com desenvolvimento normal eram mais consistentes (85,2%) do que as crianças Sindrome de Down (66,7%), apesar de as diferenças não terem sido estatisticamente significativas;

iv) não se verificaram diferenças significativas entre os sexos e os escalões etários, na consistência da PM, em cada grupo.

Inúmeros foram os estudos que avaliaram e compararam a preferência manual (PM) em indivíduos com Sindrome De Down com indivíduos com desenvolvimento normal. A maioria desses estudos sugere que a percentagem de PM esquerda e a PM ambígua no Sindrome de Down é superior à população com desenvolvimento normal. No entanto, muitos investigadores avaliam apenas um índice de PL, normalmente a PM, assumindo que os outros índices apresentam a mesma tendência. No presente estudo investigámos os quatro índices de PL dos indivíduos com Sindrome de Down, assim como a consistência e a congruência dessa PL, e comparámo-los com os dos indivíduos com desenvolvimento normal. Objectivo Investigar os quatro índices de PL dos indivíduos com Sindrome de Down, assim como a consistência e a congruência dessa PL, e comparámo-los com os dos indivíduos com desenvolvimento normal.

Métodos

A amostra foi constituída por 79 indivíduos, divididos em dois grupos: desenvolvimento normal (DN) e Síndrome de Down (SD), com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos. A recolha da amostra, tanto dos sujeitos DN como dos sujeitos SD, foi feita em vários estabelecimentos de ensino da Direcção Regional de Educação do Norte. Os indivíduos foram divididos em duas faixas etárias, de acordo com Gallahue e Ozmun (2005): (i) 10 – 13 anos. Esta faixa etária abrange elementos do sexo feminino entre os 10 e os 12 anos e elementos do sexo masculino entre os 10 e os 13 anos; (ii) 12 – 15 anos. Esta faixa etária abrange elementos do sexo feminino entre os 12 anos (exclusive) e os 15 anos e elementos do sexo masculino entre os 14 e os 15 anos. Para a constituição da amostra do grupo SD escolhemos como critérios de inclusão i) estar na faixa etária dos 10 aos 15 anos; ii) ter o diagnóstico de SD; iii) frequentar um estabelecimento de ensino da Direcção Regional de Educação da Zona Norte.

Para a constituição do grupo DN foram utilizados os mesmos critérios, à excepção de ter o diagnóstico de SD. Foi utilizado como critério de exclusão, de ambos os grupos, a apresentação de algum problema motor que impedisse a realização das tarefas. Procedimentos Metodológicos A PL relativamente à mão, ao pé, ao olho e ao ouvido foi avaliada através da observação da execução de tarefas motoras baseadas nos Questionários de Preferência Lateral de Porac e Coren (1981) e de Van Strien (2002). Para a avaliação da PM, o sujeito era colocado em frente ao avaliador, sentado, numa posição de simetria e com as mãos colocadas em cima das pernas. As tarefas eram apresentadas, ao avaliando, numa posição central da mesa, equidistantes das duas mãos. Também na avaliação da PP foi tida em conta a centralidade na apresentação das tarefas e a distância de 0,30 m entre o indivíduo e o banco, na tarefa de subir para um plano superior, e entre o indivíduo e o círculo, na tarefa de calcar o círculo. Na avaliação da PV foi necessário maior subtileza na observação, principalmente na tarefa de tirar fotografia e de fazer mira. Surgiram algumas dificuldades, por parte do grupo com SD, na realização da tarefa de fazer mira mas que foram ultrapassadas com a colocação da mão sobre o olho que eles não preferiam. De acordo com a literatura (Bourassa et al., 1996), a avaliação da PV pode ser influenciada pela PM, ou seja, o facto de pegar no objecto pode condicionar a escolha do olho. Desse modo, optámos por avaliar a PV sem que o sujeito tivesse de pegar nos objectos, à excepção da tarefa de fazer mira.

Na avaliação da PA também foi tido o cuidado de a PM não influenciar a PA e, desse modo, o sujeito tinha de encostar o ouvido ao objecto, que era colocado numa posição central da mesa. A execução de cada tarefa foi precedida por uma explicação e no caso das tarefas de distribuir cartas, dar corda a uma caixinha de música, fazer um desenho com o pé, fazer mira a um alvo e ouvir o mar através de uma concha foram feitas demonstrações com ambos os lados no sentido de não influenciar a preferência. Avaliação dos Quocientes de Lateralidade Foram calculados os Quocientes de Lateralidade para os quatro índices, o Quociente de Lateralidade Manual (QLATM), o Quociente de Lateralidade Pedal (QLATP), o Quociente de Lateralidade Visual (QLATV) e o Quociente de Lateralidade Auditiva (QLATA), a partir da fórmula QLAT= nº de respostas do lado Direito – nº de respostas do lado Esquerdo / nº de respostas de ambos os lados x 100. O QLAT varia então entre -100 (total de respostas do lado esquerdo) e +100 (total de respostas do lado direito). Os sujeitos que apresentaram um resultado superior a zero foram considerados de PL direita e os que apresentarem um resultado igual ou inferior a zero foram considerados de PL esquerda. Os sujeitos que apresentaram resultados de -100 ou +100 (isto é, executaram a totalidade dos itens com um dos lados do corpo, o esquerdo ou o direito) foram classificados de consistentes e os que apresentam valores intermédios foram classificados de não consistentes. Contudo, para uma maior facilidade na interpretação dos resultados, foram calculados os valores absolutos de QLAT, independentemente da direcção da preferência. Assim, em vez de termos indivíduos com PL esquerda consistente, PL esquerda não consistente, PL direita consistente e PL não consistente ficamos apenas com dois grupos: PL consistente e PL não consistente. Os sujeitos foram classificados de PL cruzada quando apresentavam pelo menos um dos índices de PL do lado contrário aos restantes e de PL congruente quando apresentavam PL direita ou esquerda para os quatro índices. Procedimentos Estatísticos Para analisar a normalidade da distribuição correspondente a cada uma das variáveis em estudo, assim como a eventual localização dos outliers foi efectuada uma análise exploratória dos dados através do teste de Shapiro Wilk. Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o programa estatístico SPSS 14.0 (Statistical Package for the Social Sciences).

Foi utilizada a estatística descritiva (média, desvio padrão e distribuição de frequências) e a estatística inferencial (teste t de Student para medidas independentes), no sentido de analisar o comportamento das variáveis dependentes em função das variáveis independentes. Foram ainda utilizadas Tabelas de Contingência envolvendo o teste não paramétrico do Qui – quadrado, no sentido de verificar a relação entre as variáveis nominais. O nível de significância estabelecido foi de p ?0,05. Apresentação e discussão dos resultados Os resultados apresentados relativamente à PL (Quadro 1) mostram-nos que o grupo SD apresenta uma maior percentagem de PL esquerda, para os quatro índices, do que o grupo DN, sendo as diferenças estatisticamente significativas para todos os índices. Quando comparamos o grupo DN com o grupo SD, no sexo masculino, verificamos que apenas a PM apresenta uma diferença estatisticamente significativa. No entanto, verifica-se uma tendência para o grupo SD apresentar maior percentagem de PL esquerda quando comparado com o grupo DN. No sexo feminino, essa tendência também se mantém e a PM, a PP e a PA apresentam diferenças estatisticamente significativas. Ao efectuar a comparação entre os grupos, nas duas faixas etárias, os resultados mostraram que, tanto na faixa etária mais baixa como na mais elevada, o grupo SD apresenta índices de PL esquerda superiores ao grupo DN.

Quadro 1. – Comparação entre os grupos, no geral e em cada sexo, relativamente à PM, PP, PV e PA.

Quadro 1. Lateral preference in individuals with down syndrome

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No que se refere à PL verificamos que ambos os grupos apresentam, de um modo geral, uma maior percentagem de preferência pelo lado direito relativamente ao lado esquerdo. Comparando o grupo DN com o grupo SD, quer no geral, quer em cada sexo e em cada faixa etária, verificamos que este último utiliza mais frequentemente o lado esquerdo. Os resultados do nosso estudo confirmaram os resultados encontrados em estudos anteriores (Poren & Coren, 1981; Devenny & Silverman, 1990; Vasconcelos & Silva, 1993; Silva & Vasconcelos, 1995, 1999; Grouios et al., 1999; Vlachos & Karapetsas, 1999;) que mostram que a população com SD apresenta índices mais elevados de PL esquerda do que os indivíduos da população em geral. Uma possível explicação para percentagens superiores de PL esquerda na população com SD sugere que este aumento resulta de uma pequena percentagem de sujeitos com PL direita que sofreram uma lesão no hemisfério esquerdo provocando, consequentemente, uma mudança na PL para o lado esquerdo (Satz et al., 1985; Silva & Vasconcelos, 1995). De acordo com Grouios et al. (1999), esta lateralidade atípica pode ser considerada como resultado da desorganização da estrutura cerebral existente no SD.

Van Strien et al. (2005) referem ainda que este fenómeno pode ser explicado por um atraso no desenvolvimento maturacional. Na nossa opinião esta situação pode ser acentuada pelo facto de a pressão social ser menos relevante para os indivíduos com SD em relação aos indivíduos DN, isto é, existe para os SD uma maior permissividade no uso do lado esquerdo. Relativamente à consistência da PL verificamos que os indivíduos do grupo DN são mais consistentes do que os indivíduos do grupo SD, independentemente da idade e do sexo. Estes resultados sustentam os encontrados por Cornish e McManus (1996), Leconte e Fagard (2006), Oliveira (2006) e Santos (2007), em que todos os resultados apontam para uma menor percentagem de consistência por parte dos indivíduos com DM do que os indivíduos DN. Verificamos que é a PM que apresenta a maior diferença entre os grupos DN e SD (82,5% e 41,0%, respectivamente), seguida da PP (70,0% e 41,0%), da PV (87,5% e 61,5%) e da PA (75,0% e 61,5%). Este último índice não apresenta diferenças estatisticamente significativas. Independentemente do sexo e da idade, o grupo DN apresenta valores significativamente superiores de QLAT em relação ao grupo SD. Quando confrontamos os grupos, no geral, observamos que para o QLATM o grupo DN apresenta o valor de 96,00 relativamente a 68,20 do grupo SD, para o QLATP 86,00 relativamente a 62,05, para o QLATV 93,00 relativamente a 81,53 e para o QLATA 85,00 relativamente a 79,48. Todas as comparações estabelecidas entre os dois grupos apresentaram diferenças estatisticamente significativas, à excepção do QLATA. Ao efectuar a comparação entre as duas faixas etárias, em cada grupo, verificamos que, de um modo geral, o grupo mais novo apresenta valores superiores de QLAT e um maior número de indivíduos consistentes relativamente ao grupo mais velho. No entanto, de um modo geral, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as duas faixas etárias, à semelhança de outros estudos (Leconte & Fagard, 2006; Oliveira, 2006). Contudo, este resultado é contrário ao estudo de Vlachos e Karapetsas (1999), pois estes autores referem que o grupo mais velho (13-15 anos) era mais consistente do que o grupo mais novo (7-9 anos).

Esta situação pode dever-se ao facto de as faixas etárias serem diferentes das apresentadas no nosso estudo. Também estes autores não encontraram diferenças significativas, apenas uma tendência entre as faixas etárias. No nosso estudo apenas se verificou uma diferença significativa no grupo SD para a PV. O facto de os indivíduos com SD apresentarem problemas visuais pode explicar este facto, uma vez que a preferência por um dos olhos se pode encontrar condicionada. Em relação à PL cruzada verificamos que o grupo SD apresenta percentagens significativamente superiores às do grupo DN. Ao analisarmos a PL cruzada em cada sexo, para ambos os grupos, verificamos que a mesma tendência se mantém sendo o grupo SD a apresentar maior percentagem de PL cruzada do que o grupo DN. Em relação às faixas etárias verificamos que, tanto na faixa etária mais baixa como na faixa etária mais elevada, os indivíduos DN são mais congruentes do que os indivíduos SD. Apesar de só terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas na comparação entre grupos, verificamos que a mesma tendência é encontrada em ambos os sexos e nas duas faixas etárias. A percentagem de PL cruzada dos indivíduos SD é cerca do dobro da percentagem apresentada pelos indivíduos DN, tal como os resultados encontrados por Porac et al. (1980) num estudo realizado com as mesmas populações. No entanto, ao compararmos as percentagens do grupo DN, em relação ao sexo, verificamos que estas nos conduzem a conclusões encontrados em estudos anteriores (Porac & Coren, 1981; Silva & Vasconcelos, 1995) que mostram que o sexo feminino é mais congruente do que o sexo masculino e que os mais novos são menos congruentes do que os mais velhos. No grupo SD, o sexo masculino é ligeiramente (0,9%) mais congruente do que o sexo feminino e o grupo mais velho é mais congruente do que o grupo mais novo, em acordo com o resultado encontrado por Vlachos e Karapetsas (1999). Uma das situações que causa mais impacto é verificarmos que os valores da PL cruzada nos indivíduos com SD são aproximadamente o dobro do grupo DN, independentemente do sexo e da idade. Este facto poderá resultar das características da própria deficiência.

Conclusões

– Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam índices superiores de preferência lateral esquerda quando comparados com os indivíduos ditos normais.

– Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam índices inferiores de consistência de preferência lateral comparativamente aos indivíduos ditos normais.

– Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam índices superiores de preferência lateral cruzada em relação aos indivíduos do grupo dito normal.

– Estes resultados são concordantes com a literatura existente que refere que a população com deficiência mental, nomeadamente o Síndrome de Down, quando comparada com a população normal apresenta índices superiores de preferência lateral esquerda, menor consistência da preferência lateral e maior ocorrência de preferência lateral cruzada.

References

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