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2 Oct 2013

O ENSINO DO ATLETISMO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM POSSÍVEL SALTO A PARTIR DE UM RELATO DE EXPERIENCIA

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Este estudo é fruto de uma experiência do ensino do atletismo e suas possibilidades como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar.

Autor(es): Kamilla de Oliveira Martins, Bruna Anastácio Santana, Jaison José Bassani
Entidades(es): Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC), Brasil
Congreso: X Congreso Internacional sobre la Enseñanza de la Educación Física y el Deporte Escolar
Pontevedra, 5 al 8 de Septiembre de 2013
ISBN: 978-84-939424-4-1
Palabras Clave: Educação Física, Ensino, Possibilidades, Atletismo Escolar

O ENSINO DO ATLETISMO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM POSSÍVEL SALTO A PARTIR DE UM RELATO DE EXPERIENCIA

Resumen

Este estudo é fruto de uma experiência do ensino do atletismo e suas possibilidades como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar, realizada na disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Física Escolar II, do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Focalizamos o trabalho com atletismo, considerando transformações didático-pedagógicas deste elemento da cultura de movimento nas aulas, bem como a possibilidade de efetivação de uma prática de ensino criativa, prazerosa e atrativa na ótica dos alunos.

Para tal, realizamos observações nos distintos espaços escolares, na turma selecionada para o desenvolvimento do trabalho com o propósito de aproximação àquela realidade escolar e com vistas à organização do planejamento e das intervenções realizadas com 13 estudantes entre sete e oito anos de idade, de uma Escola Municipal de Florianópolis. Nessa direção, apresentamos o tratamento didático-metodológico adotado para materialização do projeto de ensino intitulado “Brincar de Atletismo”, dialogando com os relatórios das aulas e a avaliação dos alunos. Relatamos também as dificuldades, limitações e a possibilidade de intervenção pedagógica do ensino do atletismo na Educação Física escolar.

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Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº22.

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  INTRODUÇÃO

Este estudo é fruto de uma experiência de ensino do atletismo e suas possibilidades como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar, realizada na disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Física Escolar II, do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. O trabalho foi desenvolvido junto uma turma do segundo ano do Ensino Fundamental, composta por treze alunos entre sete e oito anos de idade, de uma escola pública municipal localizada em bairro urbano da cidade de Florianópolis.

A escola em que o projeto foi desenvolvido conta com 290 alunos, divididos em 14 turmas que frequentam turmas do primeiro ano ao nono ano, em turnos matutino e vespertino, com horário de 7h:55 às 11h:55 e 13:10 às 17h:10, a escola possui vinte cinco professores, sendo vinte atuantes em sala de aula e aproximadamente cinco auxiliares ou professores afastados, sendo 3 destes professores de educação física em diferentes turnos.

As aulas de Educação Física eram organizadas três em dias da semana – segundas, terças e quintas-feiras –, com duração de quarenta e cinco minutos cada. As aulas eram ministradas por um professor com vínculo de trabalho temporário naquela instituição, que também atua com o ensino de esportes em uma escola privada. Suas aulas seguiam um padrão: os dois primeiros encontros da semana eram ministrados pelo professor, na quadra poliesportiva da escola. O último encontro da semana era considerado livre, ou seja, os alunos poderiam escolher, de forma individual ou coletiva, as atividades que desejariam realizar durante a aula. Nessas ocasiões, observamos que meninos brincavam de futebol e as meninas de corda. Nos dias chuvosos, as aulas de Educação Física também eram livres e aconteciam em um espaço coberto com uma pequena brinquedoteca e mesas de pingue-pongue. As aulas organizadas começavam sempre com a chamada, uma breve explicação das atividades que seriam desenvolvidas, normalmente futebol, vôlei ou basquete, entre outras atividades, como estafetas, e que iniciavam com a formação de colunas organizadas por gênero. Ao final da aula o professor fazia uma roda com as crianças, geralmente no centro da quadra ou do pátio, e conversava sobre o que ocorreu em sala de aula, geralmente dirigindo xingamentos àqueles que não colaboravam com a efetivação das propostas.

Com o intuito de organizar um planejamento diferenciado daquele comumente vivenciado nas aulas de Educação Física observadas, elaboramos o projeto intitulado “Brincando de Atletismo”, interessadas em apresentar às crianças um esporte pouco habitual nas suas aulas, como também nas de muitos outros professores(as) que atuam tanto nesta, quanto em outras instituições.  Em estudos de Calvo e Mathiesen (2005), foi constatado que é recorrente a não utilização do conteúdo atletismo nas aulas de Educação Física. Quando ensinado, essa prática se subsume à lógica que visa o aumento da performance e o aprimoramento técnico. Mathiesen (2005) aponta que:

Ainda que esse seja o mais comum, existem outras possibilidades de conhecimento dessa modalidade que merecem serem revistas. Ou seja, para além dessa perspectiva competitiva e restrita a grandes eventos mundiais, é preciso que se explore o lado educacional do atletismo. (MATTHIESEN, 2005, p. 15)

Também Kunz (1998) destaca que o atletismo é deixado de lado pelos professores de Educação Física no ambiente escolar, sob o argumento de que os alunos resistem em realizar experiências com o atletismo, preferindo jogar, brincar com bola, do que saltar em altura, distância ou arremessar ou se “matar” em uma corrida de quatrocentos metros. Entretanto,

A preferência por atividades jogadas não está somente na falta de ludicidade como se apresentam as chamadas “provas” de atletismo, mas na maioria dos casos, por lembranças de insucesso ou de uma vivencia não bem sucedida pelos parâmetros normais como essas provas se apresentam. (KUNZ, 1998, p. 23)

Segundo Kunz (2006), superar esta ótica de alta performance é necessária, sem, contudo, ignorar o ensino dos gestos técnicos dessa modalidade ou ensinar apenas por meio de “brincadeiras”, negando, assim, a tematização do atletismo. Nessa direção, o professor precisa, por exemplo, oportunizar vivências com o correr, o saltar, o lançar/arremessar, ampliando o repertório dos alunos(as), considerando as particularidades do atletismo e seus múltiplos significados para eles(as). Desde esta perspectiva, elaboramos o referido projeto de ensino dialogando com alguns pressupostos da proposta crítico-emancipatória e didática-comunicativa (KUNZ, 2006), na qual “o aluno enquanto sujeito deste processo de ensino, deve ser capacitado para a vida social, cultural e esportiva” ( KUNZ, 2006, p. 31). A formação deste aluno não deve ser somente pela aprendizagem da capacidade de ação funcional, mas também – e quiçá sobretudo – a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados das práticas de movimento em diversos âmbitos de sua vida, por meio da reflexão crítica, aspectos tomados como um desafio para o trabalho pedagógico por nós desenvolvido.

Com base nos apontamentos acima, o projeto “Brincando de Atletismo” objetivou proporcionar aos alunos e alunas do segundo ano experiências de movimento e pensamento (dimensões técnica e conceitual) com o atletismo, vinculadas às distintas formas e possibilidades de correr, saltar, arremessar e lançar. Além disso, buscou-se também tematizar a dimensão e capacidade social e comunicativa dos alunos(as), favorecendo a convivência e o companheirismo, bem como problematizar as visíveis questões e conflitos de gênero observadas ao longo do período de inserção na escola.

Na sequência, apresentaremos uma breve fundamentação do trabalho, e, em seguida, trataremos do planejamento das aulas no que diz respeito aos procedimentos adotados.  Como notas finais, relatamos aqui nossas dificuldades, limitações do estudo e algumas possibilidades do ensino de atletismo escolar na disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Física Escolar II.

2. O PROJETO E SEUS DESDOBRAMENTOS

Segundo Kunz (1998), a proposta crítico-emancipatória e didática-comunicativa tem por objetivo a formação de sujeitos críticos e autônomos com vistas à transformação da realidade em que estão inseridos, por meio de uma educação de caráter crítico, reflexivo e fundamentada no desenvolvimento de três competências: 1) objetiva, que visa desenvolver a autonomia do aluno por meio da dimensão técnica do conhecimento; 2) social, referente aos conhecimentos e esclarecimentos que os alunos devem adquirir para entender o próprio contexto sócio-cultural no qual vivem; 3) comunicativa, que assume um processo reflexivo responsável por desencadear o pensamento crítico, e ocorre por meio da linguagem, que pode ser de caráter verbal, escrita e/ou corporal.
Desde esta perspectiva, o projeto foi organizado em três módulos de ensino: a) Brincando de corridas, b) Brincando com arremessos/lançamentos e c) Brincando com saltos. Cada módulo iniciou com a apresentação de filmes ou fotos dos movimentos serem ensinados e tematizados, visando melhor situar os alunos quanto ao atletismo. Foram vinte aulas ministradas ao todo: cinco de corridas, quatro de arremessos/lançamentos, cinco de saltos e seis aulas “livres”.

O projeto de ensino foi apresentado para os professores supervisores da disciplina de Estágio, para o professor de Educação Física e para professora unidocente da turma. Após esta etapa, e também de apresentarmos a proposta aos alunos e alunas, iniciamos o período de intervenção, que ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2012, em três encontros semanais de 45 minutos cada.

As aulas foram organizadas, como dito, partindo da ideia de ensinar algo não habitual nas aulas de Educação Física de escolas brasileiras, considerando conhecimentos prévios dos alunos, o tempo que teríamos para ministrar as aulas, que, por vezes, tornou-se um fator limitador para as propostas a serem realizadas.

A estrutura das aulas foi estabelecida a partir de itens pontuais, de forma não engessada, mas com flexibilidade para mudanças, respeitando-se os objetivos estabelecidos para cada aula, bem como os conteúdos. Essa organização didática contemplou distintos momentos, entre os quais denominamos:

  1. Relembrar: Recepção geral da turma em sala de aula, onde relembrávamos a aula anterior como exercício de conexão com o conteúdo que era apresentado posteriormente para turma. Neste momento, retomávamos ocorrências de fatos da aula anterior, sentimentos e problemas enfrentados. Desta forma, avaliávamos a aula anterior juntamente com os alunos e apresentávamos e encaminhávamos aquela que seria naquele dia desenvolvida.
  2. Experimentando: As práticas eram ministradas em diversos ambientes da escola, como sala de aula, quadra, pátio, corredores, espaços de grama, quadra de vôlei, entre outros. Tais práticas foram norteadas por momentos de experimentação, de criação de atividades relacionadas ao atletismo, problematização e recriação das mesmas. Para melhor visualização e entendimento dos gestos técnicos da modalidade trabalhada, utilizamos recursos de mídias para apresentação das modalidades, como fotos e vídeos de eventos esportivos, atletas e de crianças realizando provas e movimentos do atletismo. A mídia não pode ser desprezada, uma vez que, como ressalta Betti (2003, p. 97-98):

O consumo de informações e imagens proveniente das mídias faz parte da cultura corporal contemporânea, e portanto, não pode ser ignorada; pelo contrário , deve ser objeto e meio de educação, visando instrumentalizar o aluno para manter uma relação crítica e criativa com as mídias.

  1. Avaliação: Discussão da aula realizada com os alunos, com a utilização de um quadro no qual colavam uma “carinha” (alegre ou triste), justificando as escolhas. O quadro avaliativo manteve-se exposto no mural em sala de aula para visualização das crianças. Não queríamos partir de “modelos de avaliação que consideram apenas elementos (chavões) como interesse e participação em aula, que, no limite, acabam por desconsiderar todo o acervo de práticas historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas, no âmbito cultura corporal de movimento”. (RICHTER, 2009, p. 53). Esta foi uma das alternativas empregadas para inserção dos alunos na avaliação, processo que é bastante polêmico e problemático no âmbito da Educação Física (o quê e como avaliar?), além de uma maneira de registro das aulas.

3. NOTAS FINAIS: DAS DIFICULDADES, LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES

Desde o primeiro dia que nos inserimos na escola, passamos por períodos de observação, de atuação, de análise de nossas práticas em reuniões com a turma da disciplina de Estágio Supervisionado II, onde realizamos planejamentos, leituras dirigidas e discussões de textos, e acompanhamento e reflexão sobre a experiência de docência.  Tal experiência nos ofertou aprendizados não só no que diz respeito à prática pedagógica, mas também à nossa visão de mundo e ao reconhecimento de nosso compromisso para com o ensino.

Com relação ao conteúdo desenvolvido, percebemos que o atletismo mostrou ter potencial pedagógico, a exemplo dos momentos em que os alunos traziam as tarefas propostas, realizam as propostas, se mostravam participativos quanto as opiniões dadas, participavam das práticas de forma a realizar os gestos técnicos , bem como, com a criatividades trazendo outras possibilidades.
Sem deixar de considerar as especificidades do atletismo, oportunizamos brincadeiras de saltar, arremessar/lançar e correr, recriando, com a turma, novas possibilidades de movimento. Consideramos a importância de estudarmos com maior profundidade, na condição de docentes, o conteúdo abordado, favorecendo, assim, um melhor domínio sobre o tema e sobre as condições de seu ensino. Na condição de professores iniciantes, percebemos que os debates em grupo com colegas, as observações críticas e sugestões dadas pelos professores orientadores ao final das aulas nos faziam refletir se e como nossos objetivos estavam sendo alcançados e que modificações poderiam ser realizadas.

Destacamos também a importância de um planejamento organizado, claro e coerente e, ao mesmo tempo, sempre aberto para a imprevisibilidade.

REFERÊNCIAS

Betti, Mauro.(2003). Imagem e ação: a televisão e a Educação Física escolar. In: BETTI, Mauro (org.). Educação Física e Mídia: novos olhares outras práticas. São Paulo: Hucitec.

CALVO, A. P.; MATTHIESEN, S. Q. (25 a 28 maio 2005). Atletismo nas aulas de Educação Física Escolar: comparação entre dois estudos realizados com universitários da UNESP-Rio Claro. IN: Anais do IV Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana/X Simpósio Paulista de Educação Física, Revista Motriz, Rio Claro, v. 11, n 1, suplemento, p. S31, jan./abr. 2005, ISSN 1415-9805,

Matthiessen, Sara Quenzer.(2005). Atletismo se aprende na Escola – Jundiaí, SP: Editora Fontoura.

Kunz, Elenor.(2006). Transformação didático pedagógica do esporte. 7. ed. Ijuí: Editora Unijuí.

Kunz, Elenor.(2008). Didática da Educação Física. Ijuí: Unijuí.

Richter, Ana Cristina. (2009, setembro). Dos Lugares do Esporte na Educação Física: Algumas possibilidades de intervenção pedagógica. Cadernos de Formação RBCE, p. 43-56.

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