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25 Nov 2013

O modelo transteórico no diagnóstico do comportamento da prática desportiva nos estudantes do ensino superior.

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Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº23.

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Este estudo procurou analisar e identificar através do Modelo Transteórico (TTM)  o  comportamento atual da prática desportiva entre estudantes do ensino superior.

Autor(es): Fernando M. Lemos, Nuno C. Real, Cláudia Dias, António M. Fonseca
Entidades(es): Universidade do Porto
Congreso: XIV Congreso Internacional sobre la Psicología del deporte
Pontevedra, 14 al 16 de Noviembre de 2013
ISBN: 978-84-939424-6-5
Palabras Clave: Estádios de Mudança, Balanço Decisional, estudantes do ensino superior, prática desportiva.

O modelo transteórico no diagnóstico do comportamento da prática desportiva nos estudantes do ensino superior.

Resumen:

Este estudo procurou analisar e identificar através do Modelo Transteórico (TTM)  o  comportamento atual da prática desportiva entre estudantes do ensino superior. 388 estudantes de ambos os sexos sendo 259 (66,8%) do sexo feminino e 129 (33,2%) do sexo masculino, com média de idade inferior a 23 anos (M = 22,31; DP = 4,84), completaram um questionário online durante o período regular de aulas. Do total dos estudantes inquiridos 39,9% não tinham em seu comportamento qualquer prática desportiva regular (Pré-contemplação, Contemplação, ou Preparação), enquanto 22,5 % estavam no estágio de Ação (regularmente ativos ainda que por um período inferior a 6 meses) e 37,2% estavam em fase de manutenção (regularmente ativos por um período superior a 6 meses). Os Prós e Contras apresentaram expressões diferenciadas entre os estágios de mudança do exercício, o sexo masculino perceciona valores médios de Prós mais elevados em todas as fases do TTM. Verificou-se diferenças significativas entre as variáveis independentes Sexo e ano da Licenciatura com a variável dependente Balanço Decisional. Ambos os sexos apresentam uma perceção clara dos Prós quando comparados com os Contras nas fases iniciais dos Estádios de Mudança. O TTM mostra poder facilitar um processo de análise da população em estudo e pode também orientar modificação e melhoria de uma eventual intervenção numa determinada população, e.g. uma análise dos padrões de transição de um dos estádios de mudança para outro pode determinar se a intervenção foi mais bem sucedida com indivíduos em um determinado estádioe não com os indivíduos em outro estádios.

A investigação nas ciências humanas, na saúde e no desporto tem vindo a realçar a multiplicidade de vantagens inerentes à prática de exercício físico estando bem documentados os benefícios do exercício ao nível físico, psicológico e social (Fox, 1999; Hardman & Stensel, 2009; Warburton, Nicol, & Bredin, 2006). Apesar destas evidências em Portugal, 55% da população afirma não realizar qualquer atividade física (Special Eurobarometer, 2010) colocando nos últimos dez anos o país no grupo de países europeus com os níveis de atividade física mais baixos da União Europeia (Special Eurobarometer, 2004 ; Sjöström et al., 2006).  Mesquita et al., (2010) descrevem que apenas 12.9% dos participantes atingiram os níveis de atividade física segundo as indicações do (ACMS, 2009; CDC, 2008; WHO,2010) sobre a frequência semanal de prática desportiva necessária com o objetivo de promover e manter a saúde em adultos dos 18 aos 25 anos, evidenciando uma real prevalência da inatividade física na população portuguesa.A atividade física em alunos do ensino superior ainda é pouco estudada  em Portugal, estando no entanto documentada em análises de 23 países, revelando que esta população apresenta níveis muito abaixo dos recomendados (Hasse et. al. 2004). Importa assim desenvolver uma compreensão dos comportamentos das populações específicas face a prática desportiva, como é o caso do estudante do ensino superior, contribuindo na identificação de fatores motivacionais dos comportamentos de saúde, colmatando assim a falta de estudos teoricamente fundamentados nesta população (Keating et. Al., 2005). A literatura sugere que a participação na atividade física ao longo da vida continua a ser uma aspiração omnipresente e amplamente apoiada em programas escolares de Educação Física, e a transferência de aprendizado são de facto uma importância central para a sua realização (Kirk, 2010). Neste pressuposto torna-se necessário identificar os hábitos de exercício e prática desportiva desta população, podendo assim analisar e quantificar de maneira mais precisa estes comportamentos, favorecendo uma maior compreensão sobre o atual estado da mesma  de maneira a facilitar um processo de análise da mesma e  procurar fornecer pistas e indicações futuras sobre a eventual necessidade de uma intervenção prática para a promoção da prática desportiva e do exercício físico saúde junto aos estudantes do ensino superior.
Na literatura abundam os modelos teóricos que têm sido utilizados para explicar o comportamento do exercício, entre os mais populares o  Modelo Transteórico, Transtheoretical Model of Change (Prochaska & DiClemente, 1983; Prochaska & Velicer, 1997)  ou TTM, é sem dúvida o modelo dominante de saúde e mudança de comportamento, tendo recebido uma atenção da investigação sem precedentes e tornando-se num dos modelos mais amplamente utilizados na promoção de comportamentos que visam a saúde. O TTM é um modelo de mudança intencional, que incide sobre a tomada de decisão do indivíduo e que inclui ainda um conjunto de medidas de resultados que são sensíveis a uma gama completa de alterações cognitivas, emocionais e comportamentais, o TTM pode facilitar um processo de análise da população em estudo como é o caso deste trabalho, mas pode também orientar a modificação e melhoria da intervenção numa determinada população, e.g. uma análise dos padrões de transição de um dos estágios de mudança para outro pode determinar se a intervenção foi mais bem sucedida com indivíduos em um determinado estágio e não com os indivíduos em outro estágio.

Apesar da sua complexidade, o TTM é mais comumente referido como modelo dos “estágios de mudança” e é hoje um dos modelos mais conhecidos e utilizados na explicação do comportamento de exercício físico (Biddle & Mutrie, 2008). A Concetualização do TTM é fundamentada na premissa de que a mudança comportamental ocorre ao longo de um processo, no qual as pessoas possuem níveis de prontidão para a mudança.
Segundo Prochaska & Velicer, 1997, estes seis níveis estão sequenciados e ordenados num continuum próprio e são denominadas de Estágios de Mudança (Pré contemplação, Contemplação, Preparação, Ação, Manutenção e Finalização). O TTM inclui ainda outros constructos, entre eles salienta-se um dos conceitos fundamentais deste modelo o Balanço Decisional. Este refere-se à avaliação da importância percebida das vantagens (prós) e das desvantagens (contras) da mudança de comportamento, sendo importante para que esta mudança seja feita com sucesso (Biddle & Mutrie, 2008). Assim, decorre o interesse em avaliar estas variáveis no contexto da prática desportiva, neste trabalho as mesmas serão utilizadas de forma a analisar descritivamente o comportamento de exercício físico.

Método

Participantes

Foi realizado um estudo transversal com 388 estudantes de ambos os sexos, representando os diversos cursos de licenciaturas da Escola de Educação do Instituto Politécnico do Porto.
Tabela 1
Dados Demográficos

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As características demográficas obtidas centravam-se em itens sobre a idade, sexo e o ano do curso dos estudantes.

Materiais/Instrumentos
Questionário dos Estádios de Mudança do Exercício (Stage of Exercise Behaviour Change Questionnaire).
O questionário dos Estádios de Mudança, Marcus et. al. 1998, permite identificar qual o nível de prontidão para a mudança comportamental que a pessoa se encontra (i.e. fases de mudança). Ao aluno é feita a pergunta: “Faz algum tipo de exercício físico com regularidade de no mínimo duas vezes por semana entre 20 e 60 minutos?”. A seguir o aluno seleciona uma das cinco afirmações que mais se aproxima da sua situação atual: “ Não faço exercício físico com regularidade nem pretendo começar nos próximos 6 meses (Pré Contemplação); Não faço exercício físico com regularidade mas pretendo começar nos próximos 6 meses (Contemplação); Não faço exercício físico com regularidade mas pretendo começar nos próximos 30 dias (Preparação); Faço exercício físico com regularidade há menos de 6 meses (Ação); Faço exercício físico com regularidade há mais de 6 meses (Manutenção).
Questionário do Balanço Decisional para o Exercício (Decision Balance Scale for Exercise).
O questionário do Balanço Decisional para o Exercício contém 10 itens (5 prós e 5 contras), desenvolvido por Nigg et. al. 1998. Os participantes foram orientados para indicar, em uma escala do tipo Likert de 5 pontos (variando de 1 “nada importante” a 5, “extremamente importante”), um conjunto de afirmações sobre aspetos negativos e positivos por vezes associados ao exercício físico: “Fazer exercício físico regularmente faz-me (ou far-me-ia) sentir mais a vontade com o meu corpo (Prós); Fazer exercício físico tira-me (ou tirar-me-ia) tempo para estar com os meus amigos (Contras).

Procedimento
Os alunos preencheram um questionário do tipo online presencialmente e em horário regular das aulas sendo instruídos que a sua participação seria voluntária e que o anonimato estaria assegurado. Foi verificada através do TTM por sexo e ano da licenciatura em qual estágio de Mudança o aluno se encontrava bem como as suas perceções dos Prós e Contras da prática desportiva.
Foi utilizada a ANOVA para determinar se poderiam haver diferenças entre o sexo  tendo como variável dependente o Balanço Decisional (prós e contras) e ainda  entre o ano da licenciatura  e o os respetivos Estádios de Mudança.

Resultados

No que respeita aos Estádios de Mudança verificam-se expressões diferenciadas entre  as fases iniciais dos Estágios de Mudança (Pré contemplação, Contemplação e Preparação)  e os estados ativos ( Ação e Manutenção).

Figura 1
Estádios Iniciais e Estádios Ativos do TTM.

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A distribuição por sexos pelos anos de licenciatura realça que a percentagem na fase da Preparação diminui para os homens a medida que avançamos nos anos da licenciatura quando comparados com as mulheres. Verifica-se no entanto que os alunos nestes estágios iniciais indicam não ter qualquer compromisso com a prática desportiva as maiores percentagens encontram-se no primeiro ano de estudos dos alunos e são mais evidentes no 1º ano da licenciatura no sexo masculino (76%). Na fase da Ação as mulheres apresentam percentagens superiores transversalmente em todos os anos da licenciatura quando comparados com os homens, já na fase da Manutenção verifica-se que a percentagem de mulheres decresce e a percentagem dos homens incrementa neste estágio. Em contraste com os alunos do 1º ano da licenciatura sendo que 13,4% dos finalistas do sexo masculino encontram-se nas fases iniciais dos Estágios de Mudança enquanto as finalistas do sexo feminino apresentam uma percentagem de 43,2%.

Tabela 2
Distribuição dos Estádios de Mudança pelo sexo e ano da licenciatura.

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Na comparação por sexo entre os Prós e Contras nos Estádios de Mudança , verificamos que o sexo masculino quando comparado com o feminino perceciona valores médios de Prós mais elevados e Contras mais baixos em todas as fases dos respetivos Estádios de Mudança.

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Figura 2
Prós, Contras, por sexo e estádios de mudança

Nas ANOVAS efetuadas entre o ano da Licenciatura e o Balanço Decisional dos Prós e Contras o pressuposto das homogeneidade das variâncias foi cumprido  F(2,241)=1.264, p=0.284. O ano da Licenciatura tem um efeito significativo no Balanço dos Prós e Contras do exercício físico F(2,363)=9.620, p<0.001. Nos testes post hoc Tukey e Bonferroni, dos três anos de licenciatura existentes o primeiro ano com  o terceiro e o segundo ano também com o terceiro diferem significativamente entre si.
O mesmo acontece com as analises na variável Sexo, que também aparece com diferenças significativas  no Balanço Decisional F(1,364)=11.214,  p<0.001 sendo o pressuposto das homogeneidade das variâncias igualmente cumprido  F(1,364)=0.433, p=0.511.

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Figura 3
Análise da variância do Modelo Transteórico (ANOVA)

Discussão

O período de transição para o ensino superior aparenta ser uma das causas para que os estudantes nao tenham em seu comportamento qualquer prática desportiva regular, os alunos matriculados no primeiro ano localizam-se em sua maioria em Fases Iniciais dos Estádios de Mudança. Já os Prós e Contras do exercício apresentaram expressões diferenciadas entre os estágios de mudança confirmando-se uma perceção menor dos  “Contras” nos estádios mais tardios da prática desportiva.  O Sexo masculino apresenta uma maior perceção dos Prós da prática despotiva em comparação com o sexo feminino. O Ano da Licenciatura do aluno é um forte indicador na fase dos Estádios de Mudança da prática desportiva. O Modelo Transteórico é um modelo que apresenta vantagens na análise de comportamentos da prática desportiva, e.g. possibilitando identificar  em que fase encontra-se o aluno no intuito de  analisar  os resultados de uma  prescrição na intervenção  prática.

Referências:

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Biddle, S. J. H., & Mutrie, N. (2008). Psychology of physical activity: Determinants, well-being & interventions (2nd ed.). London: Routledge.
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Fox, K. R. (2000). The effects of exercise on self-perceptions and self-esteem. In: S. J. H. Biddle, K. R. Fox, & S. H. Boutcher (Eds.), Physical activity and psychological well-being (pp.88-117). London: Routledge.
Hardman, A. E., & Stensel, D. J. (2009). Physical activity and health: The evidence explained (2nd ed.). New York: Routledge.
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Janis IL, Mann L. (1977) Decision making: A psychology analysis of conflict, choice, and commitment. New York: Free Press.
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Kirk, D (2010). Physical Education Futures.  New York: Routledge.
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Mesquita, A. V. C., Ribeiro, E., Pinto, F., Cangueiro, H., Pereira, L., Santos, S., & Fernandes, H. M. (2010). A influência da atividade física na dimensão autonomia do modelo de bem-estar psicológico de Carol Ryff. In C. Nogueira, I. Silva, L. Lima, A. T. Almeida, R. Cabecinhas, R. Gomes, C. Machado, A. Maia, A. 49 Sampaio, & M. C. Taveira (Eds.), Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia (pp. 1840-1855). Braga: Associação Portuguesa de Psicologia.
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