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7 May 2009

The role of photography in the aesthetic evaluation/appreciation of some sports classically considered with reduced aesthetic value. Exploratory essa

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Sport is, in contemporary world, one preferential target of the mass media and according to Marques (2003) either we appreciate it or not, there is no doubt that we cannot ignore it, because there is always something on it that attracts and delights us.

 
Autor(es): Pedro Cardante; Marta Otero; Teresa Lacerda
Entidades(es): Faculty of Sport, University of Porto, Portugal Centre of Research, Education, Innovation and Intervention in Sport, Portugal
Congreso: V Congreso nacional de las ciencias del deporte y la educación física
Pontevedra: 7-9 de Mayo de 2009
ISBN: 978-84-613-1660-1
Palabras claves: Sport aesthetics, photography, aesthetic appreciation.

RESUMEN COMUNICACIÓN/PÓSTER

Sport is, in contemporary world, one preferential target of the mass media and according to Marques (2003) either we appreciate it or not, there is no doubt that we cannot ignore it, because there is always something on it that attracts and delights us. The author argues that all sports have within potential bearers of aesthetic qualities. A remarkable sign of contemporary society is the importance of image, so that Huyghe (1998) cotes that since the XXth century we can be named an image civilization. The discovery of photography propitiated the unreasonable possibility of self-knowledge and the world became in a certain way familiar, as the human being acquired a more precise and vast knowledge of some realities that in past were only transmitted by the written, verbal and pictorial tradition (Kossoy, 2003). Sport was certainly one of those realities and the investigation in this field has remarkably benefited from photography, namely the aesthetics of sport that owes to photography a good part of its development. The main purpose of this essay was to understand the aesthetic evaluation/appreciation of some sporting activities by a group of professional photographers and verify the differences in their opinion when confronted to artistic photos of the same sports. It was selected a cluster of 9 sports, classically qualified with reduced aesthetic value (Best, 1988; Parry, 1989; Takács, 1989; Lacerda, 2002) and a group of artistic images of the same 9 sports. To collect data it was used two questionnaires answered with a distance of one week. The most important conclusion was that the group of photographers increased the aesthetic value of some represented sports in photos (second questionnaire) relatively to the single concept of those same sports (first questionnaire). Boxing was the most significant case.

Fundamentação Teórica

Contemporaneamente, a estética constitui um domínio que se interessa, e que tem interessado, contextos muito diversificados da sociedade, como a arte, a moda ou o desporto. Marques (1993) expressa que o desporto possui uma dimensão estética, embora seja ainda difícil clarificar a sua natureza e importância. O mesmo autor enfatiza que, em potencial, todos os desportos são portadores de qualidades estéticas, opinião que partilhamos inteiramente. É de salientar, contudo, que vários são os estudos que apresentam referências a uma tendência para distinguir os desportos do ponto de vista estético (Best, 1988; Parry, 1989; Takács, 1989), ou até para os hierarquizar em função do seu valor estético (Lacerda, 2002). Aspectos como a perspectiva do senso comum, a presença de critérios estéticos na avaliação da competição, a existência de intenção estética no movimento são, entre outros, alguns argumentos mencionados pelos autores para aquela diferenciação. O desporto adquiriu ao longo das últimas décadas uma relevância cultural à escala planetária, de tal modo que já quase ninguém lhe consegue ficar indiferente, seja pela sua prática, seja pela observação. O facto de proporcionar experiências estéticas não será com certeza estranho ao impacto que detém. O universo estético do desporto propicia experiências de prazer que se iniciam no plano da sensorialidade e se prolongam e expandem a sentimentos e emoções, vividos em público ou em privado, na intimidade ou na partilha. A visão é, inequivocamente, um sentido privilegiado no acesso à estética do desporto. Os quadros, as telas, as imagens desportivas atingem-nos preferencialmente pelo olhar. Desde o início do século XX, a imagem conquistou a humanidade, de forma que Huyghe (1998) afirma que somos a civilização da imagem. Abrantes (1999) menciona que ver uma imagem é investir um olhar. Sublinha que os olhares são construídos culturalmente, podendo cada olhar esconder um ser, um modo de estar, modos de pensar, e por isso o que é visto varia de pessoa para pessoa, acrescentando ainda que os movimentos cognitivos que as imagens provocam, situam-se em certos contextos históricos e culturais que lhes condicionam ou expandem a força interna. As imagens reflectem assim um impacto muito sugestivo na sociedade. Deste modo, consideramos que estudar a importância da fotografia na apreciação estética do desporto pode contribuir para a ampliação do conhecimento neste domínio. Os registos fotográficos são, actualmente, a principal prova visual das acções do homem, reconhecendo-se à fotografia a capacidade de transformar em documento aquilo que é efémero (Soares e Oliveira, 2007). A apreciação estética implica atenção aspectual, desprendimento, contemplação, sendo que a fotografia que representa o desporto apresenta-se como um complexo de desafios a este nível. O objectivo geral do presente estudo consistiu em contribuir para a clarificação da importância da fotografia na estética do desporto. O objectivo específico traduziu-se em identificar a opinião de fotógrafos profissionais relativamente ao valor estético de um grupo de desportos classicamente (Best, 1988; Parry, 1989; Takács, 1989; Lacerda, 2002) considerados como menos estéticos, menos atractivos esteticamente, e confrontar essa opinião com a formulada quanto a um conjunto de fotografias artísticas representando o mesmo grupo de desportos. O estudo revestiu uma natureza marcadamente exploratória, dado o desconhecimento de outros trabalhos com o mesmo propósito, o que nos impede de confrontar metodologia e resultados.

MATERIAL Y MÉTODOS.

O grupo de estudo foi constituído por 25 fotógrafos profissionais, portugueses, 19 homens e 6 mulheres, com idades compreendidas entre os 24 e os 64 anos e com uma experiência profissional em média de 9 anos. 80% dos inquiridos já tinham realizado trabalhos fotográficos de âmbito desportivo. Cerca de metade (44%) dos participantes no estudo praticou ou ainda pratica desporto. Todos os participantes afirmaram ser espectadores/observadores de desporto, constituindo o futebol a modalidade mais assistida (64%). Para a recolha de informação foram utilizados dois questionários (Q1 e Q2) construídos propositadamente para o desenvolvimento deste estudo, aos quais os inquiridos responderam com uma semana de intervalo. Seguiram-se os procedimentos metodológicos adequados com vista a garantir a validade e fiabilidade dos questionários. O primeiro questionário (Q1) incluía um quadro de 9 desportos, pedindo-se aos respondentes que assinalassem, usando uma escala de intensidade de tipo Lickert, o valor estético de cada desporto. A escala foi a mesma utilizada por Lacerda (2002), Marques (2004) e Ferreira (2007), variando de 1 a 5, sendo que a cada categoria numérica correspondia uma categoria verbal (1. nenhum valor estético; 2. pouco valor estético; 3. moderado valor estético; 4. bastante valor estético; 5. muito valor estético). Os desportos incluídos foram: boxe, râguebi, remo, halterofilismo, tiro, tiro com arco, atletismo, culturismo e futebol. O segundo questionário (Q2) integrava 23 imagens (fotografias artísticas) relativas aos mesmos desportos, pedindo-se aos respondentes que atribuíssem valor estético às imagens, fazendo uso da mesma escala utilizada em Q1. Para o tratamento da informação, fez-se uso da estatística descritiva, recorrendo-se às frequências relativas.

Discussão e Interpretação dos Resultados

No quadro 1 apresentam-se os resultados obtidos através do questionário Q1, sendo possível verificar que o boxe foi a modalidade com a frequência de respostas mais elevada para o nível 1 (24%), a que correspondia a categoria verbal nenhum valor estético.

Quadro 1 – Frequências relativas quanto ao valor estético de cada desporto.

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 10

Nas categorias pouco valor estético e moderado valor estético registaram-se frequências de 28% e 24%, respectivamente. Se se adicionarem os resultados obtidos nas categorias 1 e 2, verifica-se que a soma ultrapassa os 50%, evidenciando algum consenso em atribuir pouco ou nenhum valor estético a este desporto. Marques (1993) discorre a propósito duma possível classificação estética dos desportos a partir do senso comum, designando-os como bonitos e feios, explicando que os desportos feios seriam considerados como não portadores de qualquer valor estético e até, por vezes, encarados como a negação do próprio desporto, anti-desportivos e, por isso, avaliados negativamente em termos estéticos. O mesmo autor cita como exemplo paradigmático deste grupo de desportos, o boxe, o que converge com a opinião do nosso grupo de estudo. Cabe referir, no entanto, que existem outras leituras possíveis quando o que está em causa são as potencialidades estéticas desta modalidade: a sua frequente representação na arte, por exemplo, atesta a forte atracção que o boxe e os boxeurs exercem sobre os artistas. O râguebi foi um dos desportos que reuniu maior consenso, tendo registado uma frequência de 52% na categoria moderado valor estético e de 16% na categoria bastante valor estético. Pensamos que a recente mediatização da modalidade em Portugal, como consequência da primeira participação da Selecção Nacional no Campeonato do Mundo, pode ter contribuído para um melhor conhecimento da modalidade e proporcionado maior atenção para as suas potencialidades estéticas. O papel dos media na difusão das mais diversificadas imagens desportivas, é fundamental para o desenvolvimento e consolidação da estética do desporto. O remo foi outro dos desportos que reuniu bastante unanimidade e não foi, de todo, considerado um desporto com reduzido valor estético por parte dos fotógrafos que inquirimos. Deste modo, 40% situou-o na categoria bastante valor estético e 36% na categoria moderado valor estético. É de registar ainda que constituíu um dos três desportos que não foi situado por nenhum dos inquiridos na categoria nenhum valor estético (juntamente com o tiro com arco e o atletismo). A área geográfica da qual são oriundos os elementos do grupo de estudo poderá, em parte, ajudar a explicar este resultado, na medida em que a maioria habita no litoral, em particular na cidade de Viana do Castelo onde inquirimos 32% dos fotógrafos e onde o remo é uma das modalidades mais praticadas e difundidas. No que ao halterofilismo diz respeito, os resultados obtidos distribuíram-se fundamentalmente por três categorias. A frequência mais elevada verificou-se na categoria pouco valor estético (36%), sendo que as categorias moderado e bastante valor estético registaram ambas a frequência de 24%. Num estudo de Lacerda (2002) realizado com professores universitários, o halterofilismo foi situado pela maioria dos inquiridos entre as categorias nenhum e pouco valor estético, o que não coincide exactamente com os resultados do presente estudo. Parece-nos que os fotógrafos foram capazes de reconhecer um potencial estético mais evidente nesta modalidade. Na modalidade de tiro registou-se uma frequência de 52% para a categoria pouco valor estético e 32% para moderado valor estético, o que revela uma opinião dominante de reduzido valor estético. É possível que, tal como refere Lacerda (2002) a posição corporal assumida pelos atiradores, de uma grande rigidez e ausência de movimento, bem como o som produzido pelos disparos, possa sugerir um ambiente de guerra, impedindo a atribuição de valor estético a esta modalidade. Outra das modalidades que denunciou alguma heterogeneidade de opiniões foi o tiro com arco. Apesar de o maior registo percentual se ter situado na categoria pouco valor estético, com 44%, não deixam de ser assinaláveis os 32% na categoria moderado valor estético, os 20% associados a bastante valor estético e ainda a não existência de qualquer registo em nenhum valor estético. Verifica-se que o tiro com arco é mais valorizado do ponto de vista estético do que o tiro, o que coincide com os resultados de Lacerda (2002). O atletismo foi, a par do remo e do tiro com arco, uma das três modalidades nas quais não houve qualquer registo na categoria nenhum valor estético. O valor da frequência relativa mais elevado foi de 36% na categoria moderado valor estético, seguindo-se 32% em bastante valor estético e 16% em muito valor estético. Estes resultados, de uma forma geral, evidenciam o reconhecimento das possibilidades estéticas do atletismo. O culturismo assumiu, nesta primeira análise de dados, uma posição de destaque, na medida em que é o desporto com uma frequência relativa mais elevada na categoria muito valor estético (28%), seguindo-se o registo de 40% para a categoria bastante valor estético. A associação do culturismo a volumetria, massas musculares bem definidas, ausência de flacidez, pode explicar em parte este resultado. Parece-nos que este desporto evoca directa e imediatamente o corpo, pelo que para os fotógrafos do nosso estudo o corpo pode ter sido exactamente o principal responsável pela atribuição de valor estético ao culturismo. O futebol encontrou as frequências relativas mais elevadas em 3 categorias sucessivas, a saber: 24% em pouco valor estético, 28% em moderado valor estético, assim como em bastante valor estético. É de assinalar ainda a frequência de 12% na categoria muito valor estético. Parece-nos interessante comparar os dois jogos desportivos colectivos incluídos no estudo, râguebi e futebol, e realçar que se evidencia uma tendência marcada para lhes reconhecer valor estético, o que poderá advir, com é realçado por Kupfer (1988), de características estruturantes dos jogos, como a confrontação e a cooperação que, de acordo com o autor, ampliam as possibilidades estéticas.

Os resultados do Q2, relativos à atribuição de valor estético às imagens fotográficas do grupo de desportos em estudo, são apresentados no quadro 2. A análise destes resultados permite-nos avaliar as diferenças de opinião dos fotógrafos quando o que estava em causa era o conceito de um determinado desporto ou o tratamento artístico dado a essa mesma actividade desportiva a partir do registo fotográfico.

Quadro 2 – Frequências relativas quanto ao valor estético das imagens artísticas dos desportos em estudo.

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 10

Verificou-se que foi o boxe a modalidade que apresentou a diferença mais significativa entre a avaliação estética dos desportos e das suas imagens, dado que a frequência mais elevada se registou na categoria bastante valor estético (44%), o que se traduziu em quase metade das opiniões do grupo de estudo. Na categoria moderado valor estético verificou-se uma frequência relativa de 36%, sendo de realçar que nenhum inquirido atribuiu nenhum valor estético às imagens de boxe. A diferença é muito expressiva relativamente a Q1, onde o boxe aparecia com o valor mais elevado na categoria nenhum valor estético e valores baixos nas categorias bastante e muito valor estético. Marques (1993), formulou algumas questões que nos parecem bastante pertinentes e que podem justificar em parte os resultados do presente estudo: “Os próprios desportos ‘feios’, como o boxe, não exercem algum fascínio, não tocam a sensibilidade dos artistas que vêem nos movimentos das pernas dos boxeurs dentro do ringue, a leveza dos movimentos do bailado? Porquê tantos artistas plásticos, tantos escritores tiveram o boxe e os boxeurs como motivo das suas criações?” (p. 35). Estas perguntas não poderiam estar mais apropriadas ao nosso estudo: a referência específica ao movimento dos membros inferiores dos boxeurs adequa-se particularmente, dado que uma das imagens que apresentamos ao grupo referia-se a uma composição de pormenor, a preto e branco, a transmitir o movimento em linhas oblíquas formadas pelas pernas dos boxeurs. A apreciação das imagens de râguebi resultou numa frequência relativa de 48% na categoria moderado valor estético, muito próxima dos 52% registados na mesma categoria em Q1. Houve contudo uma diferença a assinalar na categoria pouco valor estético, de 12% em Q1, para 28% em Q2. Ainda assim, nesta segunda apreciação, não houve qualquer registo para nenhum valor estético e as categorias bastante e muito valor estético, mantiveram-se estáveis. A imagem visa provocar nos seus receptores um determinado conjunto de emoções e sentimentos o que, segundo Joly (1994), são noções complexas e contraditórias que vão da sabedoria ao divertimento, da linguagem à sombra, da imobilidade ao movimento. Entendemos que o movimento é de importância fundamental nas imagens do desporto. Duas das imagens de râguebi que apresentamos aos fotógrafos emanavam precisamente este movimento, em oposição a uma terceira que ilustrava um pormenor da bola de râguebi a ser preparada “lentamente” para um ensaio; a primeira, a preto e branco, focando apenas os membros inferiores, cheia de linhas de acção a prever o esforço dos atletas aglutinados, e uma outra que consideramos particularmente evocativa de movimento, com um jogador de râguebi a ser elevado pelos colegas de equipa e a receber a bola no ar, circundados por um grupo de jogadores em nítida aproximação em corrida. Pensamos que as propriedades de cada uma destas imagens, assim como o contraste imobilidade/movimento que se observava entre elas, pode ter contribuído para elevar a apreciação estética deste desporto e justificar, eventualmente, a ausência de qualquer registo na categoria nenhum valor estético. No remo, as categorias moderado, bastante e muito valor estético registaram os valores percentuais mais elevados, 32%, 36% e 24%, respectivamente, o que relativamente a Q1 evidencia pequenas descidas percentuais nas categorias moderado e bastante valor estético, mas também uma subida de 8% na categoria muito valor estético, que se manifesta até como o valor mais elevado nesta categoria, reforçando a unanimidade na atribuição de elevado valor estético em Q1 e em Q2. Um olhar mais atento sobre o movimento sincronizado dos remadores, o ritmo de entrada e saída dos remos na água, o deslizar da embarcação, podem ser factores para a consideração da estética do remo (Lacerda, 2002). Com efeito as imagens que seleccionamos para representar o remo acarretavam alguns dos factores referidos pela autora. Joly (1994) afirma que a experiência real de contemplação de imagens fixas trata da observação de cartazes, fotografias de imprensa ou pinturas. Ora, as nossas fotografias são também registos fixos mas transparecem o movimento dos remadores em contra luz, perpetuam o efeito ondulado da água deixada para trás pela entrada e saída dos remos e acentuam a forma esguia e deslizante da embarcação quando vista do ar, ou em ângulo picado com o pôr-do-sol como fundo. Um conjunto de características da imagem possibilitadas pela riqueza estética do desporto e do seu meio envolvente, que admitimos poder ter influenciado os fotógrafos na sua apreciação. Em Q2 as imagens de halterofilismo obtiveram a mesma frequência relativa na categoria pouco valor estético (36%). A categoria moderado valor estético registou uma frequência superior relativamente a Q1 (44%) e a categoria bastante valor estético marcou-se por um abaixamento (12%). As imagens que apresentamos relativamente a este desporto em Q2, eram imagens de pormenor que se centravam principalmente na parte superior do atleta, evidenciando os traços faciais e, portanto, a apneia e expressão de esforço, a hipertrofia muscular elevada e até a presença de várias cores na imagem, provenientes dos halteres, equipamento dos atletas e fundo da fotografia. Pensamos que todos estes elementos, poderão ter-se repercutido positivamente na apreciação estética das imagens. Mata (2004) afirma que a visão que o leitor tem do mundo através da fotografia, não é um registo mecânico, a realidade das coisas não a vemos, só a percebemos, e a percepção é um processo criativo, através do qual nos relacionamos com o nosso ambiente material e social, razão pela qual as imagens que apresentamos podem permitir maior abertura aos desportos, uma interpretação estética mais rica ou pelo menos diferente, e alimentar ou despertar nos observadores uma maior reflexão sobre a estética do desporto. O tiro foi a modalidade considerada em Q1 com menor valor estético, tendo continuado em Q2 a registar um valor percentual elevado na categoria pouco valor estético (40%), sendo de notar, contudo, que em Q1 tinha obtido 52%. É de assinalar ainda que reuniu quase metade das opiniões na categoria moderado valor estético (48%), tendo subido o valor da frequência relativa (Q1 – 32%). As imagens parecem ter assim evidenciado um poder de atracção estética superior relativamente ao conceito do desporto tiro. Relativamente ao tiro com arco,a maioria das opiniões situou-se na categoria moderado valor estético (52%), o que manifesta uma subida relativamente a Q1. Na categoria bastante valor estético verificou-se uma descida de 8% mas, na categoria pouco valor estético, houve igualmente uma descida de 12%. Assim, a análise de todas as categorias permite evidenciar a tendência para valorizar mais o tiro com arco em Q2 do que em Q1. O atletismo,que já havia reunido uma valorização estética bastante positiva em Q1, registando, por exemplo, o valor percentual mais elevado na categoria moderado valor estético (36%), registou em Q2 uma subida de frequência na categoria bastante valor estético (56%). A categoria pouco valor estético registou a frequência de 4% (inferior a Q1 – 16%) e a categoria nenhum valor estético não obteve qualquer registo, percebendo-se assim um acréscimo considerável de valor estético. O culturismo, manteve resultados elevados de valor estético, embora os valores das frequências relativas tenham baixado nas categorias bastante e muito valor estético. Registou-se, no entanto, uma subida de 24% na categoria moderado valor estético. Garcia & Lemos (2003) referem que, a imagem, ou se quisermos ser mais rigorosos, os contornos corporais evidenciados pela imagem, tornam-se preponderantes, na sociedade contemporânea, com especial relevo nos meios urbanos ocidentalizados, onde se institucionalizou toda uma cultura, e negócio, em torno deste valor considerado tão importante. Em nossa opinião, o culturismo, será uma das modalidades onde o corpo tem maior relevo, maior poder de atracção. A importância que a sociedade actual parece atribuir à harmonia de linhas e volumes corporais, pode constituir-se como uma justificação para os nossos resultados, dado que o culturismo exalta ao máximo essa imagética. Ao adicionarmos os valores obtidos nas categorias moderado, bastante e muito valor estético obtemos um total de 88%, o que nos parece muito significativo. O futebol, tal como o atletismo, obteve valores de frequência relativa mais elevados na categoria bastante valor estético, com 56% das escolhas. O segundo valor mais elevado situou-se na categoria pouco valor estético (28%), sendo ainda de assinalar que a categoria nenhum valor estético não obteve qualquer registo. À semelhança de quase todos os outros desportos, também o futebol foi alvo de maior valorização estética em Q2 do que em Q1. Estes resultados corroboraram as nossas constatações anteriores de que a análise das imagens desportivas (Q2) possibilitou uma maior atribuição de valor estético em comparação com o valor atribuído ao conceito dos desportos em si.

Conclusões

Relativamente à atribuição de valor estético aos desportos a partir do primeiro questionário, no qual eram apenas mencionados os seus nomes, concluiu-se que: – Os fotógrafos profissionais situaram de forma mais expressiva o culturismo e o remo na categoria bastante valor estético. – O culturismo obteve a frequência relativa mais elevada na categoria muito valor estético. – O râguebi e o atletismo emergiram com valores significativos na categoria moderado valor estético, destacando-se o râguebi com a frequência relativa mais elevada. – Na categoria pouco valor estético destacou-se o tiro, enquanto o boxe obteve a frequência mais elevada na categoria nenhum valor estético.

Da análise dos resultados do segundo questionário que incluía fotografias artísticas das nove modalidades em estudo, concluiu-se que: – Na generalidade dos desportos observou-se uma acentuada tendência para os afastar das categorias nenhum e pouco valor estético. – De assinalável destaque é o caso do boxe, que em Q1 obteve a frequência de 24% na categoria nenhum valor estético e em Q2 nenhum fotógrafo o situou nesta categoria. Também relativamente à categoria bastante valor estético importa fazer notar que em Q1 registou 12% e em Q2 44%. – O tiro com arco, o atletismo e o futebol foram as modalidades em que, a seguir ao boxe, se evidenciaram alterações mais significativas no sentido de uma maior valorização estética.

Estas conclusões não têm qualquer poder de generalização, mas são possíveis indicadores da importância da fotografia na estética do desporto e no seu potencial ao nível da educação estética. Indiciam também a validade do pressuposto de que todos os desportos possuem valor estético Outras pesquisas se impõem no sentido de corroborar esta ideia

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • Ferreira, T. (2007). O valor estético do Desporto Paralímpico. Estudo realizado com alunos universitários de cursos de Desporto com especialização na área da Actividade Física Adaptada. Porto: T. Ferreira. Monografia de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
  • Huyghe, R. (1998). O poder da imagem. Lisboa: Edições 70.
  • Joly, M. (1994). Introdução à análise da imagem. Lisboa: Edições 70.
  • Kossoy, B. (2003). Fotografia & História. Atelie editorial
  • Kupfer, J. (1988). Sport – The body electric. In William J. Morgan & Klauss V. Meier (Eds.), Philosophic inquiry in sport (pp. 455-475). Champaign-Illionois: Human Kinetics Publishes, Inc.
  • Lacerda, T. (2002). Elementos para a construção de uma Estética do Desporto. Porto: T. Lacerda. Dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
  • Marques, A. (1993). Desporto, arte e estética. Fronteiras e espaços comuns. In Jorge Bento & António Marques (Eds.), A ciência do desporto, a cultura e o homem, pp. 31-39. Porto: FCDEF-UP, CMP.
  • Marques, E. (2004). Influência da prática de dança desportiva na educação estética dos praticantes. Estudo comparativo entre atletas de elite de dança desportiva e de voleibol. Porto: E. Marques. Monografia de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
  • Mata, M,J. (2004). Fotojornalismo – recensão temática. In. J. Maguire, J.N. Coelho, M. Gaspar, M.T. Silva, N. Noel (Eds.), Media & Jornalismo (pp. 105-112). Coimbra: Centro de Investigação Media e Jornalismo.
  • Parry, J (1989). Sport, art and the aesthetics. Sport Science Review, 12º ano: 15-20.
  • Soares, A. B. S. & Oliveira, R. C. A. (2007). A fotografia como registo do efémero: intervenções urbanas na cidade de São Paulo. XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. São Paulo. Centro Universitário SENAC, 1-14.
  • Takács, F. (1989). Sport aesthetics and its categories. Sport Science Review, 12º ano: 27-32.

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