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29 Mar 2007

Development and adaptation of an attention test for visual impairment

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Our research is the construct of attention’s test to visual impairment (VI) subjects (congenital and acquired) evaluating the level of attentional speed (VA) and exactitude (EA) as well as these variables concerning the age and use of Orientation and Mobility (OM) techniques.

Autor(es): Amorim, M.*; Botelho, M.; Silva, A.; Vasconcelos, O.
Entidades(es): Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Portugal.
Congreso: III Congreso Nacional Ciencias del Deporte
Pontevedra– 29-31 de Marzo de 2007
ISBN: 84-978-84-611-6031-0
Palabras claves: Visual Impairment; Attention Test; Attentional Speed; Attentional Exactitude; Information Processing.

Abstract attention test for visual impairment

Our research is the construct of attention’s test to visual impairment (VI) subjects (congenital and acquired) evaluating the level of attentional speed (VA) and exactitude (EA) as well as these variables concerning the age and use of Orientation and Mobility (OM) techniques. The sample had 67 subjects, (10-66 ?? age), experts of Braille and users of OM techniques. The statistical procedures used the descriptive (M/SD) and inferential statistics (Mann-Whitney test; Spearman’s correlation) – p?0, 05. The results demonstrated: In the AS, the congenital VI subjects issued superior results than the acquired VI group, but without significant differences; In the EA the congenital VI subjects presented lower values, disclosing one better capacity of concentration than the acquired VI group, although not significant these values; Concerning to the AS and the AE, in the age’s function, as much in the acquired VI group, as in the VI congenital group, the oldest subjects had better performance, with significant results; Referring to OM, between the two groups, the results hadn’t differences, although the congenital VI subjects use them with bigger frequency; Concerning the correlation between AS and AE it’s verified an inverse and significant association in the two groups.

Introdução

Constantemente o homem está sujeito a uma variedade de estímulos que provêm do meio em que vive. E a capacidade de tratamento desses estímulos depende das características dos mesmos em situação concreta, isto é, um estímulo só é informação quando o sistema de analisadores sensoriais é capaz de fornecer dados com significado para o indivíduo. Segundo Stemberg (2000), os teóricos do Processo da Informação (PI) procuram investigar e tentar compreender o desenvolvimento cognitivo em pessoas de diferentes idades, em função de como processam a informação, ou seja, como a descodificam, codificam, transferem, combinam, armazenam e recuperam. Sendo assim, toda a actividade mental, armazenamento, combinação, recuperação ou acção sobre a informação se encontra dentro do alcance das teorias do PI. A cegueira, entre outros efeitos, contribui de modo especial para a redução da mobilidade e autonomia, por razões de natureza física, psicológica ou social. (Moura e Castro, 1994). O sistema visual é constituído por numerosas e complexas estruturas, que vão do globo ocular, e respectivos órgãos até aos dispositivos de ligação do cérebro (vias ópticas e córtex occipital). De acordo com Veiga (1995), várias áreas da psicologia têm dedicado muito tempo ao estudo da atenção, nomeadamente no campo da actividade cerebral. O objectivo geral que norteou nosso trabalho foi avaliar os níveis de atenção em indivíduos com deficiência visual (congénita e adquirida), através da construção de um teste de atenção, tendo como referência o Teste de Atenção de BAMS.

2. Material e Métodos

2.1. Descrição e Caracterização da Amostra

Para a selecção da amostra, realizamos um levantamento das principais associações de deficientes visuais (ACAPO), instituições, centros de reabilitação e nas Direcções Regionais de Educação (DRE) em Portugal. Os testes foram aplicados nas regiões de Braga, Porto, Coimbra, Lisboa e Faro. Porém, nesta última cidade não nos foi possível, pelo facto de não conseguirmos reunir um número suficiente de pessoas capazes de realizar os testes. Portanto, o estudo é constituído por 67 indivíduos com deficiência visual (congénita e adquirida), de ambos os sexos, com idades entre os 10 e os 66 anos, utilizadores do método Braille e técnicas de Orientação e Mobilidade (OM). Em função a idade, nosso estudo apresentou uma variação, para isso, utilizamos o percentil 50, onde dividimos em dois grupos: Grupo 1: mais novos (10 aos 37) e Grupo 2: mais velhos (38 aos 66). No Quadro 1 apresentamos a distribuição total da amostra.

QUADRO 1: Distribuição total da amostra em função da idade.

QUADRO 1 Distribuição total da amostra em função da idade

2.2.Teste de Atenção de BAMS

No Teste de BAMS a atenção é avaliada em duas vertentes: i) Velocidade Atencional (VA); ii) Exactidão Atencional (EA). Da relação entre essas vertentes obtém-se a atitude do indivíduo face ao esforço mental. O teste consiste numa folha A4 onde estão impressas 40 linhas compostas por 40 figuras (sinais) a preto e branco. Estas figuras (sinais) constam de um pequeno quadrado de 1,25 mm de lado e distinguem-se umas das outras pela orientação do traço exterior. Em cada quadrado (sinal) o traço orienta-se para uma das oito direcções da Rosa-dos-ventos. Na execução do teste, o indivíduo deverá fazer um traço (barrar) no maior número possível de sinais iguais aos três que se encontram no topo da página. Se o indivíduo se enganar, deverá fazer um círculo à volta do sinal e continuar o teste imediatamente. O teste faz-se começando a traçar os sinais da esquerda para a direita, e de cima para baixo, como se tratasse de uma leitura. Pode ser aplicado colectiva ou individual. O tempo de duração é 10 minutos, podendo ser realizado de minuto a minuto e/ou ao fim de 5 minutos. Para a análise dos resultados, consideramos: o total de figuras correctamente marcadas, como “certas” (C); as não assinaladas, como omissões (O); e as mal marcadas, como erradas (E). Os resultados da Velocidade Atencional (VA) são obtidos pelo somatório do número de símbolos marcados correctamente (C) ao longo dos 10 minutos de teste; A Exactidão Atencional (EA) (capacidade de concentração) é obtida através da fórmula: EA = (O + E) / C X 100, onde o número de faltas (omissões + erros) não deve ultrapassar 10% dos acertos e o número de erros não deve ultrapassar dois quintos do número de omissões.

2.3.Construção do nosso Instrumento

Para a realização do presente estudo, optámos por construir um teste de atenção para indivíduos com deficiência visual, tendo como referência o Teste de Atenção de BAMS. Para tal, foi necessário fazermos adaptações na simbologia, determinando como base a célula-Braille (em relevo). Aquando das várias tentativas de aplicação do teste de BAMS, constatámos a dificuldade em seleccionar símbolos capazes de reproduzir exactamente as formas originais. Para tanto, seleccionámos três letras do alfabeto Braille que mais se assemelhassem com tais sinais. Depois de muitas combinações, seleccionámos as letras “w”, “q” e “ú”, pelo facto delas possuírem relevo semelhante e serem de fácil identificação táctil. Também foi necessário alterar o tamanho da folha do teste devido ao pequeno espaço que mediava os símbolos e, na decorrência da constituição da célula-Braille, ocupar um espaço maior que uma folha A4, tendo-se assim optado por uma folha A3. O tempo para execução do teste foi alterado para 15 minutos, pelo facto da leitura Braille (tacto) levar um tempo maior na execução em relação aos normovisuais. O teste é constituído por 25 linhas, contendo, cada uma, 34 símbolos, que se distinguem em nove tipos diferentes. O examinando realiza uma leitura Braille, procurando não deixar nenhum símbolo para trás, nem saltar linhas, e cada vez que detectar um dos três símbolos iguais aos que se encontram no topo da folha do teste dirá em voz alta “sim” e para todos os outros diz “não”. O examinador seguindo a leitura do examinando, acompanha-o com uma folha A4.

2.4.Validação

Para validármos o instrumento, aplicámos o teste a 10 indivíduos com deficiência visual (cinco DV congénita e cinco DV adquirida), todos experts em leitura Braille e na utilização das técnicas de OM. Pelo facto de alguns destes indivíduos ultrapassarem em excesso o tempo standard preconizado no teste de BAMS, reduzimos a amostra a cinco indivíduos com os quais se procedeu à validação do teste, obrigandonos a definir o tempo de 15 minutos para sua realização. Constatamos que na aplicação do teste e re-teste os resultados apresentados foram estatisticamente significativos na população estudada, encontramos uma forte correlação entre as variáveis VA e EA.

3. Procedimentos Estatísticos

Para o tratamento estatístico dos dados, recorremos ao programa estatístico SPSS, versão 14.0 e ao programa Microsoft Excel, integrante do Windows XP. Para uma análise exploratória, verificarmos a curva de normalidade, utilizámos o Teste Shapiro-Wilk (n<50). Após os procedimentos adoptados, verificámos que os resultados nas variáveis VA e na EA não apresentavam uma distribuição normal, pelo que passámos à utilização de testes não paramétricos. Para comparar os níveis de atenção nos dois grupos, utilizámos o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Para as associações e as correlações entre a VA e a EA em cada grupo, utilizámos a correlação de Spearman. O nível de significância estabelecido foi p?0.05.

4. Apresentação e Discussão dos Resultados

Conforme podemos observar nos resultados do Quadro 2, da VA e EA. Os indivíduos com DV congénita apresentam melhores resultados quer na VA, quer na EA, em relação aos indivíduos com DV adquirida, onde as médias são mais elevadas, embora os valores tanto na VA como na EA não são estatisticamente significativos.

QUADRO 2: VA e EA para os dois grupos: DV adquirida e DV congénita (média e desvio-padrão).

QUADRO 2 VA e EA para os dois grupos DV adquirida e DV congénita média e desvio padrão

Em função da idade, os resultados do Quadro 3, evidenciam que o grupo 2 (indivíduos mais velhos) apresenta melhores resultados tanto na VA, como na EA, em relação aos indivíduos do grupo 1 (mais novos), apesar desses valores encontrados não serem considerados estatisticamente significativos.

QUADRO 3: VA e EA em função da idade: Grupo 1 – indivíduos mais novos e Grupo 2 – indivíduos mais velhos (média e desvio-padrão).

QUADRO 3 VA e EA em função da idade Grupo 1 – indivíduos mais novos e Grupo 2

Em termos de Orientação e Mobilidade, a nossa análise descritiva foi feita ao grupo utilizador de técnicas de OM e o que não as utiliza. Os resultados são muito próximos (DV adquirida = 29 e DV congénita = 31), não representando diferenças significativas. A seguir passamos para uma análise comparativa onde utilizamos o teste não paramétrico de Mann-Whitney, de acordo com os grupos em estudo. No Quadro 4 apresentamos as diferenças nos dois grupos (deficiência visual congénita e adquirida).

QUADRO 4: Análise comparativa entre os grupos de DV congénita e DV adquirida (média do Rank, soma dos Ranks, valores z e p).

QUADRO 4 Análise comparativa entre os grupos de DV congénita e DV adquirida

No que se refere ao factor VA, sob o ponto de vista estatístico, o nosso estudo não evidenciou diferenças significativas entre os dois grupos (p=0,349). Mas verificamos que os indivíduos com DV congénita obtiveram resultados superiores na média do rank em relação aos com DV adquirida. De acordo com Aguiar (2002), no estudo realizado na Universidade de Vanderbilt (EUA) em 2001, os cegos congénitos costumam ser melhores leitores em Braille do que aqueles que perderam a visão tardiamente, justificando que o cérebro possui a capacidade de se reorganizar em função de lesões, facto este comprovado quando se verificou que nos cegos congénitos a leitura em Braille activou sobretudo a região posterior do lobo temporal, ligada ao processamento dos padrões de sonoridade das palavras; nos cegos tardios, a leitura activou sobretudo uma região adjacente, associada ao processamento do significado das palavras. Num estudo de revisão Hannan (2006) afirma que “a leitura do Braille é mais que uma tarefa sensório-motora”. Assim, a diferença entre indivíduos com DV congénita e os outros pode ser causada “pelas inerentes diferenças entre leitura táctil e visual”, uma vez que a menor capacidade da memória táctil pode causar um rápido decréscimo da informação (Rex et al., 1995, cit. Hannan, 2006). “Rex sugeriu que o rápido decréscimo da memória táctil contribui para a dificuldade em aprender e reter os caracteres Braille” (Hannan, 2006, p. 6). Em relação a EA, os valores mais baixos correspondem a uma maior Exactidão (concentração), os indivíduos com DV congénita apresentaram resultados mais baixos do que os com DV adquirida, apesar destes valores não serem significativos. Dos poucos estudos que fazem referência ao DV em tarefas de leitura Braille a atenção está subjacente ao processo (compreensão e identificação de palavras) cujo paradigma experimental, por vezes, também utiliza estimulação auditiva. Este processo pressupõe a compreensão e desempenho de uma tarefa mais complexa que a simples identificação de caracteres (Wetzel e Knowlton, 2000). Carver (1981, 1990, p. 194) dá o nome de “Rauding” à tarefa de combinação ler e ouvir, definindo a como «a taxa de leitura até a qual um indivíduo pode compreender 75% da informação que lhe é apresentada». Assim, não admira que estudos feitos no âmbito do Goalball os atletas se relacionem mais rapidamente com os estímulos auditivos, e que pelas suas próprias características, esta modalidade requer níveis elevados de concentração exigindo rápidas tomadas de decisão e execução de movimentos «favorecendo em uníssono o desenvolvimento das capacidades sensoriais e cognitivas do atleta» (Duarte et al., 2003, p. 13). Em função da idade, criamos subgrupos: DV congénita (mais novos e mais velhos) e DV Adquirida (mais novos e mais velhos). Verificamos no Quadro 5 que os indivíduos com DV congénita mais velhos apresentam melhores resultados na VA, com valores significativos (0,026) em relação ao grupo dos mais novo. Em relação a EA, os indivíduos com DV congénita mais velho também apresentaram médias mais baixas no rank que os mais novos, contudo, os valores encontrados não revelaram diferenças.

QUADRO 5: Análise comparativa entre os indivíduos mais novos e mais velhos com DV Congénita em relação à VA e EA (média do Rank, soma dos Ranks, valores z e p).

QUADRO 5 Análise comparativa entre os indivíduos mais novos e mais velhos com DV Congénita

No Quadro 6 apresentamos a comparação entre os grupos da DV Adquirida.

QUADRO 6: Análise comparativa entre os indivíduos mais novos e mais velhos com DV Adquirida em relação à VA e EA (média do Rank, soma dos Ranks, valores z e p).

QUADRO 6 Análise comparativa entre os indivíduos mais novos e mais velhos com DV Adquirida

Ao compararmos na DV adquirida os dois grupos por idade (mais novos e mais velhos) em relação a VA, observa-se que há diferença significativa (p=0,037) em nossos resultados, com os indivíduos mais velhos apresentando melhores resultados na média do rank que os mais novos. Quanto a EA, os mais velhos também apresentam um melhor desempenho que os mais novos, mas os valores não são significativos (p=0,158). Torna-se evidente que a idade «é um factor da plasticidade do cérebro» (Sadato et. al., 2002 cit. Hannan, 2006), permitindo mais facilmente a execução de tarefas tácteis, onde surpreendentemente os indivíduos com DV congénita apresentam vantagens em relação aos de DV adquirida, embora haja necessidade de mais estudos específicos sobre o efeito da idade, para comprovar melhor esta afirmação. Nossos resultados concordam com Anderson (1986), quando realizou um estudo com crianças no sentido de estudar a relação entre a inteligência, a idade e o processamento da informação, onde verificou que, com o aumento da idade, a atenção e a memória melhoram. De acordo com Godinho (1985), isto ocorre devido ao desenvolvimento dos processos maturacionais. No estudo de Duarte et al., (2003), onde comparou o TRS e TRE com a idade em indivíduos com DV adquirida e DV congénita, verificou nos resultados obtidos que as médias mais baixas eram nos indivíduos mais jovens, (17 e 25 anos), evidenciando uma diminuição a esta capacidade com o passar dos anos, não havendo efeito diferenciador no que concerne à altura do aparecimento da deficiência. Verificamos no Quadro 7, que os valores encontrados em função da utilização das técnicas de OM, entre os indivíduos com DV congénita e DV adquirida são muito próximos. Realçamos o facto de não apresentarem diferenças significativas. Acreditarmos que os indivíduos com DV congénita utilizam mais as técnicas de OM pelo facto de não possuírem outro meio para explorar o ambiente Para confirmar esta situação, podemos observar o valor obtido no Fisher’s Exact Test que comprova que não há nenhuma relação entre a utilização das técnicas de OM tanto com os indivíduos com DV congénita como os DV adquiridos.

QUADRO 7: Análise comparativa entre os indivíduos com DV congénita e DV adquirida em função da utilização das técnicas de OM (valores em percentagem).

QUADRO 7 Análise comparativa entre os indivíduos com DV congénita e DV adquirida

Moura e Castro (1993), investigou a influência do treino físico na execução das técnicas de OM, relativamente às diferenças (ganhos) entre os indivíduos com DV adquirida e congénita, não encontrou diferenças significativas. Contudo, os resultados indicam que as maiores diferenças se verificam nos indivíduos com DV adquirida. Rodrigues (2002) realizou também um teste de OM nos atletas de Goalball com DV congénita e adquirida, verificando que os valores médios encontrados entre os dois grupos são iguais, não sendo, portanto, significativos. Ainda a mesma autora comparou indivíduos com cegueira total e parcial, num teste de OM, onde o valor mais elevado corresponde ao melhor resultado, verificou que os indivíduos com cegueira total executaram de forma mais correcta o percurso do que os com cegueira parcial, embora os resultados não sejam significativos. Castro et al. (2004), num estudo com nove indivíduos com DV (congénita e adquirida), cujo objectivo era investigar a organização da orientação no espaço em perspectiva dinâmica, através da locomoção (rota simples e complexa), concluiu que a performance do indivíduo com DV em tarefas de orientação, particularmente a Exactidão na manutenção da direcção, pode melhorar a partir de experiências num treino de navegação. No Quadro 8, observa-se uma correlação inversa e significativa entre VA e EA nos indivíduos com DV adquirida, com o valor da EA significativo, ou seja, os indivíduos com DV adquirida foram rápidos e exactos em responder ao teste. Contrariamente a Ferreira (1994) que encontrou uma correlação significativa positiva em relação ao TRS, onde quanto mais lento era o indivíduo, mas erros cometia. Deste modo, se um estímulo for previsto, acontece um tempo de reacção (TR) mais curto, mas se o estímulo for outro, ou acontece um erro de resposta, ou é exageradamente longo.

Os resultados do Quadro 9, na Correlação entre VA e EA nos indivíduos com DV congénita, comprovam uma correlação significativa e inversa entre a VA e a EA no grupo dos indivíduos com DV congénita.

QUADRO 9: Análise correlacional entre VA e EA nos indivíduos com DV congénita.

QUADRO 9 Análise correlacional entre VA e EA nos indivíduos com DV congénita - copia

De acordo com Alves (1990) a quantidade de informação transmitida baseia-se na teoria da informação e procura combinar numa única medida os aspectos da velocidade e da precisão (exactidão). Marteniuk (1976, cit. Veiga, 1995), refere-se à atenção com a utilização dos conceitos de concentração e de limite, onde a concentração corresponde ao estado de preparação do indivíduo para receber a informação, e o limite é a incapacidade de processar duas tarefas ao mesmo tempo, bem como, ficar atento para a menor capacidade do indivíduo de se concentrar em mais de um estímulo. Entendemos nossos resultados pelo facto de que a atenção é necessária quer para captar a informação do armazém da memória sensorial, quer para a manter na memória de curto prazo (Knowlton e Wetzel, 1996). Então poderá ser que os indivíduos com DV tenham direccionado mais a sua atenção para o processo táctil debitando menor atenção para manter a informação dos símbolos na memória, isto é, o processo perceptivo poderá ter sido tão lento que a integração/descodificação da informação das unidades lexicais tenha sido menor. Por outro lado, a velocidade de leitura depende da utilização ou não de uma ou duas mãos, o que pode ser considerado como um factor redutor do armazenamento da informação da memória de curto prazo (Knowlton e Wetzel, 1996), uma vez que um símbolo Braille pode representar diferentes significados (conteúdo semântico) conforme o contexto grafémico.. Contudo, não encontramos na literatura estudos que relacionassem estes factores na atenção de indivíduos com DV que pudessem suportar os nossos resultados.

5. CONCLUSÕES

Os resultados do presente estudo permite-nos constatar que os indivíduos com DV congénita apresentam melhores resultados na VA e EA que os indivíduos com DV adquirida, apesar de não evidenciarem diferenças estatisticamente significativa. Como também comprovamos que os indivíduos mais velhos, quer com DV congénita quer adquirida, aparecem com melhor desempenho que os mais novos. Quando nos referirmos à utilização das técnicas de OM, apesar de ambos os grupos a utilizarem, os indivíduos com DV congénita, aparecem com maior frequência na utilização das mesmas. Por outras palavras, o nosso estudo demonstra nitidamente que existe uma forte relação entre a VA e EA na população estudada.

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