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15 Jun 2012

The effect of practice, type of practice, sex and age in the body image perception of the visually impaired

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This study was design to examine the perception of the body image on people with visual impairment of both sexes, players of Goalball and Football 5-a-Side (Male= 22) and people not practising physical activity (Male= 10; Female= 10), with an age range from 20 to 58 years old.

Autor(es): Adília Silva; Olga Vasconcelos; Sara Freitas; Manuel Botelho
Entidades(es): University of Oporto
Congreso: II Congreso Internacional de Ciencias del Deporte
Pontevedra 2008
ISBN:9788461235186
Palabras claves: Perception of the Body Image; Visual Impairment; Goalball; Football 5-a-Side.

The effect of practice, type of practice, sex and age in the body image perception of the visually impaired

Abstract

This study was design to examine the perception of the body image on people with visual impairment of both sexes, players of Goalball and Football 5-a-Side (Male= 22) and people not practising physical activity (Male= 10; Female= 10), with an age range from 20 to 58 years old. For the evaluation of the body image perception, it was used the Body Size Estimation Method (BSEM) of Kreitker and Kreitler (1988). The statistical procedures included the mean, standard deviation, the minimum and maximum values and the Mann Whitney test. The level of significance was fixed in p?0.05. The results in this study allowed us to conclude for its analysis that the perception of the Body Image didn’t differs on those who practice and do not practice a regular physical activity, only presenting better precision in the corporal part mouth. Between the Goalball and Football 5-a-Side players, also didn’t verified significant statistical differences between both. In the group of not practitioners, the men had only revealed better precision in the body part waist, with overevaluation of this for the women. As concerns to the age, differences are verified significantly statisticians, in the body part waist and face, with better index of perception for the younger (Adult Young), of what for the older (Middle-age), as well as a trend for overvaluation of the measures for the first ones, and for a underevaluation of the body parts by the seconds.

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Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº8.

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Introdução

A visão é um fenómeno muito complexo, compreendendo aspectos como o sentido da forma, o sentido da cor e o sentido luminoso que nos permitem identificar respectivamente a forma, a cor e o contraste luminoso das várias situações do mundo exterior. Sendo assim, o Homem depende do sentido visual, isto é, privilegia este sentido, sendo o conhecimento do mundo exterior efectuado essencialmente por meio do mesmo (Freitas, 2000). Deste modo, a falta da visão coloca a pessoa deficiente visual numa “posição de desvantagem, sob certos aspectos, especialmente os psicomotores, emocionais e sociais, quando comparado ao indivíduo normovisual” (Júnior e Santos, 2001, p.1). A deficiência visual caracteriza-se pela incapacidade total ou parcial dos seus portadores utilizarem o sentido da visão nas actividades normais da vida e pela capacidade de superarem a sua deficiência, valendo-se dos sentidos remanescentes (Moura e Castro, 1995). Em Portugal, a designação dos graus de Deficiência Visual dividem-se em Cegueira e Ambliopia. A Cegueira subdivide-se em Cegueira Total, em Cegueira Prática e em Cegueira Legal. A Ambliopia, por seu lado, é subdividida em Grande Ambliopia e Pequena Ambliopia. A Cegueira Total é caracterizada pela ausência total de percepção luminosa. A Cegueira Prática vai da percepção luminosa até à acuidade visual de 0,05. O indivíduo vê vultos, sombras a pequenas distâncias e orienta-se em ambientes conhecidos. A Cegueira Legal, segundo os parâmetros portugueses, é caracterizada por uma acuidade visual inferior a 1/10 no melhor olho (depois de corrigido) ou um campo visual igual ou inferior a 20 graus (Moura e Castro, 1993; Carvalho, 2002).

A Grande Ambliopia refere-se à acuidade visual entre 1/10 e 3/10 no melhor olho (depois de corrigido) e a Pequena Ambliopia implica uma acuidade visual entre 3/10 e 5/10 no melhor olho, tambem depois de corrigido (Moura e Castro, 1993). É importante salientar que, pelo facto de se perder um dos sentidos, não se passa, automaticamente, a ter os outros mais apurados. A verdade é que a pessoa privada de um sentido principal como a visão passa a sentir grande necessidade de utilizar os outros de forma a preencher essa lacuna. Mas, quando falta um sentido, falta uma dimensão à imagem do mundo resultante. Daí surgiu a nossa inquietação: como é que uma pessoa que não vê, tem noção do seu corpo? Se não consegue visualizar o seu reflexo no espelho, como é que se percepciona? De acordo com Moura e Castro (1995), 80 a 90% das percepções do homem, que contribuem para a formação de conhecimento, são obtidas através do sentido da visão. Relativamente à Imagem Corporal, Schilder (1968) refere que esta não se perpetua no tempo, mas que vai sofrendo alterações ao longo da vida de acordo com os diferentes tipos de experiências e situações vivenciadas. Vaz Serra (1987, cit. Batista 1995) refere ainda que a prática de uma actividade física regular constitui um meio privilegiado de restaurar a Imagem Corporal. Também para autores como Ochaita e Rosa (1995) e Novi (1996), o indivíduo necessita de movimento para explorar o meio e familiarizar-se com ele, sendo essa interacção fundamental para o seu desenvolvimento psicomotor. O deficiente visual, através do desporto, descobre os seus limites e possibilidades, ultrapassa algumas barreiras impostas pela sociedade, relaciona-se e troca experiências com os outros. Assim, as suas habilidades são postas à prova para o encorajar e para que, ultrapassando os seus limites, valorize as suas acções. Deste modo, irá desenvolver a sua auto-confiança, autonomia e liberdade (Silva, 1998). Quanto à percepção da Imagem Corporal, como componente objectiva, esta caracteriza-se pela delimitação do tamanho das partes corporais.

A racionalização do movimento corporal na pessoa cega dificulta o conhecimento da distância em relação a objectos ou tamanho do espaço. Segundo Fonseca (1999), isto ocorre porque o conhecimento do corpo é transformado em conhecimento do espaço, através da intuição e da conceitualização lógica, já que, para o autor, a organização espaço-temporal está integrada com a motricidade, e a relação com os objectivos que ocupam determinado espaço dá-se a partir do próprio corpo. Por conseguinte, podemos concluir que o conceito que a pessoa cega constrói de si própria irá variar de acordo com as condições com que viveu e/ou vive, daí a importância do grau de estimulação que recebe desde o nascimento. São poucos os estudos relativos à percepção da Imagem Corporal em indivíduos com Deficiência Visual. Todavia, salientamos o trabalho desenvolvido por Bastos et al. (2005), com o objectivo de investigar a relação entre a percepção da Imagem Corporal, em indivíduos do sexo masculino com Deficiência Visual, em escalões etários distintos (adultos jovens e adultos), praticantes e não praticantes de actividade física. A amostra foi constituída por 16 indivíduos do sexo masculino (grandes amblíopes e cegos) dos quais 8 eram praticantes de actividade física e 8 não praticantes de actividade física. Para a avaliação da Percepção da Imagem Corporal foi utilizado o questionário da Percepção da Imagem Corporal criado por Kreitler e Kreitler (1988), o Body Size Estimation Method (BSEM). As principais conclusões foram: i) a percepção da Imagem Corporal difere em indivíduos com Deficiência Visual praticantes e não praticantes, com melhor percepção por parte dos indivíduos praticantes, apesar das diferenças não serem significativas; e ii) a percepção da Imagem Corporal é pior nos indivíduos adultos do que nos adultos jovens, apesar das diferenças também não serem significativas.

Material e Métodos

Amostra

A amostra foi constituída por 42 indivíduos com Deficiência Visual, sendo 22 praticantes (11 de Futsal para Cegos e 11 de Goalball), todos do sexo masculino e 20 não praticantes (10 do sexo feminino e 10 do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 20 e os 58 anos. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), foram determinados dois escalões etários, correspondendo o primeiro à classe Adulto Jovem (20-40 anos) e o segundo à classe Meia-Idade (41-60 anos). Relativamente aos indivíduos praticantes de Futsal para Cegos, 4 pertenciam ao clube Murtuenses de Lisboa, 5 ao Académico F.C do Porto e 2 à ACAPO do Porto. Quanto aos praticantes de Goalball, 5 pertenciam ao clube das ACDR Caldelas, 5 aos Minhotos A e B e 1 à ACAPO do Porto. Os indivíduos não praticantes eram utentes do Centro de Reabilitação da Areosa pertencente à Santa Casa da Misericórdia do Porto.

Este Centro foi seleccionado pelo facto de ser uma instituição do grande Porto, com um número considerável de indivíduos com Deficiência Visual e que oferecia diferentes actividades sociais, culturais e de formação profissional. Instrumento para a Avaliação da Imagem Corporal Questionário da Percepção da Imagem Corporal, criado por Kreitler e Kreitler (1988) – Body Size Estimation Method. Procedimentos Metodológicos Após obter as autorizações por parte das entidades responsáveis do Centro de Reabilitação e dos Clubes, todos os participantes foram avaliados individualmente, utilizando-se os mesmos procedimentos com todos eles. O nosso instrumento (BSEM) consiste em perguntaR ao sujeito uma estimativa do comprimento e largura de partes corporais com a ajuda das suas mãos ou dedos. A proximidade ou o afastamento das suas mãos ou dedos delimitam o tamanho das várias estruturas, podendo ser mensuráveis. O objectivo é avaliar o tamanho das partes corporais percepcionadas. Todas as estimativas foram efectuadas na posição de pé, com os olhos fechados. Pelo facto de se exigir o fechar dos olhos por um longo período, podem ocorrer efeitos indesejáveis que influenciam as estimativas dos tamanhos corporais. Portanto, permite-se ao sujeito abrir os olhos entre as avaliações. Neste estudo em particular, pelo facto de se tratar de indivíduos invisuais, este problema não se colocou. Apenas pedimos para fechar os olhos aos indivíduos com grande ambliopia, embora estes só percepcionem sombras. Para a estimativa da altura, o sujeito foi instruído a levantar o seu braço preferido e mostrar a sua altura, que era definida pela distância que vai da palma da mão ao chão.

Para a estimativa da largura dos ombros, cintura e ancas o sujeito foi instruído, com os cotovelos flectidos a 90 graus, a afastar os antebraços e com as palmas das mãos mostrar o tamanho da largura dos mesmos. Para a estimativa da mão e da face, com os cotovelos flectidos confortavelmente, fechar os dedos e com os indicadores esticados mostrar a distância com os dedos polegar e indicador. A medição é feita imediatamente após a execução, com uma fita métrica, medindo a distância interna entre as pontas dos dedos ou entre as palmas das mãos. Após as medições das estimativas percepcionadas, efectua-se a medição dos tamanhos reais relativos às partes corporais anteriormente avaliadas. Para a análise das diferenças percepcionadas e reais utilizamos o índice de percepção Corporal (IPC). Este foi calculado da seguinte forma: IPC = (tamanho percebido/tamanho real) x 100. Com este índice, qualquer valor igual a 100 corresponde a uma estimativa do tamanho correcta, valores acima de 100 correspondem a uma sobre estimação do tamanho e valores inferiores a 100 correspondem a uma sub estimativa do tamanho (Ruff e Barrios, 1986). Este instrumento já foi utilizado numa população com Deficiência Visual por Bastos et al. (2005). Pareceu, assim, mais conveniente a sua selecção, por ser indicado para a população em estudo, ser de fácil aplicação e mais económico. A fiabilidade teste-reteste para a estimativa do tamanho foi aferida por Bane e McAuley (1998), com o intervalo de duas semanas, em 90 indivíduos, apresentando valores entre 0,93 a 0,97.

Procedimentos Estatísticos

Após a aplicação do instrumento, os dados foram tratados em computador através do software estatístico SPSS versão 14.0 para o Windows. Para o cálculo dos vários parâmetros da estatística descritiva, recorremos à medida de tendência central (média), à medida de dispersão (desvio-padrão) e aos valores mínimo e máximo. Para o cálculo da estatística inferencial utilizamos o teste de Mann-Whitney. O nível de significância em todos os testes estatísticos foi de p?0.05. Apresentação dos resultados Na análise dos resultados relativos ao IPC dos indivíduos praticantes e não praticantes (Quadro 1), apenas se verificaram diferenças significativas nos valores de percepção para o item boca (p=0,012). Constatamos que para os praticantes a parte corporal mais subestimada foi a testa, enquanto que para os não praticantes foi o nariz (ambas medidas pertencentes à cabeça).

Para ambos os grupos, verifica-se uma sobre estimação da medida dos ombros. A parte corporal que apresenta maior diferença entre praticantes e não praticantes é o nariz (100,39±16,86 e 90,25±11,58 respectivamente) em que nos praticantes apresentam uma percepção bastante precisa e os não praticantes sobrestimam o seu tamanho. Podemos também apurar que, apesar de não existirem diferenças estatisticamente significativas, os praticantes apresentam, no geral, resultados mais precisos (99,94±13,96) do que os não praticantes. Ambos os grupos apresentam valores de IPC médio inferior a 100, ou seja, com sub estimação do tamanho corporal real.

Quadro 1 – Índices de Percepção Corporal (IPC) dos praticantes e não praticantes de actividade física regular. Média, Desvio-Padrão, valores de Mean Rank, de z e p.

Quadro 1. The effect of practice, type of practice, sex and age in the body image perception of the visually impaired

Contenido disponible en el CD Colección Congresos nº 8

Em relação ao IPC em função do tipo de prática de actividade física (Quadro2), não se verificam diferenças estatisticamente significativas. No entanto, através da análise dos resultados verificamos que o valor médio do IPC foi de 98,87±12,12 para os praticantes de Goalball e de 100,99±15,24 para os praticantes de Futsal para Cegos. Assim, estes parecem apresentar uma tendência para resultados mais precisos (aproximam-se mais do valor de percepção 100). Em ambos os grupos, o valor mais subestimado foi a testa e o valor mais sobrestimado foi o dos ombros. A parte corporal que apresenta uma maior diferença entre os praticantes de Goalball e de Futsal para Cegos é o valor das mãos (87,15±10,56 e 98,22±20,81 respectivamente), ambos valores subestimados. Com menor diferença entre os grupos verifica-se o índice de percepção do nariz (101,13±19,07 para o Goalball e 99,64±15,22 para o Futsal para Cegos), sendo também este o item que mais se aproxima de 100, ou seja, que tem uma estimativa mais correcta de percepção.

Quadro 2 – Índices de Percepção Corporal (IPC) dos praticantes de Goalball e de Futsal para Cegos. Média, Desvio-Padrão, valores de Mean Rank, de z e p.

Quadro 2. The effect of practice, type of practice, sex and age in the body image perception of the visually impaired

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Relativamente ao IPC em função do sexo (Quadro 3), apenas verificamos diferenças significativas nos valores de percepção do item cintura (p=0,023). E, através da análise do quadro, podemos constatar que nesse mesmo item, os indivíduos do sexo masculino subestimam esta parte corporal (IPC=93,85±7,94) e os indivíduos do sexo feminino a sobrestimam (IPC=112,29±22,34). No sexo masculino o valor de percepção mais subestimado refere-se à medida da boca (87,09±8,96) e no sexo feminino a medida das mãos (84,98±16,64). Quanto ao valor de percepção mais sobrestimado pelos indivíduos do sexo masculino foi a medida das ancas, e no sexo feminino foi a medida dos ombros, voltando-se a repetir a sobre estimação desta parte corporal. Em relação ao IPC médio, podemos averiguar uma percepção menos desfasada, relativamente às medidas reais, do sexo feminino (98,64±16,18), apesar de não se verificarem diferenças estatisticamente significativas. Quadro 3 – Índices de Percepção Corporal (IPC) dos indivíduos não praticantes masculinos e femininos. Média, Desvio-Padrão, valores de Mean Rank, de z e p.

Quadro 3. The effect of practice, type of practice, sex and age in the body image perception of the visually impaired

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Quanto à análise dos resultados do Quadro 4, verificamos que quando se comparam os dois grupos de idade, existem diferenças estatisticamente significativas nos valores de percepção para dois itens: cintura (p=0,013) e face (p=0,038). Com a observação dos resultados constatamos que, nos dois grupos etários, a parte corporal mais subestimada para ambos os grupos foi a cabeça (orelha nos adultos jovens e testa nos indivíduos de meia-idade). A parte corporal que apresenta maior diferença entre os adultos jovens e os indivíduos de meia-idade foi a cintura (107,82±18,73 e 94,24±10,67, respectivamente) e a menor diferença foi a testa (91,84±13,51 e 91,42±17,13, respectivamente). No que diz respeito aos valores médios de IPC, apenas em função do escalão etário, o Quadro 4, demonstra que o grupo mais novo (jovem adulto) apresenta valores mais precisos de percepção.

Quadro 4 – Índices de Percepção Corporal (IPC) em função dos escalões etários Adulto jovem e Meia- Idade. Média, Desvio-Padrão, valores de Mean Rank, de z e p.

Quadro 4. The effect of practice, type of practice, sex and age in the body image perception of the visually impaired

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Neste quadro (Quadro 5), verificou-se uma tendência para os indivíduos do escalão etário “meia-idade”, quer em praticantes quer em não praticantes de actividade física regular, subestimar as partes corporais, com IPC médio de 97,37±13,10 para os praticantes e 94,81±13,36 para os não praticantes. Discussão Na maioria dos resultados obtidos, as diferenças encontradas não se revestiram de significado estatístico. No entanto, atendendo à tendência verificada, pensamos que numa amostra mais alargada, as mesmas poderiam assumir relevância estatística. Os resultados indicaram uma Percepção da Imagem Corporal mais precisa nos praticantes em comparação com os não praticantes, apenas na parte corporal Boca (p=0,012). Esta constatação poderá dever-se ao facto dos indivíduos com Deficiência Visual para terem êxito neste tipo de modalidades (colectivas), necessitarem de estar sempre em comunicação, utilizando a “boca” para o efeito, podendo pela sua maior actividade, tocar mais na sua face, e assim ter uma percepção mais apurada das suas dimensões. Quanto às restantes partes corporais não se verificaram diferenças estatisticamente significativas, embora haja uma tendência para os praticantes apresentarem valores mais precisos de percepção da Imagem Corporal.

Kreitler (1970, cit Correia, 2003) nos seus estudos, tinha verificado que o simples movimento permitia uma melhor percepção da Imagem Corporal. No entanto no nosso estudo tal não se verificou. Os nossos resultados foram corroborados por Festas (2002), que no seu estudo não encontrou alterações entre o grupo praticante e o grupo não praticante de actividade física regular, mesmo não se tratando de um estudo com indivíduos invisuais, pensamos que a analogia seria importante. Também Bastos et al. (2005), nos seus resultados verificaram uma tendência para os praticantes apresentarem melhores valores de precisão, no entanto sem diferenças estatisticamente significativas comparando com os não praticantes. Pensamos que tal se possa dever ao facto de amostra ser reduzida dado que, a tendência para melhores índices de percepção também se verificou neste estudo sem que, no entanto, assuma uma relevância estatística. Quanto à comparação da Percepção da Imagem Corporal nas duas modalidades, também não se verificaram diferenças estatisticamente significativas. Apesar de não termos nenhum estudo que nos ajude a sustentar esta hipótese, pelas características inerentes a ambas as modalidades, pensamos que os praticantes de Futsal para Cegos apresentassem melhor percepção da Imagem Corporal, dado que esta modalidade pressupõe uma melhor orientação espacial, e pelo contacto físico inerente às modalidades invasivas, subentendia-se também um melhor conhecimento das várias partes corporais, no entanto não se verificou. Pensamos que as razões que possam estar na origem destes resultados se possam dever ao facto da amostra não ser muito expressiva, bem como pela escassez de treinos semanais e mensais que em ambas as modalidades praticam, não havendo tempo de exercitação suficiente para implicarem melhores resultados de percepção.

Na comparação entre sexo masculino e feminino apenas se verificaram diferenças estatisticamente significativas no que diz respeito ao IPC da Cintura, tendo sido esta parte corporal sobrestimada pelos indivíduos do sexo feminino (p=0,023), o que vai de encontro aos resultados alcançados por Correia (2003), Festas (2002), Melo (1998) e Shontz (1969, cit. Fisher, 1986). Estes resultados podem dever-se ao facto do sexo feminino sofrer pressão social, devido aos ideais de beleza estipulados, levando a uma distorção do próprio corpo (Correia, 2003). No entanto, estes estudos não foram realizados com uma população com Deficiência Visual. Quanto à comparação entre os escalões etários, de uma forma geral, os indivíduos do escalão etário Adulto Jovem apresentaram uma melhor percepção da sua Imagem Corporal, sem que no entanto essa diferença tenha sido estatisticamente significativa. Nos seus estudos, Festas (2002) constatou que os índices de percepção da Imagem Corporal melhoram significativamente ao longo da idade, sendo esta ideia partilhada por Kreitler e Kreitler (1988). No entanto, no nosso trabalho esta ideia não se verificou, à semelhança do estudo desenvolvido por Bastos et al. (2005). De uma forma geral, consideramos importante salientar que, em relação às partes corporais, em todas as comparações que realizamos foi evidente a sobre estimação da largura dos ombros em todos os grupos. Pensamos que esta situação se verifique pelo facto de ser para a maioria das pessoas, o segmento corporal mais largo havendo, deste modo, uma tendência para sobre dimensioná-lo.

Conclusões

Este estudo permitiu concluir que os indivíduos praticantes tendem a ser mais precisos na percepção da sua Imagem Corporal, não tendo sido encontradas diferenças na percepção da imagem Corporal em função da modalidade praticada, embora com tendência para melhor percepção por parte dos praticantes de Futsal para Cegos. No que se refere às análises em função do sexo e do escalão etário, estas também não revelaram diferenças com significado estatístico.

 

Referencias

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Carvalho, M. M. S. (2002). A influência do cão-guia nas mudanças de comportamento social e no auto-conceito do cego. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Ciências e Desporto de Educação Física da Universidade do Porto. Porto. Correia, J. (2003). Percepção, Satisfação, com a Imagem Corporal e auto-estima: estudo comparativo em idosos de ambos os sexos, praticantes de actividade física. Dissertação de

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