Um retrospecto do treinamento dos sistemas defensivos no basquetebol do Brasil: a partir das experiências de professores do ensino superior e técnicos de elite.
Resumen um retrospecto do treinamento dos sistemas defensivos no basquetebol do Brasil
O objetivo geral da pesquisa foi explorar o conhecimento acumulado de técnicos brasileiros e professores do ensino superior em relação ao processo ensino-treinamento dos sistemas defensivos na etapa de especialização desportiva no basquetebol do Brasil. De forma especifica, buscou-se contextualizar os conteúdos e as estratégias metodológicas utilizadas por técnicos e professores do ensino superior para o processo ensino-treinamento dos sistemas defensivos nas diferentes categorias da especialização desportiva:- infantil, infanto, cadete, juvenil e sub-21. A amostra foi constituída por 11 técnicos de basquetebol com representação em nível nacional e internacional e 11 professores universitários que atuam com basquetebol em universidades brasileiras. Como critério de seleção, os técnicos deveriam ser considerados referência no País e, para a seleção dos professores universitários, o critério foi a titulação mínima de Mestre e Doutor na área de Ciência do Desporto e/ou Mestre e Doutor que atuassem no ensino do basquetebol em universidades brasileiras. O instrumento de medida utilizado foi a entrevista embasada num questionário semi-estruturado com perguntas abertas. Os dados foram analisados de forma qualitativa, através da análise de conteúdo e descrito de forma quantitativa em nível de freqüência e percentual. Os resultados mostraram que: em relação ao treinamento do basquetebol na etapa de especialização, considerando os sistemas defensivos houve convergências e divergências, na ótica de técnicos e professores do ensino superior quanto aos conteúdos de ensino bem como as estratégias metodológicas a serem utilizadas. Por exemplo, houve fortes indícios que na etapa de especialização, todas as defesas equiparam-se. Contudo, na etapa de especialização, há de se firmar as qualidades de conjunto com a utilização de estratégias mais complexas nos sistemas defensivos. Com base nos resultados do estudo, podem-se tecer algumas considerações: o ensino dos sistemas defensivos no basquetebol deve ser concebido num processo longo, no qual seus conteúdos e métodos variem no transcorrer do processo de treinamento tático defensivo dos atletas. Defende-se ainda que haja um modelo de especialização para o basquetebol brasileiro que ainda precisa de muitos estudos, principalmente longitudinais. No que tange à especialização, etapa de treinamento, firma-se a idéia de que é imprescindível a periodização embasada num planejamento dos conteúdos e métodos de treinamento em longo prazo, principalmente após 15 anos de idade, categoria infanto e cadete, com o pensamento em nível nacional e internacional. Mesmo assim, tornou-se possível sinalizar algumas possibilidades pedagógicas para as diferentes fases das etapas do processo de especialização defensiva para o basquetebol brasileiro, considerando uma periodização em longo prazo dos conteúdos e estratégias pedagógicas de treinamento.
(EN) The objective of this study was to explore the acquired knowledge of Brazilian coaches and college professors in relation to the teaching-training process of technique and tactics in the Brazilian basketball. The work tried to contextualize the contents of the methodological strategies used by coaches and college professors for the teachingtraining of fundamentals as well as defensive and offensive systems in all different Brazilian basketball categories. The sample group was constituted of 11 basketball coaches and 11 university basketball professors of Brazilian universities. The elected coaches had to be considered as national reference and for the elected university professors, the criterion was their master and doctor degrees in the sports scientific field, and/or basketball experts with teaching experience in Brazilian universities. The measuring instrument was an interview based in an open questionnaire. The data were analyzed qualitatively – through the analysis of the content; and quantitatively, by means of the frequency and percentage of similar answers. Results showed that, in regard to basketball teaching-training, in all stages of the process, considering the fundamentals of basketball and the offensive and defensive systems, there are convergences and divergences when it comes to teaching contents as well as methodological strategies, according to the interviewed participants’ point of view. For instance, there are strong indications of conflicts between the teaching methods of the basketball foundations for beginners, when analytical methods are criticized, while the game method seems to be more appropriate, mainly to keep the children highly motivated. In the specialization stage, on the other hand, there was evidence that individual exercises may produce a more efficient adaptation to the motor technique, having greater acceptance among the interviewees. Regarding the defensive systems, it can be confirmed that the man-to-man defense is recommended in the initial stage, whereas in the specialization stage, the zone defense starts to be a strong tactical possibility. However, the predominance of the man-to-man defense is still observed. Regarding the offensive systems, it can be observed that in the initial stage, complex games should be avoided, privileging exercises based on game situations and individual conditions. Nevertheless, in the specialization stage, exercises should focus teamwork and more complex strategies. Based in the results of the study it is important to consider that basketball teaching must be conceived in a long term process whose contents and methods may vary according to athletes’ fundamentals and tactics, with a model of initial stage for the Brazilian basketball that still needs further longitudinal studies. With reference to the specialization stage, it is mandatory that contents and training methods be planned in a long term basis, mainly after the age of 15, targeting national and international levels. Thus, it is possible to signal some pedagogical possibilities for the different phases from the two stages of the basketball learning process in Brazil, taking in consideration the contents and pedagogical strategies of the teaching-training process, in a long-term basis.
1. INTRODUÇÃO
Pesquisadores da pedagogia do esporte da Universidade Estadual de Campinas no Brasil, têm analisado as questões que envolvem o sistema de treinamento dos atletas dos desportos coletivos – especificamente nas questões técnicas e táticas, estudando e transportando teorias gerais para modalidades específicas, como o basquetebol, nos quais se destacam Paes (1989), Greco (1998), Oliveira e Paes (2002, 2003, 2004a, 2005) e Balbino (2001 e 2005). No exterior, Garganta (1995 e 1998), e Oliveira e Graça (1998) afirmaram que atualmente, existe um aumento considerável nas discussões sobre o processo de formação técnica e tática nos desportos coletivos inclusive nos sistemas defensivos. São vários os assuntos a serem debatidos como: quais conteúdos e quais estratégias de treinamento devem ser priorizados em diferentes momentos do treinamento dos sistemas defensivos principalmente sobre metodologias de treinamento em longo prazo? No Brasil e no exterior, os estudos são similares ainda que se mostrem suficientes para sustentar os anseios dos técnicos no seu trabalho na prática do basquetebol no dia a dia. Assim sendo, recorreu-se aos estudos publicados na teoria dos jogos desportivos coletivos, no treinamento desportivo, na pedagogia do desporto, na aprendizagem e desenvolvimento motor, no crescimento, maturação e desenvolvimento físico e ainda em estudos sobre o ensino-treinamento do basquetebol, com fins de contribuição para os estudantes em geral, mas principalmente para os técnicos. Esses estudos, por sua vez, podem ser compreendidos em uma etapa que abrange desde a iniciação até a especialização desportiva. No basquetebol, esse entendimento reflete as categorias de disputas nos campeonatos estaduais pré-mini, mini e mirim, e nacionais infanto, cadete e juvenil, competições estas que formam a base desse desporto no País. Diante dessas questões pergunta-se: Quais são os conteúdos e as estratégias pedagógicas que poderiam ser utilizadas no treinamento especializado para os sistemas defensivos em diferentes categorias do basquetebol no Brasil: infantil, infanto-juvenil, cadete, juvenil e sub-21? Assim sendo temos como objetivos nesse estudo explorar o conhecimento acumulado de técnicos brasileiros e professores do ensino superior em relação ao processo treinamento dos sistemas defensivos no basquetebol no Brasil. Objetivou-se também, contextualizar as estratégias metodológicas utilizadas por técnicos e professores do ensino superior para o treinamento dos sistemas defensivos nas diferentes categorias da especialização desportiva – basquetebol: infantil, infanto, cadete, juvenil e sub-21, e apresentar indicativos pedagógicos para o para as diferentes categorias considerando os conteúdos e os métodos de ensino-treinamento dos sistemas defensivos Etapa de especialização em basquetebol e suas fases de desenvolvimento Para estudar a aplicação dos conteúdos específicos dos aspectos fundamentais da preparação defensiva dos atletas de basquetebol na etapa de especialização, faz-se necessário buscar a compreensão de autores de distintas áreas do desenvolvimento desportivo, como Krebs (1992), Zakharov e Gomes (1992), Bompa (1995), Matveev (1997) e Paes (2001), e no caso específico do basquetebol, os estudos de Oliveira e Paes (2002, 2004, 2007), entre outros. Segundo Bompa (1995), a especialização dos sistemas táticos é inevitável quando se pensa em especialização atlética e a alta performance os gestos próprios e específicos do basquetebol. Para Zakharov e Gomes (1992), essa fase é a do aperfeiçoamento desportivo, e dá-se início à preparação geral e especial da técnica e da tática, voltadas para a especificidade do basquetebol. A idade de início de dedicação exclusiva deve acontecer aproximadamente entre 14 e 15 anos, destacando a idade aproximada para a opção pelo basquete. Pode-se desenvolver nos atletas a motivação e a dedicação que são fatores determinantes na fase de dedicação exclusiva nos treinamentos em basquetebol, com o pensamento nos sistemas defensivos quando estes são predominantes nas filosofias dos técnicos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização da pesquisa Esta pesquisa caracteriza-se como sendo descritiva e exploratória e, de acordo com Thomas e Nelson (2002), tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados que serão analisadas de forma quantitativa e principalmente de forma qualitativa. Neste estudo, os dados quantitativos objetivaram evidenciar melhor alguns padrões de respostas, contribuindo para o processo de análise qualitativa. Nessa perspectiva, analisar e quantificar os elementos caracterizados pela relação entre dois ambientes é o propósito. Sujeitos do estudo Os sujeitos do estudo foram onze professores com titulação de Mestres e Doutores que atuam com o ensino da disciplina que envolve a modalidade basquetebol em universidades brasileiras e 11 técnicos de basquetebol; sendo eles sete técnicos que já passaram ou estão nas seleções nacionais; e quatro técnicos pertencentes a equipes de relevância nacional na atualidade. Instrumento de medida O instrumento de medida utilizado foi a entrevista semi-estruturada. Foram utilizadas fichas com dados pessoais atuais e um questionário com perguntas semiestruturadas pré-elaborado. Para gravar os depoimentos, foi utilizado um minigravador e fitas cassete de 60 minutos, uma para cada técnico e professor entrevistado. As entrevistas foram gravadas em sua maioria na residência dos professores e técnicos e outras restantes nos locais de treinamento e de aulas. Posterior as explicações técnicas sobre o método, procedeu-se à coleta. A duração das entrevistas variou entre uma hora e meia a duas horas. Definição dos participantes e os aspectos éticos da pesquisa O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Campinas, comprovado pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido fornecido numero 19/09. As entrevistas, depois de gravadas, foram transcritas na íntegra para posterior análise. Triviños (1987) assevera que as informações são destaques, sendo permitido o aperfeiçoamento das idéias por eles expostas, com suas próprias palavras gravadas. As entrevistas foram realizadas de acordo com a disponibilidade dos sujeitos, em locais e datas sugeridas pelos mesmos, nos anos de 2006 -2007. Procedimentos para analisar os dados da pesquisa Análise qualitativa dos conteúdos: Análise de conteúdo Para analisar os dados, utilizou-se a análise de conteúdo. Segundo Bardin (1977), esta pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens. Análise quantitativa dos conteúdos: Freqüência e percentual Para a compreensão dos resultados quantitativos, foi utilizado a freqüência e percentual dos dados, no que se refere às informações de natureza qualitativa. Foi extraído das falas dos entrevistados determinada quantidade de idéias que são convergentes e divergentes entre eles que, nesse caso, são os técnicos e professores universitários, amparadas pela literatura vigente e pela experiência do pesquisador, Thomas e Nelson (2002).
3. DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Com o intuito de organizar a descrição, análise e a discussão dos resultados da pesquisa, os dados foram descritos e analisados de forma qualitativa e, posteriormente, indicados os resultados de forma quantitativa, seguidos da discussão visando a uma melhor compreensão. Na primeira parte, apresentam-se os resultados referentes ao treinamento dos sistemas defensivos para a etapa de especialização desportiva – basquetebol, segundo Oliveira e Paes (2004,2007). Os dados coletados foram apresentados em forma de sentenças na íntegra das falas dos pesquisados e em alguns casos tabulados em quadros e gráficos, promovendo uma melhor visualização e, a partir desses, analisou-se os dados coletivos. Conteúdos – sistemas defensivos (tática)
Gráfico 1 – Distribuição das respostas coletivas em relação ao treinamento dos conteúdos – sistemas defensivos.
Em relação aos conteúdos de treinamento dos sistemas defensivos do basquetebol, pode-se perceber nos resultados que 81,8% dos técnicos defendem que todas as defesas devam ser treinadas e 18,2% entendem que o treinamento das defesas vai depender da periodização do treinamento. Entre os professores, 63,6% defendem que devam ser treinados todos os tipos de defesa individual e 36,4%, que devem ser treinadas todos os tipos de defesa, seja ela individual ou por zona e que vai depender da fase de treinamento implicando rever os conceitos da periodização do treinamento. “… agora é assim… continuamos a defesa individual como base até a juvenil… só que já trabalhamos outros tipos de defesa… eu gosto muito da 2:1:2 e também da pressão zona 1:2:1:1, trabalhamos muito com box… em função das estatísticas… aí elas já estão com boas noções para marcar e a individual é que dá a base para tudo… são anos de prática na individual e aí fazemos a defesa zona de acordo com os adversários, mas pode ser qualquer uma… na semana, de 5 treinos, 2 dias eu dedico ao trabalho individual de defesa por função no jogo… pivô de um lado lateral e armador do outro… e outros 3 dias aos trabalhos mais específicos, que pode ser o contra-ataque, pode ser o ataque de 5×5, pode ser a defesa…” (T8) Nota-se, de acordo com os depoimentos, que nas fases de treinamento especializado devem ser ensinados, praticados e aperfeiçoados, nos mínimos detalhes, todos os sistemas e estratégias táticas. Não é diferente para o basquetebol nas fases de aperfeiçoamento inicial, na qual os atletas necessitam vivenciar todas as defesas durante o processo de treinamento, porém abrem-se exceções, quando as competições se aproximam. Há também, em função talvez do fator mercadológico, a necessidade do resultado desportivo de curto prazo nessas categorias que compõem a etapa de especialização como infanto e cadete, juvenil e sub-21, fase esta que é anterior à fase final do processo de especialização denominada nesse estudo como fase de aperfeiçoamento inicial e aperfeiçoamento profundo. Alguns entrevistados referem que os jogadores já têm suas funções definidas no jogo e não há necessidade de treinar todas as defesas, o técnico opta por um sistema ou outro em função das características de suas equipes e também em função do calendário dos campeonatos. Comprovam-se essas idéias nos depoimentos, porém mostram-se as diferenças de pensamentos estratégicos: “… nessa fase deve ser trabalhado todos sistemas, o mais importante é saber o potencial de sua equipe, ou seja, se sua equipe é rápida, você pode defender individual, se é muito grande por zona… porque não importa o técnico trabalhar todos os tipos de defesa, o importante é saber o que ele tem na mão para escolher o tipo de defesa…, mas a defesa mais completa é a individual… utilizo muito trabalho de defesa em ½ quadra, nos exercícios de 1×1, 2×2, até chegar em 5×5… no trabalho individual, trabalho a postura de defesa, resistência muscular, localizada de membros inferiores, deslocamentos e entendo que o técnico tem que ser uma pessoa presente para motivar os atletas, para que eles entendam a importância da defesa…” (T6) Metodologia de treinamento dos sistemas defensivos (tática)
Gráfico 2 – Distribuição das respostas coletivas em relação à metodologia de treinamento dos conteúdos – sistemas defensivos.
No que diz respeito aos métodos de treinamento dos sistemas defensivos na etapa de especialização, 36,4% dos técnicos defendem a predominância dos exercícios individuais, 27% defendem a predominância das situações de jogo e 36,4% dos técnicos entendem que o principal método é o jogo de 5×5. Entre os professores, 54,5% defendem que o principal método são os exercícios individuais, 18,2% que são as situações de jogo e 27,3% que é o próprio jogo de 5×5. Pode-se postular que há convergências e divergências em função dos números obtidos entre o que técnicos e professores pensam acerca das metodologias para o treinamento dos sistemas defensivos para o basquetebol na especialização dos atletas. No campo prático, a busca pelos resultados precoces tem afastado muitos atletas no período da especialização, conforme apregoam Oliveira e Paes (2001, 2002 e 2003). Essa preocupação já vem de muito longe com os estudos de Paes (1986 e 1989). Devem-se oferecer para os jovens os conteúdos dos sistemas defensivos de forma planejada e organizada em longo prazo. Desde a categoria infanto até a juvenil deve haver uma subdivisão rigorosa e metodológica dos métodos gerais e especiais até a sub- 21 para aplicação dos conteúdos de treinamento. São mais de cinco anos de trabalho e eles precisam ter todos os conteúdos, independentemente dos campeonatos que estão disputando, para que possam na fase adulta enfrentar o cenário internacional e nacional com conhecimento adquirido e aprendido, e não decorado. No entanto, todos os métodos de treinamento devem ser utilizados, com prioridades nas diferentes fases (IBÁNÊS, 2000). Essas divergências e convergências aparecem em alguns casos nas respostas dos entrevistados: “… é a mesma coisa… sempre da preparação individual dos fundamentos individuais de defesa até a formação de 5×5.” (T4) “… realizar treinamento com outras equipes e de preferência mais fortes… simulação em relação às situações reais de jogo… o grau de exigência deve ser maior, mas de acordo com as possibilidades dos jovens…” (P3) Percebe-se que não há uma uniformização para o processo em longo prazo e sim que é sempre para vencer as competições de forma imediata. Percebe-se ainda que nos métodos de treinamento propostos por Oliveira e Paes (2004), que são exercícios analíticos, sincronizados, em situações de jogo, e o jogo, além do método competitivo fundamentado em Zakharov e Gomes (1992), é utilizado por professores e técnicos, mas não foi percebido nas respostas uma preocupação com a formação técnica e tática em longo prazo, nesse caso com os métodos que estão relacionados aos sistemas defensivos.
4. Considerações finais
O objetivo inicial desses artigo foi, de forma geral, explorar o conhecimento acumulado de técnicos da elite do basquetebol brasileiro e professores do ensino superior em relação ao processo treinamento sistemas defensivos na etapa de especialização e de forma específica, contextualizar os a as estratégias metodológicas utilizadas por eles, no treinamento dos sistemas defensivos (tática), nas diferentes categorias do basquetebol no Brasil, como infantil, infanto, cadete, juvenil e sub-21, foi possível apresentar alguns resultados e tecer algumas considerações e posteriormente apresentar indicativos pedagógicos para o treinamento tático defensivo para as diferentes categorias, considerando os conteúdos e os métodos propostos pelos técnicos e professores, com respaldo da literatura especializada. Em síntese, defende-se para a etapa de especialização, o treinamento dos conteúdos do basquetebol através do equilíbrio dos métodos que percorre duas fases: a de aperfeiçoamento e a de aprofundamento desportivo no basquetebol, com base na inteligência tática – leitura do jogo. Para isso, desde a etapa de iniciação, pode-se estimular os praticantes a resolução dos problemas “porque fazer e não somente a tarefa motora do como fazer”. Sendo assim, não significa que se descarta os métodos que buscam a “repetição” dos exercícios analíticos, mas recomenda-se a compreensão da estruturação dos métodos para a etapa de especialização, no qual treinamento dos sistemas defensivos do basquetebol baseia-se na racionalidade da divisão dos conteúdos e métodos respeitando-se os princípios científicos da preparação desportiva e da periodização do treinamento. Entende-se que, nessa etapa, a proporção dos exercícios, que visam à repetição dos gestos técnicos do basquetebol, podem tomar a maior parte do treinamento, porém recomenda-se utilizá-los, prioritariamente, nas situações de jogo, em função da leitura que estas promovem, ou seja, dificuldades encontradas em função da atitude dos adversários e que, posteriormente, poderão ser utilizadas nas situações de 5×5 das competições. Segue alguns indicativos Para as categorias infanto e cadete;- recomenda-se todos os tipos de defesa individual em meia quadra e quadra inteira, todos os tipos de defesa por zona em meia quadra e quadra inteira, e todos os tipos de defesa pressão e combinadas e em situações especiais em forma de conhecimento e aperfeiçoamento. Os principais métodos são as situações de jogo, seguidos de exercícios analíticos e sincronizados e por fim o jogo de 5×5. As competições devem ser utilizadas em nível municipal até o internacional como resultado desportivo em fase de aperfeiçoamento desportivo. Para as categorias juvenis e sub-21;- recomenda-se todos os tipos de defesa individual em meia quadra e quadra inteira, todos os tipos de defesa por zona em meia quadra e quadra inteira, e todos os tipos de defesa pressão e combinadas em forma de aperfeiçoamento e aprofundamento. Os principais métodos são os exercícios analíticos e sincronizados, seguidos das situações de jogo e por fim o jogo de 5×5. As competições devem ser utilizadas em nível municipal até o internacional como resultado desportivo em fase de aprofundamento desportivo.
Bibliografía
- BALBINO, H. F. Jogos desportivos coletivos e os estímulos das inteligências múltiplas: Bases para uma proposta em Pedagogia do Esporte. Dissertação de Mestrado, Campinas, 2001.
- H. F. Pedagogia do treinamento: Método, procedimentos pedagógicos e as múltiplas competências do técnico nos jogos desportivos coletivos. Tese de Doutorado, Campinas, 2005.
- BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
- BARRETO H. Ensino do basquetebol no ambiente de jogo; Tendências atuais da investigação em basquetebol Faculdade de ciências do desporto Universidade do Porto, 2001.
- BOMPA, Tudor O. Treinamento total para jovens campeões. 1.ª ed. São Paulo: Manole, 2002.
- CARDENÁS, D. O processo de ensino da tática coletiva numa perspectiva construtivista. Madri: Madri INEF, 2003.
- CARVALHO, W. Basquetebol: Sistemas de ataque e defesa. Sprint: Rio de Janeiro, 2001.
- DAIUTO, M. Basquetebol: Metodologia do Ensino. São Paulo: Ed. Esporte e Educação, 1974.
- FERREIRA, A.; DE ROSE, D. Basquetebol: técnicas e táticas: uma abordagem didático-pedagógica. São Paulo: EPU Editora da Universidade de São Paulo, 1987.
- GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.;
- OLIVEIRA, J. (Eds). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 1 . ed. Porto: Universidade do Porto, 1995.
- GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.;
- OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3. ed. Lisboa: Universidade do Porto, 1998.
- MATVEEV, L. P. Fundamentos del entrenemiento deportivo. Madrid: Mir 1980
- OLIVEIRA, Valdomiro de. O processo ensino-treinamento da técnica e da tática no basquetebol do Brasil: um estudo sob a ótica de professores do ensino superior e técnicos de elite. 2007. 357 f. Dissertação (Doutorado em Educação Física)-Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.
- V. O processo de ensino dos jogos desportivos coletivos: um estudo acerca do basquetebol. Dissertação (Mestrado) Mestrado em Educação Física, Unicamp, 2002.
- V. Paes. R. R O processo do desenvolvimento do talento: um estudo no basquetebol, Arquivo Ciências da Saúde Unipar 7 ( 1) Jan/abril, Umuarama-Paraná, 2003a.
- V. Paes. R. R http// www.pedagogiadobasquete.com.br desenvolvido em Maringá-Paraná pela K2 comunicação, 2003b.
- V. Paes. R. R Iniciação em basquetebol dos atletas brasileiros que disputaram o mundial nos Estados Unidos em 2002 La formacion y el rendimiento em baloncesto; II congresso Ibérico de baloncesto, Ed Godoy-copegraf, ISBN 846884222-2 Cáceres–Espanha, 2003c, Anais.
- V. Paes. R. R Treinamento dos atletas brasileiros: reflexos no mundial dos Estados Unidos em 2002 La formacion y el rendimiento em baloncesto; II congresso Ibérico de baloncesto, Ed Godoy-copegraf, ISBN 846884222-2 Cáceres- Espanha, 2003d, Anais.
- V. Paes. R. R Ciência do Basquetebol: pedagogia da iniciação a especialização Editora Midiograf, Londrina-Paraná, 2004a. Editorial y Centro de Formación Alto Rendimiento CD Colección Congresos Nº 9. ISBN- 978-84-613-1659-5 www.altorendimiento.com
- V. Paes. R. R Preparação física no Basquetebol: pedagogia da iniciação a especialização Editora Midiograf, Londrina-Paraná, 2004b.
- V. Paes. R. R Pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre os jogos desportivos coletivos, revista digital www.efdeportes.com ano 10 n 71 abril, Argentina, 2004c.
- V. Paes. R. R Treinamento dos atletas do Brasil; reflexos no mundial dos Estados Unidos de 2002 revista digital www.efdeportes.com ano 10 n 77 abril, Argentina, 2004d.
- V. Paes. R. R. A pedagogia do esporte repensando o treinamento técnico e tático nos jogos desportivos coletivos. Pedagogia do esporte: contextos e perspectivas Editora Guanabara koogan, Rio de Janeiro, 2005.
- PRIMO, J. C. Baloncesto la defensa. Barcelona: Ediciones Martínez Rola, 1986.
- PLATONOV, V.N Teoria geral do treinamento desportivo olímpico/ Porto Alegre: Artmed, 2004.
- SMITH, D. Baloncesto, ataques y defensas múltiplas. Madrid: Editora Pia Tereña, 2001.
- SMITH, D. Multiple offense and defense. New Jersey, NJ. Prentice Hall. 2001.
- THOMAS, J. NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física: Trad. Ricardo Petersen. 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2002.
- TRIVINOS, A. N. D. Introdução à pesquisa em ciências sociais. 1987.
- ZAKHAROV, A. A ciência do treinamento desportivo/ Adaptação técnica Antonio Carlos Gomes, 1.ª edição, C.J. Grupo palestra sport, 1992.